Drei

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Ela fica estática por um momento, o olhar dela encontra o meu e por um instante parece que o tempo parou. Harry, o pequeno, segura a mão dela e olha para mim com curiosidade.

– Noah... – ela finalmente consegue dizer, a voz dela quase um sussurro. – Não esperava te encontrar aqui.

– Acho que a vida gosta de pregar peças, não é? – respondo, tentando manter o tom leve, mas sentindo o peso da situação.

Josh, percebendo a tensão no ar, pega Harry no colo e se afasta um pouco, dando-nos um pouco de privacidade.

– Eu ouvi dizer que você está de volta na cidade – continuo. – Por quanto tempo?

Sina parece hesitar antes de responder, olhando para Harry como se procurasse coragem nas pequenas mãos dele.

Depende – diz ela finalmente. – Harry tem um sonho e... eu prometi a ele que faríamos o possível para realizá-lo.

– E qual é esse sonho? – pergunto, realmente curioso.

– Ele quer ver você jogando – ela diz, a voz dela ficando mais firme. – Sempre falou sobre o pai dele ser um grande jogador de hockey.

A revelação bate em mim como um soco. Tento não demonstrar a surpresa, mas é difícil. Harry... meu filho quer me ver jogar.

– Então... você contou a ele sobre nós? – pergunto, a voz mais baixa.

– Sim – ela responde simplesmente. – Ele precisava saber.

Fico em silêncio por um momento, processando tudo isso. O pequeno Harry, meu filho, quer me ver jogar. De repente, todos os jogos, todas as vitórias, parecem insignificantes comparados a isso.

– Bom, então acho que preciso fazer isso acontecer, não é? – digo, sorrindo.

Sina sorri de volta, um sorriso sincero que ilumina o rosto dela.

– Ele vai adorar – ela diz.

A porta do vestiário se abre novamente e a Any entra, trazendo uma garrafa de água. Ela para ao ver Sina e eu, o olhar dela se alternando entre nós dois.

– Ah, desculpe, eu não sabia que estavam conversando – diz ela.

– Tudo bem, Any – digo. – Estávamos só colocando o papo em dia.

Any sorri e se afasta, nos deixando a sós novamente.

– Então, quando é o próximo jogo? – pergunta Sina, tentando aliviar a tensão.

– Amanhã à noite – respondo. – Vocês dois vão estar lá?

– Não perderíamos por nada – ela responde.

Enquanto ela se vira para sair, sinto uma onda de esperança. Talvez, apenas talvez, esse seja o começo de algo novo. Algo bom. Mas antes que ela possa dar outro passo, sinto uma urgência em falar.

– Sina, espera – chamo.

Ela se vira lentamente, os olhos dela refletindo uma mistura de curiosidade e apreensão.

– O que foi, Noah?

Respiro fundo, sentindo o peso das palavras que estão prestes a sair.

– Eu... sinto muito – começo. – Por tudo. Pelo que aconteceu entre nós. Eu deveria ter ficado, deveria ter lutado por nós. Mas eu fui egoísta, escolhi minha carreira ao invés da nossa família.

Ela fecha os olhos por um momento, como se absorvesse minhas palavras. Quando os abre novamente, vejo lágrimas brilhando ali.

– Não foi fácil, Noah – diz ela, a voz dela trêmula. – Ser mãe solteira, tentar realizar meus próprios sonhos enquanto cuidava do Harry... Eu senti tanto a sua falta. Ele sentiu a sua falta.

Cada palavra dela é uma punhalada no meu coração. Sinto uma dor profunda, um arrependimento que queima.

– Eu nunca quis te magoar – digo, a voz rouca. – Eu pensei que estava fazendo o melhor para nós, mas agora vejo o quanto eu estava errado.

Ela dá um passo à frente, e por um momento, espero que ela me abrace. Mas ela para, mantendo uma distância segura.

– Noah, não podemos mudar o passado – ela diz suavemente. – Mas podemos tentar fazer melhor no futuro, por Harry.

Assinto, sabendo que ela está certa. Não podemos desfazer as mágoas, mas podemos tentar ser melhores a partir de agora.

– Eu vou estar lá para ele, Sina – prometo. – Não vou decepcioná-lo.

Ela me dá um pequeno sorriso, um que parece carregar tanto tristeza quanto esperança.

– É tudo o que eu sempre quis – diz ela.

Antes de sair, ela se inclina para sussurrar no ouvido de Harry, e o pequeno acena com a cabeça, olhando para mim com um sorriso tímido.

– Vejo você amanhã, papai – diz ele, e meu coração quase explode com a emoção.

Fico ali parado, assistindo enquanto eles se afastam, uma mistura de alívio e ansiedade me consumindo. O amanhã é incerto, mas pela primeira vez em muito tempo, sinto que talvez, apenas talvez, possamos encontrar nosso caminho de volta um para o outro.
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*Oi gente,depois de muito tempo longe decidir voltar com a história já tenho algumas capítulos dela pronto e irei postar eles hoje mesmo,espero que gostem e aceito críticas(estou voltando agora então desculpem a escrita)

My Hockey PlayersOnde histórias criam vida. Descubra agora