Capítulo 30 - O Executor

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O garoto estava completamente imobilizado, seus músculos tensos de dor, enquanto suas mãos desesperadamente tentavam alcançar a cruz de ouro amarrada às suas costas.

A cruz queimava sua pele como fogo puro, uma dor insuportável que irradiava por todo o seu corpo. Seus dedos arranhavam a pele ao redor da cruz, mas era inútil.

O homem tinha amarrado com firmeza, com a intenção clara de causar sofrimento.

Cada passo que o homem dava colina acima, arrastando o garoto com uma corda grossa amarrada em seu pescoço, fazia a cruz pressionar ainda mais fundo na carne, queimando, marcando.

O garoto soltava gritos abafados, ofegantes, enquanto seus pés descalços se arrastavam pela terra áspera e fria. Partes de sua pele pulsavam, tentando reagir à dor, mas a presença do ouro sagrado as reprimia, sufocando o poder demoníaco que habitava dentro dele.

Eu vou matar todos... — o homem vociferou, sem olhar para trás, o rosto contorcido de fúria. — Vou mandar todos para o Inferno.

O garoto apertava os punhos, tentando segurar o choro, tentando segurar a raiva crescente que fervilhava em seu peito.

Cada palavra do homem era como um golpe em sua alma, mas a dor física era muito maior.

Seu corpo tremia a cada tentativa de arrancar a cruz, mas as cordas eram fortes demais. Ele sentia o cheiro da carne queimando, o metal sagrado corroendo sua pele como ácido.

Ao chegar ao topo da colina, o homem parou abruptamente e olhou para baixo, encarando o garoto com desprezo.

O garoto que estava sendo arrastado pela corda como um animal, teve seu olhar preenchido pela dor e terror ao perceber que o homem havia arrastado ele até o ALTAR.

O ALTAR em que o garoto estava preso era um lugar de pura profanação, um local de rituais macabros que transpirava a presença de algo antigo e maligno.

No centro, um grande pentagrama desenhado no chão, traçado com linhas de sangue fresco. O odor metálico do sangue de cabrito pairava no ar pesado, misturando-se com o cheiro de terra úmida e da tempestade iminente.

O vermelho intenso do sangue destacava-se contra o chão de pedra escura, e as linhas traçavam um caminho tortuoso que convergia no centro, onde o garoto se encontrava.

Nas cinco pontas do pentagrama, pedras enormes e angulares se erguiam, como sentinelas sombrias, frias ao toque e cobertas de musgo, quase como se fossem uma parte da própria terra.

As pedras, de uma altura impressionante, pareciam segurar o peso da noite sobre si, como se suas sombras projetassem uma força invisível, mas palpável, de medo e opressão.

Cada uma delas tinha símbolos gravados – runas antigas, desgastadas pelo tempo, mas ainda pulsando com uma energia perversa.

O garoto conhecia cada detalhe daquele altar.

Ele sabia o que acontecia ali. Em outras noites, ele tinha visto o homem arrastar vidas inocentes para aquele círculo maldito, buscando poder através do sacrifício.

Ele se lembrava dos gritos, dos olhos desesperados das vítimas.

E ele, o garoto, com suas mãos manchadas pelo sangue que não era seu, era o executor, a lâmina fria que o homem usava para selar seus pactos.

O ritual sempre terminava com o mesmo resultado: o homem ficava mais forte, e o garoto mais vazio.

Mas agora, tudo estava invertido.

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora