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Já ouviram falar que as leitoras são as mais perigosas para se envolver? Muitos falam que é pela forma filosófica que transparecem, outros afirmam que são jovens cultas e por isso não se socializam tão facilmente, tornando difícil saber o que se passa em suas mentes para a comunicação fluir.

Alguns até arriscam dizer que procuram nos livros o que não encontram na vida real. Uma forma de escape para uma rotina entediante? Talvez sim, talvez não.

Nem mesmo eu sei o que acontece para que cheguem a essas conclusões, carrego comigo que tudo é uma questão de ponto de vista. O meu ponto de vista, como mais uma das mocinhas indefesas de mais um dos diversos livros em minha estante, me mostra que não tem como eu ser essa mocinha aos olhos de alguém.

Devem estar se perguntando como uma jovem de apenas 15 anos pode estar afirmando tais palavras. Afirmo pois sou Sn.

Nesse momento estou refletindo sobre o motivo de minha mãe ter se casado com um japonês. E percebendo que, dos livros que leio, minha mãe é a protagonista que sempre está atrás de seu verdadeiro amor.

Não posso reclamar do seu novo marido. Ele é legal, tem uma biblioteca enorme na casa dele e ele comprou minha amizade com a chave da biblioteca. Vamos combinar, o cara tem lábia.

Foram as palavras mais satisfatórias que já ouvi em toda a minha vida.

Saito: "Sn, pode ler qualquer livro da biblioteca. Ela está um pouco empoeirada, já que minha falecida esposa era a única que entrava nela, e como sempre que te vejo me lembro do amor pelos livros que ela tinha, deixo em suas mãos um dos meus maiores tesouros. Cuide bem de cada livro desta biblioteca."

Sn: "Você jogou baixo, Saito... você jogou baixo. Comprando minha lealdade com livros? Vou admitir que funcionou."

Minha mãe não casou com ele logo de cara. Na verdade, demorou bastante.

Eles se conheceram através de mim. Eu queria um livro, minha mãe mandou eu ir comprar. Queria saber quem foi o desalmado que deixou o livro naquela altura, acabei escorregando e caindo. Caí no colo dele, olha a ironia. Já sei o que muitos pensariam: se apaixonou por ele. Mas ele me jogou do colo dele, me derrubando de cara.

Eu queria era esfolar ele. O livro estava bem. Achei engraçado quando ele me arrastou até minha mãe e quando foi a repreender por largar uma criança sozinha, ele começou falando, mas as palavras morreram ao olhar minha mãe. Para quem jurou não se apaixonar novamente, ele babou na minha coroa.

Dois meses tentando a convencer a sair com ele e quando eu achei que ele ia desistir, ele fez a proposta que não pude recusar.

Saito: "Pago o livro que você quiser se convencer ela a sair comigo."

Sn: "Fechado. Quero este aqui."

Saito: "Você é meio psicopata... Um Estudo em Vermelho... isso não é um livro meio conturbado?"

Sn: "Então quero dois livros. Este aqui também. Assassinato no Expresso do Oriente."

Saito: "Vamos logo antes que você me leve à falência."

Foi um jantar incrível. Minha mãe falou disso por meses. Eles estão juntos há um ano, se casaram no Brasil onde só estavam os parentes da noiva, minha mãe.

Nós mudamos para Tóquio dois meses após o casamento. Eles não fizeram uma lua de mel, afinal querem se casar novamente aqui com um casamento tradicional para terem amigos e família de Saito.

Depois a lua de mel. Onde terei uma casa inteira para mim.

Lia aquele livro e espantava os outros com entusiasmo. Acabei de limpar a biblioteca e abri as grandes janelas para que arejasse um pouco o ambiente que permaneceu fechado por muitos anos.

Saito: Parece que você gostou daqui.

Sn: Obrigada.

Saito: Não precisa me agradecer, na verdade eu quem tenho que agradecer, Sn. Se você não fosse tão estabanada, não saberia o que é amar novamente. - Ele sorriu, bagunçando meus cabelos. - Ganhei uma esposa e uma filha.

Sn: Aproveitando sua chegada, me ajuda a mover uma coisa de lugar?

Saito: Estava demorando para começar a me explorar...

Ele me ajudou a trazer uma das poltronas para perto da janela. Organizamos mais um canto para ler.

Sn: Pronto, aqui eu tenho a luz do sol para ler. Ali eu posso ler à noite pelo abajur e, se der, eu consigo colocar minha cama aqui. - Ganhei um tapa na nuca.

Saito: Garota! Eu montei um quarto lindo para você dormir junto com os livros?

Sn: Credo... era brincadeira...

Alice: Já acabou a harmonia?

Sn: Ele é doido, mãe, falei para a senhora esperar mais um pouco... assim eu podia retirar mais livros dele...

Saito: Sua pesteinha!

Corremos para fora da biblioteca e minha mãe ria. Não sei quem é meu pai, se ele está vivo, se ele já morreu, se era um bom homem ou não. Com certeza não era um bom homem, já que deixou minha mãe quando soube que ela estava me gerando.

E por alguma razão que os livros não me ensinarão, eu quero que minha mãe fique com ele. Amo a forma doce que ela sorri ao nos ver juntos, ele proporciona isso nela. E se ele a faz feliz, automaticamente também me faz feliz.

Faltam 16 dias para o aniversário da minha amiga GabrielaSilvadeAraj6 e eu fiz essa história já que ela ama o Izana. Parabéns adiando ia postar um dia antes 🥲 más minha ansiedade estava me deixando doida❤️
Beijos. Até o próximo capítulo ✨

Neve e Sangue Onde histórias criam vida. Descubra agora