07- Nova realidade.

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Com o semblante abatido e o corpo cansado, Theo fugiu das pessoas que no andar de baixo procuravam entregar suas condolências, lhe consolar e até se mostrar amigas, e então subiu as escadas. Disse a sua namorada que iria descansar, e que ela poderia ir descansar também, e mesmo relutante, a moça ruiva concordou indo para casa se trocar.

Subiu um e mais outro degrau...Estava pronto para encontrar o isolamento que fornecia seu quarto em tons de preto e vermelho, mas a porta entre aberta do quarto em que antes dormia sua mãe chamou sua atenção.

Não tinha o costume de entrar no quarto dos pais, ainda mais quando não estivessem por lá, porque sentia como se estivesse invadindo a privacidade alheia, mas daquela vez seus pés o conduziram automaticamente até lá.

Afastou vagarosamente a porta com a mão, tão lento que parecia que não queria entrar, mas acabou parando no limite. Um pé para frente, e outro para trás. Havia uma certa exitação em si, então mesmo do lado de fora observou o que podia sobre o quarto.

Simples e livre de excessos, a cama kingsize era coberta por lençóis marrons, as paredes em tom pastel, e o restante da mobília era feita de uma madeira lustrosa. Era o maior quarto da casa, e pelo que se lembrava da época em que costumava brincar por lá, o closet dos pais tinha a metade do tamanho de seu quarto.

Mariana não sabia muito sobre decoração, mas tinha uma atenção especial com tudo, que deixava as coisas mais bonitas. Theo sabia, todo e qualquer pedaço daquela casa, sua mãe havia organizado, e muito lhe doía pensar que ela nunca mais voltaria a entrar pela porta. Sorrir para ele e lhe abraçar.

Sentindo os olhos mais marejarem, Theodor finalmente deu o passo decisivo que o fez adentrar o recinto que muito mais que outras partes, era de sua mãe. E diferente do que lembrava, não estava inundando pelo perfume bom dela. Cheirava a desinfectante ou algo similar, e com isso, se sentiu magoado.

Mais uma vez seus pés se moveram, e desta, a penteadeira foi seu destino. Se sentou no banquinho e passou a observar a variedade de produtos disposto sobre ela.... Lágrimas verteram de seus olhos.

- A senhora não fazia ideia, não é mesmo? - Espalmando as mãos no móvel, se questionou abaixando o rosto. - Claro que não, se a senhora pudesse impedir, tenho certeza que não teria nos deixado. Não com essa dor. - Lamentou baixando a cabeça de forma que as lágrimas molharam sua calça.

Ele era chamado de "o menino da mamãe", porque era um bebezão como sua irmã gostava de falar, e também porque era muito apegado a sua progenitora... Ele costumava reclamar quando a mais nova se virava e o chamava assim, ou quando dizia que ele era mimado, mas ouviria tudo de novo, só para ter sua mãe lhe defendendo das acusações.

Mariana o inspirava, o elogiava e o amava. Era mimado, mas só porque tinha a mãe do seu lado, e não pensou que pudesse deixar de ter a doce mulher que fazia festinhas em seu cabelo, algum dia. Ele não estava preparado.

- A senhora deveria ser eterna, ou então estar aqui para me dizer como prosseguir...A senhora disse que eu sou forte, mas mãe, eu não consigo ser. Não quando a senhora não está aqui para sorrir para mim. - Desabafou. - E eu estou tentando mamãe, pela Liz, pelo papai, por todos... Mas eu não quero deixar de ser a sua criança, não se isso significar que perdi a senhora. - Prosseguiu em meio às lágrimas.
Sentia o coração apertar, e por mais que tentasse descobrir, não sabia como continuar.

[...]

_Tenha um bom dia Elizabeth._

Elizabeth estava repassando na cabeça pela milésima vez àquela manhã a última frase que lhe dirigiu a mãe, quando ouviu a porta de seu quarto ser cautelosamente aberta.

O Segredo da Mentira.Onde histórias criam vida. Descubra agora