25- Senhor Miau.

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- Pensei que não fosse mais voltar hoje. - Cléo comentou assim que sua a amiga passou pela porta. - Como correu? - Curiosa, perguntou movendo levemente a cabeça para a lateral.

- Bem. Eles ainda não sabem muita coisa, mas parecem estar em um bom caminho. - Elizabeth respondeu apoiando a cabeça no travesseiro. - E onde está a Clara? - Perguntou. Quando voltou para a empresa,  passou na sala dela para dar um oi, mas a loira não estava por lá.

- Dona Miranda ligou para ela faz pouco tempo, parece que  precisava de ajuda com algo. E Clarinha foi correndo. - Cléo relatou esperando que o contratempo com a mãe, não afetasse os planos que haviam traçado.

- Hm. - Elizabeth balbuciou pouco animada.

- Ela sempre foi assim? - Cléo perguntou um pouco depois. - Digo, doce e devota, e as vezes amiga - Reformulou em uma curiosidade genuina. - E claro, chata, muito chata - Acrescentou fechando a cara depois de ter se rido do próprio comentário.

- Sempre, principalmente com a mãe. - Elizabeth respondeu prontamente .Sentia tanto orgulho da amiga maravilhosa que tinha, ou melhor, que tinham.

- Eu sei que nós estamos sempre nos estranhando e até parece proposital, mas eu amo demais aquela loira sem sal. - Cléo comentou. - Mas ela é tão rabugenta, que não me deixa aprecia-lá em condições. Quando eu acho que estamos bem, ela arranja alguma coisa para que eu me chateie com ela. - Reclamou.

- Ela consegue ser chata as vezes, mas você também não deixa barato. - Elizabeth apontou. Cléo moveu a cabeça ponderando antes de estalar a língua. Realmente não facilitava.

- Mas eu quero ficar bem com ela, afinal ela é minha amiga. - Desabafou. Sentia medo de se deixar levar pelas paranóias, fazer mal julgamentos e depois acabar sozinha.

- Então pare de criar caso por tudo e mais alguma coisa. - Aconselhou Elizabeth . - E sobre o Theo, deixe para lá... É uma coisa que depois passa. - Acrescentou pois sabia ser aquele  o principal motivo dos problemas entre as duas.

- É, eu deveria fazer isso mesmo. - Cléo concordou pensativa. - E você, me parece mal. O que tem? - Perguntou preocupada.

- Enquanto vinha para cá,  vi de longe a loja em que minha mãe eu sempre faziamos compras. Eu acabei entrando para ver se tinha coisas novas e de repente me  vi relembrando os momentos que passava lá com mamãe. - Contou Elizabeth. Cléo depositou a mão sobre a dela tentando passar alguma força. - Eu senti tanto a falta dela hoje, mas do que  senti ontem. - Confessou sentindo os olhos marejarem. Antes não costumava ser um hábito, mas depois que perdeu a mãe, Elizabeth conseguia chorar por tudo e mais alguma coisa. - As vezes ela se preocupava de um modo excessivo, conversava demais, abraçava demais....mas sabe, eu sinto saudade até das vezes que ela ralhava sem motivo. - Disse começando a lacrimejar.

- Queria ter conhecido ela, Theo sempre fala o quanto era incrível. - Cléo comentou solidaria.

- Ela era.  -Elizabeth concordou se sentando.

- Eu queria dizer que vai ficar tudo bem, mas eu acho que não nunca fica. Apenas vai melhorando com o tempo e depois fica menos pesado. - Falou. Ela estava certa, não ficava tudo bem, apenas melhorava. Só que ainda existiam dias em que tudo era uma droga e a dor consumia. -  Já percebeu que não sou muito boa consolando os outros? - Perguntou repentinamente após breves instantes em silêncio. Foi tão repentino e de uma forma tão séria, que fez sua amiga rir.

- É, eu já percebi. - Dando risada, Elizabeth enxugou as poucas lágrimas.

- Eu queria ficar com você mais um pouco, mas tenho que ir tratar de umas coisas com relação ao casamento da Kim. - Cléo contou meio aborrecida. - Mas eu...

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