33- Loira esperta.

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- Liz, seu irmão está na linha. - De madrugada, enquanto dormia, lhe pareceu ouvir Cléo  chamando de dentro do quarto. Elizabeth pensou se tratar de um sonho, porque se não fosse, teria lhe ouvido abrindo a porta...Tinha sono leve. - Liz.- Ouviu novamente.

- Me deixe. - Resmunguou sonolenta se apercebendo que não se tratava de um sonho.  O cansaço havia  expulsado o sono leve.

- Liz por favor, é importante. - Disse a moça . Elizabeth reuniu toda a energia que tinha para se sentar sobre a cama. Olhou para Cléo que já não estava de pijama. Que horas eram?

- Mato você se não for importante. - Ameaçou estendendo a mão para pegar o telefone. - Oi. - Meio azeda, disse assim que encostou o aparelho ao ouvido. Um bocejo escapou de sua boca, e os olhos pareciam menores por conta do sono.

- Tudo bem? -  Theodor perguntou parecendo nervoso, e de facto estava nervoso.

- Sério isso, me acordou para saber se estou bem? - Elizabeth devolveu  incrédula. Cléo ainda estava no quarto, esperando para o que fosse necessário.

- Não, eu... É que...- Gaguejou o moreno.

- Theo, aconteceu alguma coisa? - Elizabeth perguntou estranhando seu comportamento. Silêncio. - Theo. - Chamou alarmada.

- Estou indo para a clínica agora, parece que Naninha sofreu um acidente. - Despejou. Mãos no volante, e olhos voltados para frente. Não queria lhe alarmar, mas alguém tinha que lhe transmitir a notícia.

Então melhor que fosse ele.

- Como? - Elizabeth se espantou tanto que em um segundo estava em pé no chão. - O que disse? - Questionou na esperança de ter ouvido errado.

- Não sei os detalhes, mas parece que não é nada grave, então não se desespere. - Aconselhou tendo em vista os hábitos e comportamentos da irmã.  Elizabeth não conseguiu voltar a falar, estava visualizando o funeral da mãe enquanto rezava para não ter que ir ao da madrinha também. - Liz, vai ficar tudo bem. - Sua voz retornou serena após um tempo em silêncio.

Retirando o telefone do ouvido numa letargia exagerada, Elizabeth caiu sentada sobre a cama.

"Como assim Naninha sofreu um acidente, de onde veio isso agora, porquê ela sofreu esse acidente?"

Sua mente martelou.

- Vista isso e em seguida vamos. - Cléo disse lhe estendendo uma muda roupa. Em que momento pegou? Não sabia, apenas sabia que se sentia péssima. - Podemos ir, certo? - Perguntou assim que a amiga terminou de se trocar. Quem a visse, diria que  era indiferente, mas quem a conhecia, sabia que Cléo não era do tipo de ficar paralisada naquele tipo de situação, e Elizabeth  agradecia por ela estar tomando as rédeas da situação.

O mundo parecia girar e um buraco se abrir de baixo dos seu pés.

- Não consigo respirar. -  Se queixou levando a mão ao peito. Seus ombros tremiam involuntariamente, o peito pesado, o coração acelerou e o ar não parecia estar em lugar algum. - Não consigo respirar. - Voltou a se queixar, sentindo menos ainda a presença do ar.

- Respire fundo. - Cléo instruiu  colocando a mão em seu ombro antes de mostrar como fazer. Inspirava e expirava lentamente, seu peito subia e descia regularmente... Elizabeth tentou fazer o mesmo. - Está indo bem. - Saudou. Passado algum tempo no exercício, Elizabeth estava se sentindo mais calma. - Podemos ir agora? - Cléo lhe abraçou. Ela mesma costumava ter ataques de pânico, sentia que poderia morrer toda vez que acontecia, então ficou feliz por ter ajudado.

- Podemos. - Respondeu secando as lágrimas com a mão. E em menos de 5 minutos já estavam na estrada. Cléo dirigia na velocidade máxima permitida, mas ainda assim parecia muito lento para aquela cujo coração quase errava nas batidas.

O Segredo da Mentira.Onde histórias criam vida. Descubra agora