Neve e Sangue

26

Sn: Eu não me lembro.- Dei de ombros. -Era o Saito quem estava cozinhando, eu era apenas uma ajudante.- Puxei sutilmente minha mão, me soltando de ambos.

Dei alguns passos à frente, olhando para eles.

Sn: Bom, eu já vou indo.- Falei de maneira meiga. - Izana, leve o Mikey em segurança para casa. Beijo, meninos, até outro dia. - Disse, mas era claro que, entre nós, Mikey era o que mais corria perigo perto de Izana, que o matava com o olhar.

Me virei, e quando estava indo embora, cada um deles começou a andar ao meu lado.

Izana/Mikey: É muito perigoso andar sozinha pelas ruas de Tóquio. Eu te acompanho até sua casa.- Eles falaram juntos, e parecia que faíscas iriam sair dos olhos raivosos de ambos.

Sn: Está tudo bem, eu consigo...- Mas percebi que não podia argumentar quando notei que eles nem estavam me escutando.

A tensão no ar podia ser cortada com uma tesoura, já que ambos se matavam com o olhar.

Sn (pensando): Eu devo ter sido uma pessoa horrível na minha vida passada, negando comida para mendigos, e agora os deuses estão me castigando... só pode ser isso.- Suspirei fundo.

Chegamos à minha casa e Saito já estava saindo.

Saito: Finalmente! Foi plantar o matinho verde aí? Que demora. Ah, oi rapazes, como estão?

Sn: Então, eles resolveram me acompanhar.- Falei com uma expressão de tédio. - Obrigada, meninos, até amanhã.

Saito: Nada disso, entrem rapazes. Eu iria convidar o irmão de vocês para vir jantar em casa.- Sabe, Saito, eu estou reconsiderando se te amo como filha... acho que se você cair da escada, nada de mais vai acontecer.- Tudo bem, querida? Seu olho está tremendo.

Sn: Está tudo bem sim, pai, vou levar isso para a cozinha.

Saito congelou e eu entrei.

Narradora on

Saito: Ela falou 'pai'?- Falou, sem acreditar.

Izana: Eita, ela quebrou o homem.

Mikey: Você é cardíaco?

Saito: Ela me chamou de pai!-  Começou a comemorar, mas logo se recompôs ao lembrar dos rapazes e pigarreou. - Bom... entrem, o irmão de vocês chega já.

Ambos entraram, ainda se matando pelo olhar.

Não muito longe dali, Yumi planejava como se livraria de Sn caso o plano não funcionasse. Afinal, ela disse a Mikey que Izana e Sn não ficariam juntos, e na visão dela, não havia problema algum se isso não acontecesse, pois espalhariam as coisas de Sn em algum lugar.

Já na casa dos Sanos, Emma estava conversando com Mitsuya pelo celular, certificando-se de que aquele seria o plano.

Na casa de Saito, Sn, que subiu para tomar um banho, secava os cabelos, pensando no que faria da vida.

Até que batidas suaves a tiraram de seus pensamentos.

Sn: Pode entrar.-  Falei calma, secando os cabelos enquanto olhava para o lado de fora da janela.

Alice: Filha? Está tudo bem?

Sn: Oi mãe, estou bem sim. Por quê?- Perguntei calmamente, ao olhar para a mais velha.

Alice: É que quando voltamos, você não queria nem ao menos comer direito, e há alguns dias você voltou a sorrir.- Falou com um sorriso fino, que cobria sua preocupação. - Pode conversar comigo, meu amor. Conte suas preocupações e angústias, sou sua mãe, estou aqui para te escutar.

Falou ao se aproximar da mais nova, ajudando-a a secar os cabelos.

Sn: Mãe...-Reunindo as palavras corretas, suspirei ao continuar.- Acho que estou apaixonada, e estou com medo de me machucar.

