28- Filhinho da mamãe.

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Bem diferente do que havia planejado, seu feriado não foi a tranquilidade toda com que sonhou. Tinha planejado que ficaria em casa, abraçada a sua mãe porque ela era o que mais amava na vida, cozinharia e talvez, se sentisse leve o bastante, conversariam.

Sim, ela precisava conversar, porque continuar com aquilo, em silêncio, acabaria lhe matando.

Mas não, as coisas não saíram como Clara queria, nunca mais estavam sendo do jeito que queira. Ao invés de um dia bem passado com a mãe, brigaram, ela foi para longe e mais tarde se arrependeu de onde seus pés a levaram. Não falou com Miranda, e nem atendeu as chamadas.

Apenas se apegou a uma felicidade que do fundo do coração sabia, era falsa. Então mais uma vez estava magoada, triste e até ressentida. Queria manter tudo como era, mas se continuasse assim, tinha certeza de que cederia.

- Desculpa o atraso Clara, mamãe me levou para correr e acabamos perdendo a hora. - Retirando os fones de ouvido, Kimberly pediu assim que se aproximou. Acabava de chegar  depois de correr por três quarteirões, então ainda usava a roupa de treino, estava suada e também ofegante.

- Tudo bem, não cheguei a tanto tempo assim. - Replicou a moça. Kimberly sorriu em resposta. - Se você quiser ir se trocar, esteja a vontade. Posso esperar mais um pouco. - Sugeriu.

- Obrigado, não vou demorar. Enquanto isso vou pedir que sirvam o café, tudo bem? - Questionou ao que Clara assentiu movendo a cabeça. - Está bem, já volto. - Falou começando a caminhar na direção contrária a dela. Tomaria um banho rápido, ligaria para o noivo e só depois voltaria para falar com a cerimonialistas.

Novamente só no vasto jardim dos Ramos, Clara se perdeu em pensamentos. Alguns eram bons, outros conflitantes, e no final só conseguiu ficar mais triste do que já estava. Por uma lado era o seu coração que parecia estar prestes a quebrar tamanha era a pressão que sentia, e por outro, seus pais e o caos que conseguiam sempre trazer para sua vida. Seus olhos se perderam no horizonte azul, desejou voltar no tempo. Seria mais fácil se tivesse tal poder.

- Está olhando o espaço, pensando em alterações? - Kimberly questionou voltando até ela. Clara estava tão distraída, que não notou quando a empregada colocou a mesa, ou quando a anfitriã se aproximou trajando um vestido leve. - Você está bem? - Atenta, a pintora notou a mudança no comportamento da outra. Antes Clara estava sempre alegre, sorrindo e lhe mostrando como queria que fossem as coisas, naquele dia  parecia nem estar se importando.

- Não, não estou pensando em alterações. Mas se tiver alguma coisa que queria mudar, é só me avisar. - Rebateu Clara. Kimberly sorriu ladino antes de negar com a cabeça. - E quanto a sua outra pergunta, estou bem. Apenas um pouco indisposta. - Respondeu.

- Se não está bem, não precisamos falar sobre o casamento agora. Na verdade, o que ainda temos  para falar sobre o  casamento? - A ruiva perguntou divertida começando a se servir.

Clara riu.

- A sua despedida de solteira. - Lembrou a Molina.

- Isso é obra da minha mãe, por mim nem teria uma festa. - Comentou Kimberly. Passou a manteiga no pão, e vendo que Clara não se servia, se voltou para ela. - Está servida. - Convidou meio sem graça ao perceber que ainda não havia feito.

- Não se incomode, não estou com fome. - Em bom tom, dispensou Clara. - Você se casaria sem uma festa? - Questinou curiosa. Kimberly confirmou. - Como cerimonialistas, isso é algo que realmente não consigo aceitar. Eu acho que as festas de casamento, transmitem mais do que elegância e glamour, acho que espelham a felicidade dos noivos. - Comentou a loira. Kimberly meneou a cabeça concordando.

- Eu pensava do mesmo jeito, mas acabei mudando. Agora eu não me importo tanto com uma festa de casamento quanto me importava uns anos atrás. Mas entendo bem o que quer dizer. - Comentou erguendo copo com sumo para sorver.

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