20- Irmãos.

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O sol mal havia dado as caras ainda, e Allarick já estava estrada. Dentro do carro emprestado pela polícia, riscava as estradas que ainda conhecia. Atento ao asfalto, dirigia com calma, porém ansioso para chegar ao seu destino. Uma curva, outro contorno, mas uns minutos na estrada...Havia deixado a amiga em casa.

Estacionou, pegou a caixa com os arquivos que revisava na noite anterior, e adentrou o espaço que abrigava a divisão de homicídios. Olhou o corredor vazio, e então avançou.

- Bom dia, senhor. - O jovem estava ansioso, e a porta estava aberta, por isso logo entrou.

- Bom dia, detetive Villareal. - Retribuiu Sanders meio confuso pelo presença dele aí. - O que faz aqui, acho que lhe dei três dias... - Comentou olhando a caixa que segurava.

- Eu fiz o que o senhor pediu, e me parece
certo que esse caso passe por uma revisão. - Declarou com confiança. Com um gesto de mãos, o capitão pediu que fechasse a porta atrás de si. - E se o senhor me permitir trabalhar nele,  já tenho uma ideia por onde começar... - Tendo feito o que lhe foi pedido, acrescentou sem medo de receber uma negação.

- Não tão rápido detetive, antes precisamos conversar. - Com seu ar fechado, Mário apontou a cadeira de frente para si. - Seu antigo capitão, Álvaro, me ligou ontem... E não parou com os elogios até que tivesse desligado. - Contou. Allarick se atentava as palavras, e não desviava o olhar. - Mas o relatório que te trouxe até aqui, aponta coisas bem diferentes do que ele disse... O que tem a dizer sobre isso? - Questionou.

- Senhor, eu tive um ano ruím. E deixei que meus problemas pessoais interferissem no meu trabalho...O meu sobrinho faleceu e a minha irmã saiu de casa, eu realmente deixei que me afetasse. - Admitiu meneando lentamente a cabeça. - Mas amo o meu trabalho, o escolhi porque é realmente o que quero fazer. Então peço que confie em mim, não voltarei a cometer os mesmos erros. - Garantiu.

- Você vai integrar a minha equipe agora, como tenho certeza que a sua insubordinação não vai colocar ninguém em perigo? - Alfinetou o quarentão. Allarick engoliu em seco, sabia que aquilo voltaria para si.

- Me deram um ordem direta, precisava me afastar do caso. E assim fiz. - Começou por dizer. - Mas  um dia surgiu uma oportunidade de pegar os criminosos, e não consegui pensar em não o fazer. Não estou justificando o meu erro, mas estava tendo fazer aquilo para o qual fui treinado. Servir e proteger. - Argumentou.

Mário meneou a cabeça. Não estava concordando com a insubordinação, mas considerando tudo o que lhe disse o detetive a sua frente, e tudo o que ouviu do capitão de Azarat, decidiu confiar naquele jovem.

- O tempo mostrará o quanto você é confiável. - Decretou o capitão. Satisfeito, Allarick entendeu que estava sendo admitido ali. - E quanto ao caso, preciso falar com o promotor antes que ele seja de facto reaberto... Simas será chamado para responder sobre ele, e dependendo do que será decidido, o caso passará para você. - Contou. O moreno quase sorriu ao ouvir a última parte.

- Mas o promotor pode decidir não reabrir o caso? - Notando mais das palavras de seu superior, Allarick perguntou se sentindo preocupado.

- É pouco provável que aconteça. Mas aviso que por ter o envolvimento de um ex capitão da polícia, talvez o procedimento seja diferente. - Respondeu. - Então vá para casa, se acomode e espere pela minha chamada. -  Mandou.

- Senhor, eu posso aguardar aqui. - Disse o mais jovem.

- Já que chegou ontem, não tem malas para desfazer, uma casa para se acomodar ou o que seja? - Questionou enquanto se levantava. - Além do mais, não tem nada para você enquanto não organizar a sua equipe... Ou seja, vá para casa e espere o meu chamado. - Decretou Sanders.

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