- A pobre garota não tinha nada, eu me compadeci... decidi presenteá-la com uma noite extravagante como ela jamais teve. O material que peguei foi para lhe fazer um vestido. Mas eu juro, Vossa Alteza, assim que o vestido ficasse pronto eu lhe mostraria e pediria por sua permissão para convidá-la ao baile. Se a resposta fosse não, a peça seria sua. Eu jamais lhe roubaria. Me desculpe - Dayeong disse, depois de contar a história de como conheceu Amélia e o teor de suas conversas nos cafés da manhã e almoços que tiveram juntas. Gisele ponderou por não muito mais que um instante, pois acreditou em sua fiel amiga.
- Foi tudo um mal entendido. Soltem ela imediatamente - ordenou e os guardas assim o fizeram, depois foram dispensados. - Diga a Amélia que ela está convidada e pode trazer quem quiser. Quanto ao vestido, faça-me uma surpresa.
Na manhã seguinte Dayeong foi até a estalagem e deu a notícia. Amélia não conteve sua felicidade e gratidão, era a primeira vez que alguém lhe tratava com tanto carinho e generosidade e ela também nunca havia sido convidada para uma festa.
Bem perto do dia do baile, Amélia recebeu seu vestido embalado, junto com os sapatos e a máscara, e depois disso não conseguiu esconder por muito tempo seus planos. Eleonora de imediato convidou a si mesma e suas duas filhas e no que dependesse dela era Amélia quem não iria, mas a enteada a garantiu que o convite era seu e sem ela, ninguém mais entrava.
Quando o grande dia chegou, Gisele ficou ansiosa à procura da mulher misteriosa que havia conquistado a compaixão de Daidai. Tinha centenas de pessoas no salão, a rainha estava sentada usando sua coroa e uma máscara branca e prateada que cobria todo o seu rosto, ouvindo os brindes que vários convidados faziam em sua homenagem.
Músicas clássicas e românticas da época da juventude de Virgínia tocavam, seus netos sabiam as suas favoritas e escolheram a dedo os músicos que sabiam cantar com maestria essas canções. A rainha andava confusa e a música ajudava a acalmá-la. Foi pedido também que tocassem bem alto, pois sua audição não era mais a mesma.
Álvaro e Aelin chamavam a atenção com sua dança graciosa, eles eram um casal muito admirado no reino e mesmo mascarados se distinguiam em uma multidão. Ele com seus braços fortes e sua presença magnética e ela com sua postura invejável e sua notável riqueza.
Ágata e Túlio também dançavam, mesmo que de maneira mais discreta. Esse casal era mais tímido, especialmente Ágata, mas eram tão apaixonados quanto e trocavam sorrisos e piadas internas com os corpos colados um ao outro.
Os dois irmãos mais novos também estavam lá, mas Ângelo na maior parte do tempo bebeu vinho na companhia de seus amigos, um deles em especial parecendo ter mais de sua atenção, um jovem de cabelos castanhos com quem ele sutilmente trocava toques na perna e conversava bem de perto. Ana estava fazendo companhia a rainha ao seu lado na mesa, estava toda coberta, exceto por metade de seu rosto, pois vestia as roupas tradicionais de seu cargo na civita, cobrindo a cabeça com um véu azul escuro e vestindo um robe da mesma cor, além da máscara do baile que cobria seus olhos.
Gisele estava de pé, pegando um doce da bandeja prateada que um dos criados servia quando viu seu irmão e seu primo se aproximando, ambos sorridentes e com máscaras parecidas, ambas negras. Era bom ver Hugo daquele jeito e certamente Bruno e seu bom humor eram a causa daquele sorriso.
- Lembre-se que prometeu se divertir hoje - Bruno disse a Gisele depois de cumprimentá-la com um beijo no rosto.
- Bruno, admito que prometi da boca para fora, mas acredito que irei me divertir essa noite, de fato.
- Eu sei de uma coisa que a diverte - Bruno disse com um olhar malicioso que intrigou Gisele.
- E o que seria? - perguntou com as sobrancelhas arqueadas.
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Era dos Contos
FantasíaEra dos Contos é uma releitura de contos clássicos dos irmãos Grimm e poemas épicos, todos passados em um universo de fantasia, mas aqui a história não acaba no felizes para sempre e nós acompanhamos os personagens durante todas as suas vidas, então...