O Inferno de Dante VI

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Eros se vestiu surpreendentemente comportado, com uma calça jeans bem apertada, um all-star rosa, um top preto calvin klein e uma blusa rosa bebê curta. Eu vesti uma roupa básica também, coturnos pretos, calça legging e uma camisa listrada. Nós seguimos pro primeiro andar e pro cômodo ao lado, que é uma sala de jantar, tem uma mesa enorme com uns seis candelabros e uma toalha vermelho, existem várias cadeiras onde os integrantes da família estão nos esperando junto aos braços direitos, Eros me apresentou a todos que eu ainda não conheci, Abbadon é o braço direito do Raj, Samael, braço direito da Camilla e Abraxas, braço direito da Amber.

Alastor talvez seja o mais esquisito, bem como o Eros disse mesmo, ele tem o mesmo tamanho que eu, tem a pele negra, cabelos brancos curtos, olhos cinzas, seu corpo é anormalmente esguio, ele usa um terno branco e gravata borboleta preta, calças socias brancas e sapatos também brancos, ele tem um sorriso dentado constante no rosto que nunca vacila, no momento que adentramos o salão seu olhar ficou vidrado em mim a todo momento e nunca se desviou, o que me deixou extremamente desconfortável.

Barbatos, ou Angélica no mundo humano, é uma mulher nos seus trinta anos de idade, loira e de cabelos longos, olhos dourados, corpo gordinho, pele branca e o rosto repleto de sardas, ela é baixinha do tamanho do Eros e usa um vestido verde simples.

Abbadon é um homem indiano com um corpo tão musculoso quanto o do seu patrão e a pele um pouco mais escura, tem olhos dourados, é uma cabeça mais baixa que ele e tem cabelos pretos que vão até depois dos ombros, ele usa uma regata preta, uma calça legging e um tênis preto.

Samael, ou Rebecca, é uma mulher do mesmo tamanho e feições tão debochadas quanto às da Camilla, tem a pele um pouco mais clara que ela, cabelo loiro cacheado que se estendem até o meio das costas, corpo malhado exatamente igual ao da Camilla e do Eros, seus olhos são cinzas, ela usa saia xadrez, sapatilhas rosas e uma blusinha azul bebê. Quando olho pras duas, só consigo ver uma garota má de colegial e sua tiete.

Já Abraxas é o homem mais peculiar entre os braços direitos, seus olhos são heterocromáticos de cinza e dourado, o que me faz questionar sua história, já que Eros me explicou que olhos dourados são de demônios que já foram anjos ou possuem sangue angelical como os Morningstar e os de olhos cinza são demônios "puros" ou que foram humanos transformados por demônios mais poderosos, mas enfim, a pele dele é branca, corpo malhado e é alto, o cabelo é preto e curto, ele usa brincos dourados, terno preto, calça social e sapatos pretos.

Os olhos de todos se viraram pra nós momentaneamente e percebo que Mei está ausente, o assento ao lado do Alastor está vazio, ela deve estar cozinhando. Eros e eu nos sentamos lado a lado perto da Yara e o casal Laura e Isa.

—Os anjos ainda estão te dando dor de cabeça?—Ouvi Raj questionar à Yara e minha curiosidade se atiça na mesma hora. Ela suspira.

—Não se preocupem com isso, eu posso lidar com nossos amigos penados sozinha.

—Tem certeza? Eles não tem te pressionado cada vez mais? Seria melhor se a gente mostrar pra eles que não vamos ser intimidados.—Posso vê-lo apertar os hashis com força, acho que ele está se coçando pra matar alguns anjos.

—O que devemos fazer é ter paciência e nos manter em nossos territórios, a proteção de nosso tio não poderá nos ajudar se sangue for derramado.—Yara cruza os braços e se reclina na cadeira.—Um movimento em falso e um conflito se tornaria inevitável.

O clima na mesa fica palpavelmente pesado, até Alastor finalmente tira os olhos de mim, passa a encarar Yara e deixa seu sorriso macabro vacilar ligeiramente. Parece que ninguém quer uma guerra.

—Mas não vamos deixar isso atrapalhar nossas festividades, se algo acontecer, eu protegerei nossa família com tudo que tenho.—Ela olha mim por um instante e sorri relaxando a postura.—Vamos mudar de assunto, sim? Eros, como vocês se conheceram?

Começo a soar frio com a certeza de que o Eros vai ser sincero e de que a família dele não vai reagir muito bem.

—Comecei a estudar no mesmo internato que ele, a gente começou a sair e o resto é história.—Yara e os outros compartilham o mesmo olhar confuso e silencio constrangedor.—Que foi?

—É que... nós pensamos que...

—Que ele fosse um dos seus clientes.—Camilla completa cheia de deboche eu já consigo sentir a raiva do Eros mesmo sem nem mesmo olhar pra ele.

—Ah desculpa te decepcionar querida, nem todo mundo é mal amado igual a você.

Consigo ver as faíscas voando entre eles quando o som do cetro da Yara batendo contra o chão ecoa pela sala.

—Chega disso! Estamos aqui pra comemorar nosso aniversário, peço que comportem-se como adultos por favor.

—Perdão Yara.—Os dois se desculparam juntos.

Bem quando a poeira abaixou, Mei chegou com alguns empregados trazendo os bentos de todo mundo.

—Desculpem pela demora, espero que não tenham esperado demais.

Meu bento tem arroz, porco e camarão grelhados, um ovo cozido de gema mole e alguns legumes. A aparência é fantástica e o cheiro também. A primeira mordida preencheu minha boca com um gosto maravilhoso, começamos a comer em silêncio. O clima estava meio tenso depois da breve discussão, pra mim foi um pouco pior por causa do Alastor que, mesmo comendo, me encarava feito um stalker, mas logo o clima melhorou e estávamos conversando e rindo de maneira gostosa e divertida, Mei contava sobre as Estrelas Michelin que seu restaurante ganhou, Raj descrevia, de maneira gráfica, como esmagou seu oponente anterior, Amber discerniu sobre sua marca milionária de moda, Connor tentou se manter acordado pra contar histórias sobre as crianças do seu orfanato, Eros conversava com todos e tentava me incluir, Camilla se manteve calada, aparentemente respeitando o clima pacífico e Yara geralmente se mantinha calada bebendo vinho, sorrindo e respondendo perguntas de seus irmãos.

Ao final da refeição, a maioria dos Morningstar se retirou. No fim, sobraram apenas eu, Eros e Yara.

—É bom ver que você está se enturmando, Will.—Yara se inclinou nas próprias mãos.—Apesar das circunstancias de sua união, eu desejo verdadeiramente que sejam felizes.

—Espera, você sabia que...

—Que se conheceram no clube? Sim, eu sabia, nunca julguei meu irmão por suas escolhas na vida e não julgarei seu relacionamento ou revelarei como se conheceram.

Yara se levantou se apoiando no cetro e saiu sem olhar pra trás.

—Acho que ela gostou de você.

Isso eu pude perceber, o que é um alivio. Não iria querer causar uma má impressão, pelo menos, não nela. Eros se levanta.

—Vem, eu e as meninas combinamos de ir a praia depois do almoço.

Eros foi primeiro e segui um pouco depois de terminar meu vinho. Acabei esbarrando em quem eu menos queria quando dobrei a saída.

—Tenha um ótimo dia, senhor Will.

Alastor passou por mim com aquele mesmo sorriso e novamente senti o mesmo calafrio subir pela minha espinha.

Tasteful DepravityOnde histórias criam vida. Descubra agora