Alice: Meu amor, é normal sentir medo... -Falou calmamente, acariciando os cabelos de Sn. - Se seu sentimento não diminuiu desde quando conheceu a pessoa que faz seu coração bater mais rápido, você deve contar para ele ou para ela. Só não guarde os sentimentos para si mesma. Da mesma forma que um amor que está se desabrochando é magnífico, sentimentos guardados por medo de serem rejeitados podem ser a mais afiada adaga cravada em seu coração. E sempre terá a mim e ao Saito ao seu lado."

Deixou um beijo no topo da cabeça de Sn, fazendo-a respirar fundo.

Sn: Obrigada, mãe, eu te amo.- Falou como se quilos tivessem deixado minhas costas.

Sn sentia como se mais de sua bagagem pesada estivesse se desprendendo, para que seu caminho fosse mais fluido para caminhar.

Alice: Agora, se troca, pois eles já chegaram.

Sn: Ok.

Assim que sua mãe deixou o quarto, a garota colocou uma roupa confortável, um conjunto de moletom. Não via nada de mais em sua escolha, afinal, estavam entre família, certo?

Quando desceu, percebeu que era a única trajando roupas confortáveis, rindo baixinho.

Emma: Ah não! Pode subir! Quero um vestido de gala em você, mulher! Eu aqui toda produzida e você aí confortável?

Senju: Isso aí, Sn! Mostra o poder de um moletom!

Yuzuha: É uma brincadeira! Será que até em um saco de batatas você fica bonita? Parece que os deuses têm seus preferidos.

Hina: É muito linda mesmo.

Yumi: Oi, Sn! - Assim que Sn olhou para a garota que corria em sua direção, terminou de descer as escadas, deslizando no corrimão e indo abraçar suas amigas.

Sn: Meninas!- Abraçou as garotas que retribuíram.- Quem trouxe essa vadia?

Senju: Ela apareceu aqui. Quer que eu a jogue lá fora? Se quiser, o Sanzu anda com uma maquininha de barbear.

Sn: Meu Deus.

Izana olhava para a garota que sorria animadamente para as amigas, enquanto Yumi tentava se aproximar dela, mas foi impedida por Mitsuya.

Mit: Sn!

Sn: Oi, Mitsuya, tudo bem? -  Correndo os olhos pelo local, viu apenas os amigos de Saito.

Mit: Estou ótimo.- Falou gentil, pegando a mão dela e a beijando.

Sn: Que cavalheiro! Olha meninas, esse aqui é para casar.-  Falou brincando antes de ser arrastada por Wakasa.

Waka: Manda ela se trocar, Saito! Você falou para virmos decentes! Eu coloquei essa droga de terno, Saito!

Saito quase passava mal de tanto rir de Wakasa.

Saito: Eu falei o quê? Só pedi para que não viessem com o uniforme das gangues, seus acéfalos! A culpa não é minha se quem passou o recado não escutou direito.

Shin: Vai jogar na cara?- Falou com uma expressão de irritação.

Sn: Que audácia é essa, senhor, me arrastando, 1/4 de zebra?- Falou provocando o mais velho, já correndo para trás de Saito rindo.

Waka: Agora não dá mais! 1/4 de zebra, Sn!

Ninguém além dos quatro próximos havia escutado, mas com o grito de indignação de Wakasa, todos começaram a gargalhar.

Sn: A culpa é sua.- Mostrou a língua, rindo.- Tenho mesmo que me trocar? Eu conheço todos eles e está tão confortável assim.

Saito: Você está em casa, Sn, sinta-se à vontade.

Sn: Obrigada, pai, te amo.

Falou antes de voltar para perto das garotas que estavam sentadas junto aos amigos.

Saito: Ela me chamou de pai...

Shin: E foi assim que Sn conseguiu abater um bom soldado... Primeiro, a mãe dela deu o golpe inicial, o fazendo se apaixonar, agora ela terminou de acabar com o homem o chamando de pai.

Saito mostrou o dedo.

Beijos. Até o próximo capítulo ✨