Impuros - Vinnie hacker

capítulo vinte e oito

[ CONSUME - Chase Atlantic]

VINNIE
Eu disse, era o que eu esperava.

Não tenho nada a dar a Zahra.

Não sei porque todos a minha volta acharam que algo aconteceria quando ela apareceu. Eu fui uma boa pessoa, o que há de diferente nisso?

Eu deveria deixar ela continuar sendo perseguida por Zack? Deveria deixar que o estranho do carro vermelho a sequestrasse?

Porra, eu fiz minha parte como cidadão.

Ela não deveria esperar nada e muito menos minha família e amigos.

E é graças a essa grande e fodida ilusão deles que a semana toda passou com um clima horrível, porque além das provas, Zahra não olhava mais para mim e não continuava no mesmo ambiente que eu estivesse presente.

Mas eu não me importo.

É melhor que ela se afaste antes que tudo piore mesmo.

Então me afundei nos treinos e nos estudos pras provas. Além disso, alguns dias trouxe uma das amigas de Lua para casa.

Estava chovendo, como toda essa semana infernal, e ela não tinha como ir embora, estava toda encharcada porque tentou correr embaixo de seus livros.

Eu a trouxe para que ela se secasse e acabamos indo muito além.

Mas foi uma boa distração.

Ela pareceu bem menos chata do que sua amiga. Talvez ela volte.

Mas tirando Gabi, minha semana foi um caos de cansaço e irritação.

Meu tio ficou puto pelo meu "chilique" ,como ele nomeou meu desabafo, e me encheu o saco em todos os treinos.

Então como sempre faço quando parece que o mundo está caindo em meus ombros, assim que as provas de sexta acabaram, dirigi para casa que meus pais deixaram em Seattle.

Foram dezoito fodidas horas, mas sempre vale a pena.

Não avisei Rachel, como sempre faço, mas ela com certeza vai saber que estou aqui.

Nossa casa fica no fim da rua, é a última e é cercada por árvores, um jardim grande e bem cuidado, já que continuamos pagando pessoas para virem aqui.

Entro na casa com o código que optamos por colocar depois que nossos pais morreram e jogo minha mochila no chão assim que o aroma familiar me atinge.

Sei que já faz mais de uma década que tudo aconteceu, mas não faz diferença pra mim, uma década ou 10 dias, a dor é a mesma, a saudade é a mesma.

Subo pro quarto dos meus pais e vejo que nenhuma de suas roupas estão lá, e odeio Rachel por isso.

Ela disse que não podíamos ficar presos no luto, que precisávamos deixar eles irem.

E doamos tudo que era deles, ou melhor, quase tudo.

Algumas coisas que eram extremamente importantes ficaram.

Como as luvas que meu pai usava pra concertar os carros quando não estava no júri, condenando ou livrando alguém.

Me deito na cama deles, me sentindo um merda, como sempre, mas ignoro totalmente as sensações ruins e os pensamentos fodidos, e durmo na cama macia dos meus pais.

[...]
Acordo já na metade do dia e me estico, pensando no que fazer enquanto estou aqui.

A primeira coisa que faço é me livrar da minha camisa e ir a cozinha, mas ao me lembrar que não tem nada aqui, já saio irritado.