18- Assunto proíbido.

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Adentrando o recinto meio húmido e pouco iluminado que compunha a sala de arquivos do 15º distrito de Alura, o novo detetive tentava não se mostrar abatido. Afinal era novo lá, e se estava recebendo um caso, ainda que antigo, daria tudo de si para resolver. E pensou que talvez aquele fosse um teste para sua competência e disciplina, então não reclamaria.

Fechou a porta atrás de si, ligou as lâmpadas que piscaram uma ou duas vezes em reconhecimento e então inalou o cheiro a humidade. O local não estava caindo aos pedaços como acreditou que pudesse estar, mas certamente precisava que trocassem aquelas lâmpadas, e melhor organizassem.

Enfim, alguém poderia pensar sobre mais tarde. Ele tinha um trabalho para fazer...

E teve sorte que as caixas de arquivos estavam organizados de forma cronológica, então só precisou seguir as prateleiras até o ano de 2012, e depois procurar pela letra M, e em seguida pelo nome Mariana.

Encontrada, pegou na caixa um tanto quanto leve e abandonou a sala com  as prateleiras de dois metros recheadas de casos arquivados. Saiu do edificio, e com habilidade usou a chave para destrancar o carro. Era uma SUV azul, e estava estacionada em frente ao prédio.

- Opa, aonde está indo novato? - Adentrando também o carro e com um olhar de felicidade, Becky se sentou no lugar do passageiro. Olhou o amigo, e sorriu aberto.

- Indo para minha casa, novata. - Allarick retribuiu também sorrindo para a loira de olhos cinzentos. "Novatos", costumavam se chamar assim desde a academia, e de vez enquando repetiam o costume.

- Talvez você possa ir para a minha, vamos nos sentar, eu ajudo você a ver esses arquivos, e depois comemos. - Com um espírito hospitaleiro, sugeriu a detetive. - Pensando bem, a minha ordem foi estranha, mas é isso o que vamos fazer. - Corrigiu.

- Ah, seria muito bom. Até porque não quero dirigir por duas horas, mas não acho que aquele seu namorado vá gostar da ideia. - Devolveu o Villareal. Becky suspirou, e então repousou a cabeça no encosto do banco.

- Pare de chamar meu futuro marido de "aquele seu namorado", por favor. Só porque ainda não o conhece, não quer dizer que ele é má pessoa, ou que me fará sofrer. - Pediu o olhando séria. O detetive assentiu. - E não, ele não vai se importar se eu passar um bom tempo com meu irmão. - Acrescentou acariciando seu rosto.

- Agora eu sou o seu irmão, achei que fosse um desgraçado qualquer com um passado escuro? - Allarick devolveu divertido. Becky meneou a cabeça sorrindo, fazia meses que havia proferido tais palavras, mas ele ainda se lembrava. - E, eu vou aceitar esse seu convite, afinal preciso mesmo de ajuda com esse caso velho. - Resmungou ligando o carro. Becky sorriu animada. - Você vai dizer que o capitão não tem nada contra mim, mas vai admitir que foi mau ao me dar esse caso  no meu primeiro dia. - Comentou ouvindo o motor roncar.

- Ele não te deu o caso, só te mandou revisar. É diferente, e lembre-se de não ser rabugento. Já não está em Azarat. - Rebateu saindo do carro alheio. - Ainda tenho assuntos por aqui. Talvez saia daqui a três ou quatro horas,  então vá para casa, se acomode,  eu te encontro lá. - Disse por fim, lhe atirando a chave de sua residência.

- Até depois, Rebeca. - Acenou o jovem.

[...]

- Sabe o que eu percebi? - Com o garfo ainda suspenso no ar e uma expressão de tudo e mais alguma no rosto, Clara perguntou.

- Não, o que você percebeu? - Cléo devolveu curiosa. Haviam saído para almoçar e aproveitavam tanto da comida que era servida, como da compainha uma da outra.

- Que nos raramente saimos juntas. - Contou. Cléo  fez uma expressão estranha , quase como se a chamasse de louca pelo que havia acabado de dizer. - Bom, nós estamos sempre juntas... Mas é raro sairmos só eu e você. A maior parte do tempo a Liz está junto, é isso que estou falando. - Esclareceu.

O Segredo da Mentira.Onde histórias criam vida. Descubra agora