29- Covarde.

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Ainda do lado de fora da delegacia, Elizabeth estava praticamente fervendo pelo tanto de raiva que sentia. Raiva pelas coisas que ouviu de Allarick, por ele ter ousado proferir tais palavras, e ainda mais porquê acreditava que ele considerava certo... Estava tentando se acalmar antes de sair dirigindo pela cidade, porque do jeito que estava,  era capaz de causar algum acidente.

- Ele disse que minha mãe estava sendo chantageada e que tinha motivo para isso. Eu me perguntou o quanto ele a conhecia para afirmar isso...Ele  ainda disse que eu não a conhecia bem. Isso me deixa tão chateada. Eu pensei que poderíamos ser bons amigos, afinal ele é uma pessoa amigável, mas ele me deixou tão irritada que só quero explodir a cabeça dele. -  Acelerada, Elizabeth desabafou para Cléo.

-  Querida fique calma, ele não disse que sua mãe fez alguma coisa errada. Ele disse que seu tio lhe contou que ela estava sendo chantageada. Não é a mesma coisa.  - Falou a morena do outro lado da linha. Recebeu a chamada, ouviu a amiga despejar tudo, então só lhe restou tentar iluminar a cabeça que parecia nublada.

- Cléo não tem isso de chantagem, você meio que a  conhece, sabe que não é possível. Eu falei o mesmo para o Allarick, mas ele parece ter perdido a cabeça nessa coisa de chantagem. - Rebateu fazendo mais e mais gestos acelerados. Cléo suspirou.

-   Eu entendo que esteja com raiva meu docinho, e tudo bem estar, afinal é sobre a sua mãe. Mas você não pode se irritar com o detetive pelas coisas que ele disse ou  por tentar ser objectivo. Esse é o trabalho dele, e quanto mais objectivo for, melhor o resultado final. -  Aconselhou Cléo  antes de passar o hidratante labial. Estava para sair, e se não fosse pela ligação da amiga, já teria saído a uns dez minutos.

- Você está certa. -  Tentando ser lógica, Elizabeth concordou com  a amiga, e em seguida  suspirou pesado limpando o suor que não havia em sua testa.

-  E outra, quem falou sobre a tal chantagem foi o seu tio. Pergunte o que ele sabe. -  Sugeriu um pouco depois. Elizabeth voltou a suspirar. Estava tão ocupada se irritando com Allarick que se esqueceu que foi seu tio que repassou aquela mensagem.

- Cléo, agora eu estou tão chateada... - Fazendo um bico mimoso, Elizabeth comentou sentido até vontade de chorar.

-  Relaxe querida, as coisas vão se esclarecer e vai ficar tudo bem. -  Tentando lhe consolar, Cléo garantiu.

- Ah, eu sou tão ruím. Liguei para você reclamando tanto que nem perguntei como foi o seu jantar ontem. - Comentou Elizabeth.  Cléo riu do tanto de exagero. - Provavelmente, eu vou ser a última sabendo dos detalhes. - Reclamou. Cléo voltou a rir.

- Não se preocupe meu bem, ninguém ainda ligou perguntando sobre jantar. Nem a Clara. - Reflectiu a Amaral. - Falando nela, vocês já se falaram desde ontem? - Questinou se lembrando que depois que se separaram a porta de sua casa, não voltaram a se falar.

- Não. Ela deve ter ficado com vergonha, então não voltamos a falar. - Elizabeth respondeu.

- Vergonha porquê? - Cléo devolveu curiosa.

-  Ah esqueça, eu vou acabar me irritando mais se lembrar. - Pediu a jovem. -  Eu ainda quero ouvir como foi o seu jantar com detalhes, mas eu vou cair na estrada agora. - Alertou. - Nos falamos depois. - Se despediu ligando o carro.

-  Tudo bem Liz, me ligue quando tiver tempo.
Beijo. - Retribuiu Cléo antes de desligar.

[...]

- Chefinho, já estou de volta. - Alegre, Becky comentou adentrando a sala que deveria dividir com os parceiros de equipe, e como sempre, apenas Allarick estava nela.

- Pare de me chamar assim, é um pouco irritante. - Pediu emburrado. Estava em pé, e dava voltas e mais voltas tentando se acalmar. Só tentava fazer seu trabalho, da melhor forma possível, mas acabou que só conseguiu ser distratado. E se perguntava, porquê estava tão irritado se não era a primeira vez que tal coisa acontecia? Ah, se lembrou que era porque Elizabeth estava envolvida.

O Segredo da Mentira.Onde histórias criam vida. Descubra agora