Neve e Sangue

17

Cá estou eu presa no drama de meu livro… a ansiedade me consumia… quem é o assassino?

Estava tão submersa na leitura que não estava dando a mínima para a reunião que ocorria à minha frente.

Quando o assassino estava a um passo de pegar a protagonista, alguém colocou a mão no meu ombro.

Sn: Ah! Por favor, não me mate, Johnny! - falei fechando os olhos, achando que já era o assassino do meu livro.

Todos… literalmente todos olharam para mim pelo berro que dei… aí que vontade de morrer de verdade agora… cavar um buraco e voltar para o Brasil…

Ran: Calma, criatura… ia perguntar se estava tudo bem.

Sn: Eu quero enfiar esse livro em lugares desconhecidos por muitos em você, Ran… puta merda, que vergonha…

Rindou: Quem é Johnny?

Sn: O assassino do livro que estou lendo…

Shion: Todos prestando atenção na reunião!

Ninguém comentou nada, só olharam de volta para Izana, que me olhava curioso. A garota correu até ele e eu o vi a empurrando. Isso não é da minha conta, afinal.

Me aproximo mais de Ran e, por conversar com eles há um tempo, escondo meu rosto no peito dele com vergonha.

Ran: Calma, Sn… desculpa te assustar, viu? Não achei que estava tão submersa em sua leitura assim. - Fez carinho em meus cabelos.

Sn: Eu quero pular da ponte agora…

Rindou: Tem uma aqui pertinho. - Fala tão natural que me fez olhar em choque para ele.

Sn: Credo… eu fui sarcástica, pra que tudo isso? Achei que éramos amigos.

Rindou: Foi você quem falou que queria a ponte.

Izana: Ran! Rindou! Fiquem aqui na frente.

Os dois assentiram um pouco receosos, mas foram.

Voltei a ler, desta vez prestando mais atenção ao redor… eu só passo vergonha, puta merda…

Quando olhei para frente, vi a garota sentando no colo de Izana, que desta vez não a tirou nem sequer me olhou.

Sn: Por isso ele falou que era mais velho e me trata como uma garotinha… - Aproveitei que ninguém estava me olhando e saí furtivamente de onde estávamos. - Ar quase puro de Tóquio…

Olhando ao redor, não era uma área tão isolada assim, então comecei a dar uma volta e, quando fiz a curva, encontrei Wakasa e Benkei.

Waka: Está perdida? O que faz aqui?

Sn: Então… o Izana me trouxe a uma reunião para não ficar só em casa, daí eu meio que terminei de ler meu livro e, de acordo com o meu GPS, tem uma lanchonete a duas quadras… e eu estou com fome. - Minha barriga roncou e os dois sorriram.

Benkei: Se você não fala, nunca íamos adivinhar que estava com fome… - Fala rindo de mim.

Waka: Vem, vamos te acompanhar, é perigoso uma garota andar só, sabia?

Sn: Qual foi, velhote… eu sou faixa preta em karatê, sabia? Não sou só uma humilde leitora.

Benkei/Wakasa: Humilde e você na mesma frase não combinam… acho que tem mais dinheiro em livros na sua estante do que em nossas contas bancárias juntas. - Falam em uníssono, rindo da minha expressão.