Capítulo 17 - Doce Criança

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A tempestade rugia lá fora, com trovões poderosos que faziam as janelas da velha casa tremerem.

A chuva batia furiosamente no telhado e o vento uivava como se tentasse invadir cada fresta da construção.

No porão, longe do caos exterior, um garotinho estava sentado no chão frio, cercado por alguns poucos brinquedos desgastados.

Ele balançava um carrinho velho de um lado para o outro, imitando o som de um motor com a boca, alheio à violência do tempo lá fora.

Apesar da tempestade, o menino não sentia medo.

Estava acostumado a brincar sozinho, mas a ausência de qualquer outra pessoa na casa fazia seu pequeno coração doer um pouco.

Às vezes, ele olhava para a escada que levava ao andar de cima, como se esperasse que alguém descesse para lhe fazer companhia. Mas ninguém vinha.

De repente, no meio de um estrondo mais forte de trovão, o garotinho ouviu algo diferente.

Um barulho suave, distante, mas claramente vindo de cima.

Seu olhar se voltou para o teto. Um arrastar de pés? Móveis sendo movidos? Ele ficou imóvel, os pequenos olhos cheios de curiosidade.

Deixando seus brinquedos de lado, ele caminhou em direção à escada do porão.

Cada degrau rangeu sob seus pés descalços, e ele sentiu o frio das tábuas no chão ao se aproximar da porta.

Colocou a orelha contra a madeira grossa, tentando ouvir melhor. O som parecia mais próximo agora... passos.

Alguém estava lá em cima.

Seu coração começou a bater mais rápido. Não era medo, não exatamente. Era algo desconhecido, algo que fez seus instintos gritarem.

De repente, ele ouviu o clique da maçaneta. Alguém estava abrindo a porta.

Assustado, ele deu meia-volta e correu escada abaixo, tentando ser o mais silencioso possível.

De volta ao porão, ele se escondeu debaixo de uma mesa velha e empoeirada. Agachado, com as mãos apertando seu ursinho de pelúcia contra o peito, ele esperou.

A porta do porão se abriu lentamente com um rangido alto, e passos pesados ecoaram enquanto a pessoa descia, um por um, os degraus de madeira.

O garotinho, escondido na penumbra, podia ver as sombras se movendo conforme a figura se aproximava mais.

Ele se encolheu, quase sem respirar, enquanto os passos ficavam cada vez mais próximos.

O homem desceu os últimos degraus, sua presença pesada preenchendo o porão escuro.

Seus olhos varreram o ambiente enquanto ele chamava com uma voz fria e controlada:

Garoto! Eu sei que você está aí — a tensão no ar parecia aumentar com cada palavra, fazendo o pequeno coração do menino bater mais rápido.

O garotinho, segurando ainda seu ursinho de pelúcia, saiu lentamente debaixo da mesa velha.

Seus passos eram cuidadosos, quase silenciosos, enquanto ele se aproximava da figura alta e imponente.

Quando seus grandes olhos encontraram os do homem, ele sorriu, um sorriso terno e genuíno, o tipo de sorriso que só uma criança pura poderia dar.

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora