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Pov- Simone...


Medo, esse é o sentimento que toma conta das pessoas ao descobrirem sobre quem eu sou, sempre são tomados pelo mesmo quando cruzam meu caminho e sabem da minha fama, foi dessa forma que aquela loira se sentiu, naquela rua quando ia ser atacada, e semana passada, quando a vi.

_Será sempre assim_ digo.

Nesse momento eu estou de pé próxima a grande janela da minha sala, lá fora está um movimento terrível no trânsito, como costuma sempre ser aqui nessa cidade onde resolvi fazer uma nova parada para morar e viver, assim dando continuidade naquilo que faço.

Já estive em muitos lugares desde que comecei a me envolver com esse mundo da agiotagem, deveria ter ido por um outro lado eu sei, como assim meus pais me ensinaram desde cedo, mas desde que tiraram meu pai de mim, minha sede de vingança quis persistir ao meu lado, e assim eu quis que fosse.

_Será que o senhor estaria orgulhoso de mim papai?_ pergunto olhando na direção do céu.

Minha mãe eu sei bem que não se orgulha desse caminho confuso que eu quis seguir, mas ela me entende, quis ainda interferir lá no começo, mas eu fui firme naquilo que tomei como decisão, e aí já não tinha mais muita coisa para ela fazer a não ser ter que se conformar com o que sua filha escolheu.

"Eu lhe darei tudo o que precisar"

Prometi a ela naquele aeroporto onde lhe deixei para embarcar no avião que logo iria ser chamada para o mesmo, foi assim que decidimos, em uma conversa longa e emocionante na casa que estávamos morando daquela cidade de São Paulo.

"Eu só quero que a senhora viva bem e longe dessa confusão que é a sua filha"

Disse a ela com meus olhos cheios de lágrimas, eu quem havia tomado essa decisão e que bom que ela aceitou, seria melhor dessa forma, permaneci ali na cidade por mais um tempo, depois me mudei para o Rio, dali fui me tornando mais forte ainda com o que eu fazia.

_Eu sou tão assustadora assim?_ pergunto para o nada.

Volto a pensar naquela loira, naqueles olhos que estavam repletos de medo, no nervosismo que eu sei que ela sentiu ao estar me vendo de novo, mas ela tem seus motivos, eu posso ter lhe salvado mas eu matei um homem, penso até que a qualquer momento ela virá atrás de mim na tentativa de ameaça ou algo assim.

_Você seria capaz?_ encaro a lua lá no alto.

Tenho quase certeza que não, seria uma pena muito grande para mim ter que fazer o mesmo com ela o que já fiz com outros por acharem que tirariam algum proveito por determinada situação que tivesse me envolvendo.

_É hora de trabalhar_ vou até meu escritório.

Fico metade do dia fazendo análises em contratos que foram assinados nesse mês, é bom ver que tem gente que cumprem com sua palavra, assim eu não tenho tanta dor de cabeça com eles, já com outros que querem bancar o esperto, sabem para onde eu vou mandá-los.

"Seja a maior advogada desse país minha filha"

Lembro dessas palavras do meu pai em uma conversa nossa durante o café da manhã, eu mal sabia que ali seria o nosso último momento juntos naquela mesa, pois dali há algumas horas eu o perderia para sempre, me fazendo restar apenas as boas lembranças que fizemos.

_Eu me tornei pai, mas o senhor não está aqui para ver_ falo baixinho.

Cheguei a trabalhar na área a qual me formei, com a ajuda claro, do dinheiro que eu já havia conseguido com essa minha forma de viver, mas com mudanças de cidades, acabei deixando a advocacia de lado, até os dias de hoje.

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