Capítulo 7 - Obstinação e Força

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Permaneci imóvel dentro do armário da cozinha, mal conseguindo conter minha respiração enquanto processava o que acabara de acontecer.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, e minha mente tentava encontrar sentido naquilo, mas nada fazia sentido.

Como meu pai, morto há tanto tempo, podia estar ali, na minha frente...

Não. Não. Não!

Aquele NÃO podia ser o meu pai!

Ele estava morto!

EU MESMA ENTERREI ELE!

Então, um som gélido me trouxe de volta à realidade.

Aquela coisa — ou o que parecia ser meu pai — se levantou lentamente após ter levado dois tiros na cara!

O som de sua respiração pesada preencheu a casa, como se ele estivesse sentindo dor, e quando o vi através da fresta do armário, sua expressão era perversa e ameaçadora, como a de um predador.

—  Você não pode se esconder de mim, Lily — A voz dele soou baixa e ameaçadora.

Ele começou a procurar por mim, revirando a casa com uma força assustadora.

As portas batiam, cadeiras eram lançadas ao chão, como se cada canto da casa estivesse sendo devastado pela sua busca implacável.

Havia algo errado.

Muito errado.

Aquela força não era humana, e meu pai nunca tinha sido assim.

Eu me encolhi mais no armário, o ar pesado e abafado ao meu redor. O som dos meus batimentos era ensurdecedor.

De repente, seus passos estavam mais próximos.

Passos pesados, arrastados, vinham em direção à cozinha.

A madeira rangeu sob seu peso, com cada passo fazendo o chão tremer ligeiramente.

Minha respiração ficou presa na garganta quando o silêncio foi quebrado por um som agudo.

CRACK!

A primeira porta de um dos armários foi brutalmente arrancada. Panelas e utensílios de cozinha caíram no chão com um estrondo metálico, ecoando pela casa.

— Lily... — A voz dele, profunda e rouca, reverberou pelas paredes, gelando minha espinha. Era como se mil vozes sussurrassem junto à dele.

Ele não parava.

E estava cada vez mais perto.

Minhas mãos tremiam incontrolavelmente enquanto eu cobria a boca, tentando abafar o som da minha respiração.

A dor da pressão contra o peito era quase insuportável, mas eu sabia que o menor som poderia me denunciar.

Ele destruiu mais um armário.

CRACK!

Um som seco de madeira sendo estilhaçada. Meu corpo inteiro se enrijeceu quando ele passou por mim, tão perto que podia ouvir sua respiração — um ronco baixo e feroz, como um animal enraivecido.

De repente, tudo parou.

O silêncio caiu sobre a cozinha, pesado e sufocante.

Pensei, por um segundo, que ele tinha desistido.

CRACK!

A porta do armário onde eu estava foi arrancada com uma violência que eu nunca havia visto.

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora