Quarta e Quinta

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Quarta-feira

Se alguém me dissesse: “Will, no futuro você vai namorar um stripper com um tesão que bate no teto e que agora tá chupando seu pau na parte florestal do parque da cidade.” Eu chamaria essa pessoa de louca. Mas cá estou eu, com o pênis enfiado até o talo na garganta do Eros. Maldita hora em que sugeri um passeio no parque depois da aula. Dessa vez não demorei a gozar, Eros parece perceber minha aproximação ao orgasmo, me masturba rápido com a glande encostada na língua e engole meu semen todo de uma vez.

—Como diria a Isabela: Itadakimasu.

—Japoneses não dizem isso antes de comer?

—Você entendeu o que eu disse.

Me visto e seguimos de mãos dadas pela trilha que seguimos anteriormente. Devo admitir que apesar das coisas sempre acabarem indo pro caminho sexual, os poucos momentos em que estamos em silêncio, caminhando de mãos dadas, só apreciando a companhia um do outro me fazem sentir algo novo, me fazem sentir bem.

Talvez esse relacionamento não dê certo, quem sabe. Talvez o Eros se canse de mim algum dia. Como todo resto. Mas o que importa é que no agora gostamos um do outro e é isso que importa.

Muitas famílias vêm pra cá no verão, até que é um lugar bonito, pena que o Eros só deve olhar pra procurar os melhores lugares pra transar, fazer o que.

Não dão nem cinco segundos na área aberta e um cachorro começa a latir na nossa direção. Não seria estranho se ele não estivesse extremamente agressivo, exigindo toda a força do dono pra contê-lo. O homem parece confuso com o comportamento do cão, tentando acalmar a fera a todo custo. Mas o animal parece ignorar seus brinquedos e petiscos preferidos e continua a rosnar e latir. Estranho, cachorros geralmente não possuem um comportamento desses comigo.

—Acho que ele gosta de você.—Eros brinca e eu só rio, não conseguindo evitar o desconforto no fundo da minha mente.

Os latidos persistem mesmo quando já estamos longe.

Andamos juntos pela cidade por algum tempo. Quinton é uma cidade relativamente pequena, mas desenvolvida. Como quase não existem pontos turísticos aqui, a maior atração acaba sendo o distrito vermelho, é bastante comum ver pessoas de fora da cidade por lá. É meio triste admitir, mas Quinton é uma cidade dominada pelo turismo sexual.

Mas não é só disso que eu a chamaria, essa também é a cidade da hipocrisia. Os mesmos “bons homens de família” que vão à igreja, condenam pessoas por seus atos de libertinagem, e usam da fé como escudo pro ódio que eles disseminam, também podem ser vistos cometendo adultério em prostíbulos. Minha mãe ainda frequenta missas de domingo sem falta, e ela mesma critica a falta de senso desses homens, e ela nunca julga as pessoas!

—Como são os seus pais, Will?—Eros me pergunta do nada, isso é surpreendente, ele nunca pareceu se interessar na minha vida…

—Meu pai era mecânico, carros clássicos eram a maior paixão dele e nós não éramos tão próximos assim, ele morreu tem uns 3 anos, desde então somos só eu e a minha mãe.

Eros me encara atentamente, quase como se pudesse enxergar minha alma. Consigo ver o amarelo de seus olhos analisando minhas feições por de trás das lentes vermelhas.

—Sente falta dele?

—Claro, mas sei lá, às vezes eu penso que ele se importava mais com o Opala do que comigo ou a minha mãe.

—Seu pai amava vocês Will—Ele responde na hora.—, amava vocês mais do que tudo.

—Como você sabe? Nem conhecia ele.

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