22- Bolinhos de chuva.

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Embora Elizabeth estivesse lhe enchendo de perguntas e mais perguntas para as quais ainda não tinha respostas, Theo queria ter continuado a conversa com ela e com Cléo, mas havia dito ao seu tio que iria lhe pegar no aeroporto assim que chegasse, então não pode.

Talvez um outro dia, ficaria com elas e talvez acrescentasse Danilo a equação. Foi um pensamento seu enquanto aguardava do lado de fora, por seu tio.

- Olha só se não é meu sobrinho querido. - Donavan saudou erguendo os braços. Theo se desencostou do carro e foi lhe dar um abraço.

- Espero que tenha feito uma boa viagem. - Comentou assim que se soltaram.

- Foi bem menos trabalhosa do que acreditei que seria. - Donavan quase celebrou com tal facto. - E por aqui, alguma coisa nova? - Devolveu espectante pelas novidades. Se sentia um pouco monótono, e saber dos sobrinhos o que se passava, parecia o melhor.

- Isso foi um presságio ou algo do gênero? - Rebateu seu sobrinho. Aquele dia estava sendo bom, e a conversa com seu tio o tornava melhor. - Mas não vá morrer de curiosidade Don, antes vamos para o carro. - Perante o olhar desconfiado dele, Theo pegou a mala que arrastava seu tio e o guiou até ao carro. Afinal ainda estavam parados de frente ao "estabelecimento".

- Parece que estou preso em alguma letargia, então comece a contar. E é bom que me anime. - Pediu ajeitando o cinto de segurança.

- São três coisas. Uma excelente, outra boa, e uma má. - Soltou olhando de relance para seu grande amigo, e também tio. - Por onde começo? - Questionou.

- Já que você está sorrindo atoa, essa notícia má não deve ser tão assim... Então comece por aí. - Ponderando, respondeu o senhor.

- A Kim ainda vai se casar. Isso ainda me irrita, e não falamos... Na verdade, nem saberia sobre o que falar com ela. - Despejou, em resposta, Donavan estalou a língua. Era  como se dissesse que já conhecia tal cenário. - A boa é que estamos todos bem. - Relatou. Seu tio assentiu percebendo que ele enrolava. - E a excelente, é que o caso de mamãe, sua querida irmã, foi reaberto. - Contou.

- Que conversa é essa, quando isso aconteceu? - Confuso, questinou o advogado.

- É o que vivo dizendo, as coisas acontecem quando não se está olhando. - Theo comentou alegre. Donavan ficou em silêncio, tentando assimilar o que ouviu. Seis anos haviam se passado desde que sua irmã lhe foi tirada.

As pressas e sem qualquer explicação, lhe foi tirada sua única parente de sangue. A mulher que era sua família. Não pode chegar para o funeral, e tão pouco obteve respostas satisfatórias sobre o ocorrido.

Seus sobrinhos ficaram, e ele precisou se tornar mais forte por eles. Mas às vezes, se pegava pensando... Porquê ela lhe foi tirada?

- Se nos mantermos fortes, dará tudo certo. - De modo sério, falou. - E o seu pai, como  reagiu? - Se perguntando se precisaria ter outra conversa com seu cunhado sobre respeitar a decisão dos sobrinhos, procurou saber.

- Como de se esperar,  ficou magoado. E um pouco chateado também, mas não parece que vá fazer outra coisa. - Theo esclareceu animado.Arrancou com o carro e por algum tempo ficaram em completo silêncio. - Isso nem parece seu Donavan, não fique tão quieto assim. - Pediu focado na estrada.

- Theo, se for me chamar de Donavan, me chame de tio. - Reclamou. Theo o olhou espantado. Desde quando gostava daquele título?

- Ficou rabugento do nada, sua viajem realmente foi boa? - Questionou. Seu tio bufou alto e não lhe deu qualquer resposta. - Eu sei que esse é um assunto sério, e que estamos atrás disso faz muito tempo. Mas veja, nos conseguimos. Então vamos ficar felizes por isso, sim? - Questionou de forma retórica.

O Segredo da Mentira.Onde histórias criam vida. Descubra agora