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Pov- Soraya...


Novamente eu me via fazendo uma expressão de dor, pela quarta vez somente nessa manhã, e ainda não são nem onze horas, ao abrir os olhos eu vejo Simone parada ali na porta, com o copo de água que tinha ido buscar, pois eu havia pedido minutos antes.

_Novamente amor?_ pergunta.

_Sim, vem aqui_ chamo.

_Segure minha mão_ ela senta ao meu lado.

_Obrigada amor_ minha cabeça se apoia outra vez na cabeceira.

_Dói tanto assim?_ lhe olho.

_Sim, ai_ solto um gemido pela dor provocada.

Ao sentir uma outra dor eu aperto agora a mão de Simone, a gente se olha e até ela faz uma expressão de dor por me ver sentindo dor, e isso tem acontecido durante a amamentação do nosso filho, eu não sabia que esse momento doeria tanto assim.

_Deseja fazer uma consulta?_ sugere.

_Ainda não amor_ ela assente.

_Quando quiser, basta me dizer, tudo bem?_ sorrio de leve.

_Claro, tudo bem amor_ ganho seu beijo na testa.

Nosso filho continua mamando, tomo a água que Simone havia trago e ela continua ali comigo, tenho admirado mais ainda esse lado mãe dela, ao ver ela com nosso menino, dando banho nele, lhe colocando para arrotar, trocando sua fralda, tudo, me impressiona.

Digo novamente, nunca me vi dessa forma que eu estou hoje, com um filho, algo que não desejava para mim, mas que realizei e hoje amo essa criança que está aqui no meu colo, lhe peço desculpas todos os dias, aquela culpa existe aqui dentro de mim ainda.

_Acho que ele não quer mais_ diz Simone.

_Não filho? já está cheinho?_ pergunto e sorrio.

_Parece que sim, né filhão?_ ele olha para a mãe.

A criança que eu carreguei por nove meses em meu ventre, veio a cópia de Simone, dessa mulher perfeita pela qual eu tenho me apaixonado cada dia mais, penso que não há como se apaixonar mais por uma pessoa, mas quando eu a olho em cada novo amanhecer, percebo que sim, há sim como se apaixonar pela mesma pessoa todos os dias.

_Eu coloco ele para arrotar_ diz ela ao sair da cama.

Com cuidado ela pega nosso filho no colo, a vejo caminhar pelo quarto e ir até a janela, fica com ele ali, com aquela fralda de pano no ombro, com toda a sua atenção voltada para ele, daqui de onde estou volto a admirá-la, como um filho é capaz de mudar tudo em nossa vida.

_Acho que ele fez xixi_ ela fala.

Assim como foi comigo, com Simone também foi, a mudança que a chegada de uma criança faz em nossas vidas é simplesmente impressionante, todos os dias eu me transformo ao olhar e ter nosso filho no colo, por isso que digo que eu lhe peço desculpas sempre, mesmo que ele não entenda, mas sei que ele sentiu toda a minha negação por alguns meses.

Quando eu percebo, já me vejo derramando uma lágrima, limpo depressa antes que Simone possa ver, não quero me mostrar essa mulher frágil para ela, já fui muito assim, a minha noiva merece uma pessoa forte ao seu lado, e eu prometi ser, mesmo sem fazer essa promessa olhando nos olhos dela.

Desço o olhar para minha mão direita, um sorriso sincero e verdadeiro aparece em meu rosto, em meu dedo anelar há o anel com uma pedra brilhante, o mesmo chama bastante a atenção, é simplesmente lindo, eu estou noiva daquela mulher que está logo ali com nosso filho no colo.

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