02- Arrependimentos.

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Parada no mesmo lugar, Elizabeth ficou olhando para a porta de onde sua mamãe havia saído, começando a sentir saudades.

"Inacreditável".

Pensou ao perceber que para além de  já estar com saudades da pessoa que acabava de sair, o  aperto estranho em seu peito ia apenas se alastrando. Assim como uma faísca que vai se arrastando até encontrar lugar para explodir... Não era uma sensação muito agradável.

Então pensou que seu irmão tinha mesmo  razão, às vezes conseguia ser muito bebezona.

- Liz. - Com a voz meiga,  era Clara lhe trazendo de volta para a realidade. - Estou indo tomar o café, não vem? - A moça perguntou demonstrando estar  confusa em relação a alguma coisa.

- Já vou. - Desviando os olhos do corredor para encara-la, sua amiga respondeu.  Ainda tinha aquela sensação estranha morando em si, e ainda não gostava dela.

- Você está bem? -  Clara retornou, e dessa vez parecia preocupada, fazendo a outra estranhar a pergunta.  Não havia entendido o motivo de tê-la feito até se aperceber que estava "chorando".

- Sim, é da conjuntivite. - Explicou limpando as poucas lágrimas que escorreram por seu rosto. Não era bem a "infecção" que tinha causado as lágrimas, mas não encontrou explicação melhor, então colocou a culpa no que pode. Afinal estava mesmo se recuperando de tal mal. - Pode ir na frente, já te alcanço. -  Dispensando a amiga, falou  indo em direção às escadas pelas quais desceu.

- Tem certeza? -  A Molina inqueriu em tom receoso. Temia que a amiga estivesse com problemas e lhe escondesse, então precisou perguntar.  Em concordância, Elizabeth acenou.

-  Claro, não é nada. Vou só lavar o rosto e já volto. - Garantiu colocando a mão no corrimão antes de correr apressada até cima. -  Mas não deixe o Theo comer toda omelete, eu vou querer. - Berrou.

Não esperou  pela resposta, e correu em direção ao seu quarto.  Ficava entre o local ao qual chamavam de arrecadação, em jogavam as "tralhas, e o quarto dos seus progenitores.

Entrou.

Foi até ao banheiro lavar o rosto.

Secou, colocou o "remédio" nos olhos.

Saiu.

Tudo em um ritmo bem acelerado.

Também ‘‘voo’’ ao descer às escadas.

- Bom dia família linda. - Cumprimentou alegremente ao adentrar a cozinha, ou como sua mãe gostava de dizer, o espaço predileto da família. - Mais ou menos linda. - Retificou olhando  para o seu irmão, que estranhamente a ignorou. Fechou o cara para aquela ato mais maduro de sua parte, caminhou até a  cadeira que estava seu pai, e então o abraçou de lado.

Com um sorriso e beijo no topo da mão, o doutor saudou a filha que logo se dirigiu para a  madrinha também lhe abraçando.

  E então ocupou o lugar vago ao lado de Clara.  Não haviam estranhos naquela mesa, ou pessoas pouco confiáveis, e isso por si só já era uma boa maneira de começar o dia.

- Como passou a noite querida? - Quebrando o silêncio momentâneo, Anderson  perguntou enquanto lhe passava o prato com a omelete.  Alto, de cabelo curto, quase raspado e olhos castanhos, o médico tinha um comportamento reservado e era alguém muito respeitável, mas naquela manhã sua filha notou que parecia estar triste.

Ou era apenas a sua  imaginação lhe dizendo aquilo.

- Bem.  - Respondeu concentrada em se servir, omitiu o fator insônia por não achar relevante. - E como foi no hospital ontem? - Devolveu. Seu pai estava com planos de abrir uma clínica, mas como ainda não dispunha de todos os recursos e permissões necessárias, continuava atuando como clínico geral no hospital local.

O Segredo da Mentira.Onde histórias criam vida. Descubra agora