Amélia

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Aviso: Este capítulo contém cena de abuso sexual.

Décadas atrás, dois príncipes e duas princesas pediram socorro em uma estalagem. Eles estavam vestidos de uma maneira comum e vinham em uma carroça velha empurrada por cavalos de dar dó, mas a dona da estalagem, Eleonora, não era boba e reconheceu a realeza, vendo ali uma bela oportunidade.

Ela os atendeu com gentileza e fingiu o tempo todo que não sabia quem eram, imaginando o tamanho que seria a recompensa. E estava certa a mulher, pois repentinamente eles foram, mas logo voltaram lhe oferecendo ouro como recompensa por salvar a vida de um príncipe.

Eleonora na época era viúva e tinha uma filha de cinco anos chamada Margarida. Ela vendeu a estalagem, e juntando as economias com o ouro recebido, Eleonora conseguiu comprar outra, maior e melhor na capital, que foi onde ela conheceu e se casou com um homem chamado Giuseppe, também viúvo, e também pai de uma menina chamada Amélia, de apenas dois anos.

Margarida, a irmã postiça de Amélia, era maldosa e a atormentava com pontapés e beliscões que o resto da família fingia não ver, e a pouca atenção que seu pai lhe dava desde o novo casamento diminuiu ainda mais quando ela tinha tinha cinco anos e ganhou uma irmã caçula chamada Rosa, que passou a ser a menina dos olhos de Giuseppe.

Quando Amélia tinha catorze anos, Margarida casou-se com um homem chamado Conrado e pouco após o casamento, Giuseppe faleceu. A partir daí o tratamento que ela recebia ficou ainda pior. Sendo considerada um estorvo e não parte da família, ela passou a trabalhar praticamente sozinha na estalagem, com a ameaça de ser expulsa de casa se não o fizesse. Além disso, também servia de babá para Rosa e em seguida para o filho de Margarida, Felipe, que nasceu quando Amélia tinha vinte e quatro anos.

A humilhação era tanta que Amélia não tinha direito nem a própria comida, porque Eleonora a obrigava a comer das sobras dos hóspedes. Hóspedes esses que em sua maioria eram marinheiros, já que a estalagem era em uma região portuária. Esses marinheiros eram em geral brutos, mal educados e não tinha um dia sequer que um deles não apalpasse Amélia sem permissão.

Os abusos masculinos não ocorriam somente durante o trabalho, pois Conrado também a atormentava insistentemente desde que se conheceram. No começo parecia inocente, e a pequena Amélia, pouco acostumada com carinho, gostava quando ele acariciava seus cabelos e bochechas, porém começou a ficar desconfortável quando as carícias passaram a ser também em seus lábios e coxas. Aquilo parecia errado, mas Amélia se confundia e achava ser coisa de sua cabeça, já que Conrado fazia essas coisas na frente de sua família, mesmo que mais sutilmente quando estavam olhando. Isso continuou até a sua idade adulta

Certo dia, como de costume, Amélia serviu o jantar e foi limpar a cozinha. Próximo ao fogão havia um prato com os restos dos hóspedes, algumas folhas de verdura desbotadas e murchas, ossos e pedaços de legumes tão pequenos que não dava nem pra identificar o que eram. Aquele seria o jantar dela quando terminasse a limpeza.

- Onde estão meus modos? Devo lavar as mãos antes de comer - Conrado disse da sala de jantar e se levantando até a cozinha.

Enquanto isso, Amélia esfregava uma colher com uma esponja em frente a pia, e ouvindo os passos atrás de si, virou a cabeça para ver o cunhado apenas a dois passos dela.

- Se me der licença - começou ele, se colocando atrás de Amélia, pressionando o corpo contra o dela. A moça era pequena e muito magra devido a sua alimentação deficiente, e mesmo Conrado não sendo o mais forte dos homens, podia facilmente agarrá-la. Ele tinha o rosto longo e um nariz pequeno e arrebitado. Sua barba era espessa, mal aparada e com um odor pungente de gordura. O homem forçou ainda mais os quadris para frente, a ponto de machucar a moça que estava pressionada entre ele e a bancada da cozinha. Ela soltou um grunhido de dor. - Você está gostando não é? - Conrado disse colocando os cabelos loiros dela para trás e colando os lábios em sua orelha.

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