A agiota

▶︎31

Pov- Soraya...
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_O que está fazendo?_ ela pergunta.

_Me arrumando?_ digo o óbvio.

_Para onde a senhorita vai?_ lhe olho de novo.

_Oras, para o meu trabalho_ digo.

_Não vai não_ foi isso mesmo que eu ouvi?

_Tá o quê das ideias Simone?_ ando até ela.

_Tô falando isso para o seu bem_ diz.

_Sei que está, mas não pode impedir ela de trabalhar, de viver a vida dela também Simone_ quem diz é minha amiga.

_Não estou impedindo, mas eu posso bancar tudo aqui_ a gente olha para ela.

_Simone, sua obrigação é somente com o filho que Soraya carrega_ a morena nos olhos.

_Então vou deixar de lado, se virem_ ela nos diz e sai do quarto.

_Ela está fazendo o melhor, sua idiota_ Gleisi grita daqui.

_Essa idiota aqui só quer o bem estar dela_ disse e bateu a porta.

_Eu levo você para o trabalho_ assinto para a fala de Gleisi.

Fico sozinha novamente no quarto terminando de me arrumar, passo um batom claro para finalizar a simples maquiagem que fiz hoje, solto meu cabelo, e me olho no espelho, meu olhar então desce para a minha barriga.

"Ouça Soraya"

Lembro do que disse minha amiga a mim quando estávamos naquela sala de consultório, logo ouvimos aquele som, que sempre ouvi dizer o quanto é emocionante para as mães, mas eu não consegui sentir nada, me senti mal por isso, em não ter felicidade nenhuma ao ouvir.

"Ei, veja"

Simone falou para mim depois da médica passar o gel e logo naquela pequena tela uma imagem aparecer, me esforcei, juro que me esforcei para algo em relação ao bebê, fiquei olhando aquele ser tão pequenininho que está dentro de mim, mas ainda sim não consegui sentir nada, mesmo o olhando.

"O que há de errado comigo?"

Me fiz essa pergunta durante uma das madrugadas que acordei com enjoo e fui parar no banheiro, fiquei ali bons minutos mesmo depois de já ter vomitado, me encarei em frente ao espelho, e me questionei, por quê eu não tava conseguindo aceitar? por quê parece ser tão difícil?

_Solzinha, já tá pronta?_ ouço Gleisi perguntar.

_Sim, já sim_ vou até a cama.

Arrumo de forma rápida o que estava bagunçado, suspirei ao olhar para o travesseiro que Simone trouxe mais cedo para o quarto, ela dormiu na sala esta noite como assim eu quis, mas isso se deu por conta de sua arrogância comigo, ela não é a minha dona, e hoje de manhã já quis agir assim de novo.

Eu até posso entender que ela quer fazer o melhor e me proporcionar o melhor, mas quando penso no que ela quer fazer para mim, só lembro dos quatro anos que passei com Carlos, sendo sustentada por ele, não quero me sentir dessa forma, isso é difícil de ser entendido?

_Ei, o que está pensando?_ olho pra Gleisi parada na porta.

_Nada, tô pensando em nada_ digo.

_Está pensando no que aconteceu agora a pouco?_ pergunta.

_Eu... eu não quero voltar a ser sustentada por mais ninguém Gleisi, isso é difícil entender?_ a olho.