einundvierzig

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---Sina narrando🪡

Eu e Rodrigo estávamos a caminho da escola de Harry para buscá-lo. Ele havia passado o fim de semana com Noah, e, embora eu estivesse feliz por eles estarem se reconectando, não podia evitar a ansiedade que sempre me acompanhava nessas situações. Noah estava tentando ser um pai mais presente, mas algo no comportamento de Harry me deixava inquieta. Ele sempre parecia diferente quando voltava de um tempo com o pai — mais quieto, talvez até um pouco triste.

— O que você está pensando? — perguntou Rodrigo, quebrando o silêncio enquanto dirigia.

— Só estou preocupada com o Harry. Não sei como ele vai estar depois desse fim de semana. — admiti, suspirando.

Rodrigo me lançou um olhar compreensivo.

— Ele vai ficar bem, Sina. Eu sei que você está preocupada, mas o Harry é forte, e ele tem você. — disse ele, tentando me tranquilizar.

Eu sorri para ele, apreciando o esforço, mas a preocupação ainda estava lá. Rodrigo era uma presença constante e reconfortante na minha vida, e eu sabia que ele se importava genuinamente com Harry. No entanto, a situação com Noah continuava complicada, e eu não sabia como equilibrar tudo isso.

Chegamos à escola um pouco antes do horário de saída. Estacionei o carro e saímos, esperando Harry aparecer. Eu sempre sentia uma mistura de alívio e apreensão ao vê-lo depois de um tempo com o pai. Queria que ele tivesse uma boa relação com Noah, mas também queria protegê-lo de qualquer dor.

Quando finalmente vi Harry saindo da escola, ele estava segurando a mão da professora, como de costume. Mas, assim que me viu, soltou a mão dela e correu em minha direção, lançando-se em meus braços.

— Mamãe! — exclamou, abraçando-me com força.

— Oi, meu amor. Como você está? — perguntei, segurando-o com firmeza.

Harry olhou para mim, seu rostinho um pouco mais sério do que de costume.

— Estou bem... — respondeu ele, mas havia algo na sua voz que me deixou preocupada.

Rodrigo se aproximou, sorrindo para Harry.

— Oi, campeão. Como foi o fim de semana? — perguntou ele, tentando animar o garoto.

Harry sorriu, mas de forma breve.

— Foi legal... joguei com o papai. — respondeu, mas seus olhos logo se voltaram para mim, como se estivesse buscando algo.

Eu me agachei na frente dele, segurando suas pequenas mãos.

— Harry, aconteceu alguma coisa com o papai? Você pode me contar, tá bom? — disse, tentando ser o mais calma e reconfortante possível.

Harry balançou a cabeça, negando rapidamente.

— Não, mamãe... está tudo bem. — disse ele, mas seu tom de voz não me convencia.

Olhei para Rodrigo, que parecia igualmente preocupado, mas ele assentiu, sugerindo que talvez fosse melhor não pressioná-lo naquele momento.

— Tudo bem, Harry. Vamos para casa, então? — sugeri, tentando soar animada.

Ele assentiu e, com sua mãozinha na minha, fomos para o carro. Durante o trajeto, Harry estava mais quieto do que o normal, olhando pela janela, perdido em seus pensamentos. Rodrigo tentou iniciar algumas conversas, mas Harry respondia apenas com monossílabos.

Quando finalmente chegamos em casa, Harry foi direto para o quarto, sem muita cerimônia. Isso não era comum dele, e minha preocupação só aumentava.

— Sina, você quer falar sobre isso? — perguntou Rodrigo, depois que Harry desapareceu no corredor.

— Eu não sei... Algo está errado, Rodrigo. Ele não está agindo como o meu Harry. — disse, sentindo uma pontada de desespero.

Rodrigo me abraçou, passando a mão pelo meu cabelo.

— Vamos dar um tempo a ele. Talvez ele só precise de um pouco de espaço. Mas se isso continuar, talvez seja bom conversarmos com Noah. — sugeriu ele.

Assenti, embora a ideia de falar com Noah sobre isso não fosse algo que eu estivesse ansiosa para fazer. Desde que começamos a nos reaproximar por causa de Harry, nossa relação havia sido tensa, e acrescentar mais uma preocupação à mistura só parecia complicar as coisas.

Mais tarde naquela noite, preparei o jantar, tentando distrair minha mente das preocupações. Rodrigo me ajudava, como sempre, tentando manter o ambiente leve. Mas a cada vez que eu olhava para o corredor, esperando que Harry aparecesse, minha mente voltava ao seu comportamento na escola.

Quando finalmente o chamei para o jantar, ele veio, mas sem o entusiasmo de sempre. Ele comeu em silêncio, apenas balançando a cabeça para responder às perguntas que eu e Rodrigo fazíamos. Era como se ele estivesse presente fisicamente, mas sua mente estivesse em outro lugar.

Depois do jantar, enquanto eu estava no quarto arrumando as roupas de Harry para o próximo dia, ele entrou e sentou-se na cama, observando-me.

— Mamãe... você acha que o papai gosta de mim? — perguntou ele de repente, sua voz pequena e insegura.

Parei o que estava fazendo, sentindo um aperto no peito.

— Claro que sim, Harry. Seu pai te ama muito. Por que você está perguntando isso? — perguntei, tentando esconder a preocupação na minha voz.

Harry deu de ombros, desviando o olhar.

— Não sei... só que às vezes parece que ele fica bravo comigo. — disse ele, quase como se estivesse falando consigo mesmo.

Sentei-me ao lado dele, pegando sua mão.

— Papai não fica bravo com você, Harry. Às vezes, os adultos podem parecer assim, mas isso não significa que eles não te amam. — tentei explicar, mas havia algo mais profundo no que ele dizia, e isso me deixava inquieta.

Harry assentiu, mas eu podia ver que ele não estava totalmente convencido. O coloquei na cama e fiquei ao seu lado até que ele adormecesse, mas minha mente estava a mil. Algo estava acontecendo, algo que eu ainda não havia compreendido.

Quando finalmente voltei para a sala, Rodrigo estava lá, esperando por mim.

— Ele disse alguma coisa? — perguntou ele, a preocupação clara em seus olhos.

— Ele perguntou se o Noah gosta dele... Rodrigo, o que está acontecendo? — perguntei, minha voz tremendo.

Rodrigo me puxou para um abraço, tentando me acalmar.

— Vamos descobrir, Sina. Você não está sozinha nisso. — disse ele, com uma certeza que me fez sentir um pouco mais forte.

Deitei-me naquela noite, meu coração pesado com as preocupações. O que quer que estivesse acontecendo com Harry, eu precisava descobrir. E precisava fazer isso rápido, antes que algo mais grave acontecesse. Enquanto observava Rodrigo adormecer ao meu lado, prometi a mim mesma que, por mais difícil que fosse, eu faria o que fosse necessário para proteger meu filho.

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