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Pov- Soraya...


Eu deveria ter feito tudo diferente em minha vida há quatro anos atrás, poderia ter arrumado um bom emprego, não ter parado meus estudos com a advocacia, eu tinha que continuar tendo a minha vida própria mesmo que eu casasse com um homem que tinha uma boa condição de dinheiro.

O problema nesses casos é que a pessoa não se dar o luxo próprio, e sim espera do outro com quem vive, ainda mais quando eles nos prometem aquela vida de princesa, eu tive essa vida já antes mesmo do casamento, mas eu devia lembrar, que tudo que me deixava feliz, tudo o que eu tinha, era ele que me dava, e isso poderia não durar pra sempre, mas eu não liguei muito para isso, estava apaixonada.

Acho que ele também foi apaixonado por mim lá no começo, éramos além de namorados, bons amigos, compartilhávamos tudo, das dores aos amores, éramos cúmplices, uma coisa que ele e nem ninguém sabe, é que eu sempre senti falta de algo ali naquela nossa relação, quatro anos se passaram de nós dois juntos, e eu ainda não descobri.

_Claro, eu vou sim, estarei aí_ digo ao celular.

Pela primeira vez depois de todo esse ocorrido, me pego aqui sorrindo feito boba e feliz, dou alguns pulinhos de alegria, eu havia sido chamada para uma entrevista de emprego, ontem foi um dos dias em que eu andei por quase toda essa cidade entregando currículo, e agora me ligaram.

_Eu vou mudar a minha vida, já disse_ falo isso sozinha ali.

Mesmo que eu possa estar ajudando Carlos com algo, mesmo que eu receba a visita de seu advogado aqui para lhe dar informações do que pode ajudar, e mesmo também que eu ainda vá dar os depoimentos quando são precisos, eu não estou mais pensando em nós dois, o que ele fez não foi de fato pensando na gente, e sim no bom dinheiro que ele tiraria com essa situação.

Pelo o que eu soube, era uma grana muita alta, seria mais que o triplo do que o Carlos ganhava com o seu trabalho, e eu gostava dele como ele era, como o conheci, não como esse bandido louco por dinheiro, como as pessoas são capazes de nos surpreender, de forma extremamente ruim, como ele fez.

_Agora eu vou tomar meu banho_ ando na direção do banheiro.

Ali eu fico totalmente nua, me olho no pequeno espelho daquele banheiro, emagreci um pouco durante essas semanas, dá para perceber, mas também, com a confusão que tava sendo e com as poucas horas mal dormidas, era pra isso mesmo, mas ainda bem que agora parece, apenas parece, que as coisas estão suavizando para o meu lado.

_Ai, que água gelada, arg_ saio rapidamente debaixo do chuveiro.

Ainda aguardo alguns minutos, mas a água permanecerá assim, porque é assim que é as coisas aqui nesse apartamento, e devo me lembrar de que já não estou mais naquela casa enorme, cheia de maravilhas, banheira e água quentinha.

Tenho de me adaptar urgentemente a essa minha nova realidade, é diferente do que eu vivia, mas preciso saber lidar com ela agora, pois é essa que será a minha vida daqui em diante, e não estou reclamando, mas é difícil um pouco, antes eu não me preocupava com nada, agora me preocupo até com quanto tempo de água vou gastar em uma lavagem de louças.

_Tudo bem, vamos lá_ me coloquei embaixo do chuveiro novamente.

Abracei ao meu próprio corpo quando a água gelada ia caindo e deslizando pelo mesmo, abri e fechei os olhos, e foi nessa hora que a imagem daquela mulher me pegou de surpresa ao tomar conta da minha mente, aquele olhar dela penetrante, aquela voz firme, a firmeza do toque de sua mão em meu braço.

_Céus, o que estou pensando?_ sussurro.

Não sei quem é ela, nunca a vi pela cidade, aquela mulher é tão séria, mas há algo por trás daqueles olhos escuros que me prenderam como jamais nenhum outro olhar me prendeu.

A agiota Onde histórias criam vida. Descubra agora