08- Lembranças e um tom de precipitação.

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Deitado sobre a cama, pés tocando o piso e olhos vidrados no teto, Theodor tinha sobre o peito um porta retrato.

Um ano, era o tempo que fazia desde que tiraram aquela última fotografia. Era uma em família, e naquele verão em que viajavam pelas cidades de Alura, completos e felizes, ele não desejou nada mais para a vida. Apenas que estivessem juntos, e felizes assim.

Mas já não estariam todos juntos, e seu coração jovem quase sufocava. Tinha apenas vinte e um anos, era cedo demais, e não acreditava que tivesse vivido o bastante com ela.

Então em silêncio, chorava.

- Entre. - Permitiu quando passos se aproximaram de sua porta,  fracos, os punhos tocaram a madeira que a revestia. A porta foi aberta, revelando sua donzela. - Achei que tivesse ido para casa. - Comentou se sentando. Kimberly foi até ele e o abraçou. Ainda sentando, o moreno se deixou ser confortado.

- Estava indo, mas acabei desistindo. - Respondeu segurando uma de suas mãos. Ele havia lhe pedido que fosse embora, porque queria ficar sozinho, ela cedeu. Mas enquanto se afastava, pensou que não era ele falando, mas sim a dor que sentia, então pediu aos pais que lhe deixassem em algum lugar, e chamou um táxi. - Quer fazer alguma coisa, sair para caminhar, rir das comédias românticas, me ganhar no basket? - Questionou acariciando seu rosto.

- Não, eu não quero fazer nada. - Theo respondeu e então virou os olhos para o lado, para melhor lhe observar. Seus olhos era verdes, e intensos, o cabelo era naturalmente ruivo, mas ela pintava para que ficasse mais destacado. Era lindamente, simpática, e estudava arte.

- Tudo bem, nós podemos fazer nada então. - Resolveu sorrindo meiga.

- Kim, sei o quanto gosta de pintar. Eu sei que essa é sua paixão, eu realmente sei. E não quero continuar atrapalhando seu sonho. -Inesperadamente, porque nem ele entendia de onde vinha aquele ideia, Theo começou por dizer confundindo a cabeça da outra. - Por isso, acho melhor terminarmos. - Proferiu. Claro que doía, mas parecia tão certo tomar aquela decisão, que decidiu que suportaria.

- Como, o que está dizendo? - Kimberly  piscou atónita. Continuou o olhando, e como não foi expressada nem uma outra palavra, a revelação chegou ao seu cérebro. - Theo, como assim me atrapalhar. Você não me atrapalha. - Esclareceu assustada.

Aquela situação, o que ele estava dizendo, era tudo um grande absurdo.

- É claro que atrapalho, e vou atrapalhar mais quando precisar viajar para o seu curso... Agora você não vê, mas vou complicar tanto a sua vida lá para frente, que vai passar a me odiar. - Rebateu o outro. Em sua cabeça parecia tão simples, apenas se desapegar de vez, para não sofre depois.

- Mas que raio Theo, agora você sabe melhor dos meus sentimentos que eu? - Atirou chateada. Não gritava, mas sua voz estava alterada. - Isso não é justo, não é certo. Você acabou de perder a sua mãe e não está pensando bem, não tente me fazer sentir ruím agora. - Advertiu apontando o dedo.

- E exatamente por isso que estou falando. - Rebateu em tom calmo. Novamente, sua namorada ficou sem entender. -  Eu acabei de perder a minha mãe, e descobri o que quanto machuca a saudade. Tem vezes que só choro, sinto raiva dela por não estar aqui, sinto raiva de mim por estar com raiva dela... Sinto como se não pudesse respirar,  não quero ter que sentir sua falta também. Fazer você sentir a minha falta, desejar voltar, mas não poder porque está perseguindo seu sonho. Eu não quero atrapalhar você, Kimy. - Relatou.

Lágrimas caíram do rosto da ruiva.

- Mas eu vou sentir a sua falta de qualquer jeito, e você vai sentir a minha. Eu vou ficar triste se não poder voltar para você depois, e você também. - Comentou tristemente. Ainda segurava sua mão, e chorava. - Porquê está fazendo isso, porquê estamos tendo essa conversa agora? Não faz nem três horas que entramos a sua mãe, por favor não faça isso. - Pediu em desespero.

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