Estava de volta àquele sonho, quer dizer, eu ainda via o Dante, mas dessa vez eu podia ver seu rosto. Seus olhos são azuis, o nariz é levemente arrebitado e fino e os lábios são levemente cheios. Foi só quando processei sua aparência verdadeira que percebi...
Sou eu...
Olhar pra ele é como olhar pra um espelho, a única característica que nos disfere é a cor do cabelo, o meu é moreno. Nessa hora apenas uma coisa passa pela minha mente: Eu sou Dante!
E como se ele pudesse ler meus pensamentos, responde:
—Não, você não é...
E então eu acordo. Mas dessa vez em pânico já que o sonho sumiu, mas a imagem dele não, Dante está ali, reclinado na parede contrária à cama com os braços cruzados, nos observando em silêncio no nosso quarto na escola.
—Eros! Eros!—Levantei com pressa o chacoalhando freneticamente.—Ele tá aqui!
Ele desperta no susto e se levanta na hora da cama assumindo sua forma demoníaca.
—Quem!? Onde!?
—Bem na sua frente! É o Dante!
Eros vasculhou cada canto do quarto com o olhar e então se voltou pra mim.
—Will—Se aproximou devagar e segurou seu rosto em suas mãos delicadamente.—, não tem ninguém aqui.
—Eros, ele tá bem ali!
—Só você pode me ver e ouvir, idiota.—Eu escuto a voz dele, mas o Eros nem se mexe, Dante tira um cigarro do bolso da calça, ascende e traga brevemente antes de continuar.—É melhor você cooperar comigo, senão o próximo a virar assombração vai ser você.
—Will, o que tá acontecendo?
Encarei seu rosto por um tempo, seu semblante preocupado, seus olhos temerosos e lábios trêmulos.
—Ele me disse pra cooperar, eu que te pergunto, Eros, que merda tá acontecendo?
Ele me encarou de volta da mesma forma por um tempo antes de se levantar já de volta à forma humana.
—Espera aqui, eu já volto.
E então sai porta à fora, com uma pressa enorme.
—Tu deve ter um pau de ouro pra puta do Lúcifer estar tão desesperada pra te manter vivo.
Suas palavras me enfurecem de uma maneira estranha, ver ele dizer essas coisas com o meu rosto, minha boca, me deixa simplesmente irado! Se eu vou ter que conviver com esse cara a partir de agora, ele já começou mal.
—Vai se foder, seu merda!—Disparei enchendo a boca em cada profanidade.
—É com essa língua que você lambe o cu dele? Sinceramente, eu não sei porque eu me surpreendo. Alguém que ativamente escolhe namorar um stripper, ainda mais um que nem se dá ao trabalho de ser fiel, só pode ser outro merda desesperado-
Cortei suas palavras agarrando meu próprio pescoço e apertando, como eu previ, isso faz nós dois perdermos o ar. Mas ele não deixa barato e bate a própria cabeça contra a parede atrás dele, a dor repentina me faz aliviar meu aperto, Dante já está em cima de mim com as mãos segurando meus pulsos e os dentes cerrados de raiva. É assustador ver alguém exatamente igual a mim me machucando.
—Escuta aqui, seu moleque: eu não preciso de você! Posso tomar o controle, eu me viro!
Aproveitei seu acesso de raiva e acertei uma cabeçada em seu rosto ignorando a dor em dose dupla que veio imediatamente depois, ele se afastou segurando o nariz sangrando.
—O misterioso e sombrio Dante, não passa de um parasita na cabeça de um humano aleatório. Quem é o merda desesperado aqui, hein?
Nesse momento estamos os dois compartilhando o mesmo olhar de ódio puro, com os dentes trincados de tanta raiva, estávamos prestes a avançar nos pescoços um do outro quando o Eros e o Oliver chegaram. Dante se afastou e foi pra um canto do quarto como se nada tivesse acontecido.
—Will, é verdade!? Dante fez contato com você!?
—Fez, e ele é um cuzão...
Ele me mandou o dedo do meio do canto onde ele se encolheu e eu devolvi na mesma moeda. Eros e Oliver olharam pro lugar onde o Dante se escondeu e obviamente não viram nada.
—Will, você se machucou?—Foi só assim que percebi o sangue em minha testa e no meu próprio nariz, bem como o dele.—Como isso aconteceu?
—A gente brigou—Oliver veio até mim e estendeu suas mãos, uma luz saiu delas e com ela senti minhas feridas se fecharem sozinhas.—, o que acontece com um acontece com os dois, então os machucados que eu fiz nele também apareceram em mim.
—Eu deixei vocês dois sozinhos por cinco minutos e já estão se matando? Ele pelo menos te explicou o por quê dele estar na sua cabeça?
—Diz pra essas duas putas que não temos tempo a perder, temos que achar o meu códex o mais rápido possível.
—Se chamar eles disso outra vez eu juro que acabo com você!
—Não precisa falar em voz alta pra eu escutar você, e além do mais, você vai ter tempo de chupar o pau deles depois, o códex é mais importante.
—E você tem alguma ideia de onde ele possa estar?—Dessa vez eu disse só em pensamento.
—É claro, mas não vai dar pra achar se vocês não me ajudarem.
—E me explica de novo, por que a gente deveria?
Dante, massageia as têmporas enquanto suspira. Eu quero mais é que esse cara se foda, não vou deixar a vida dele fácil só por causa de um livro velho.
—Me escuta bem, moleque. Aquele livro contem todo o conhecimento astral do universo, é basicamente a única conexão do nosso mundo com a mente superior. Talvez seja a relíquia mais preciosa em todos os quatro reinos...—Dante parou de discernir sobre o livro idiota dele quando percebeu que eu tô pouco me fodendo pra ele e, por seu olhar, não está muito feliz com isso.—Seu moleque imbecil! Seu pai morreu pra me selar em você e me salvar no dia em que vieram atrás de mim pelo códex! Vai mesmo deixar o legado dele morrer desse jeito!? Nós dois vamos morrer se eu não encontrar o códex!
Foi aí que eu perdi as palavras.
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Tasteful Depravity
RomanceEstar preso em um internato no auge da vida adulta normalmente seria um porre, e no caso de William é um porre. Estando no seu segundo ano na Quentin, uma escola interna para garotos, William Rupert de 19 anos acaba conhecendo um novo colega de quar...