Capítulo 19 - O Amor Não Existe?

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A luz fraca que entrava pelas pequenas janelas cobertas de sujeira projetava sombras longas e distorcidas, criando um ambiente de mistério e desolação.

No escuro e abafado porão, uma transformação silenciosa havia ocorrido.

Pilhas e pilhas de livros estavam espalhadas por todos os lados, ocupando o espaço que antes era preenchido por brinquedos e risos infantis.

As estantes improvisadas, feitas de tábuas de madeira desgastada, estavam sobrecarregadas com volumes envelhecidos, suas lombadas cobertas de poeira e suas páginas amareladas pelo tempo.

Entre essas pilhas, um garoto estava sentado em um canto sombrio.

Seus olhos, agora de um azul profundo e penetrante, estavam fixos nas páginas de um livro aberto em seu colo.

Seu rosto, mais maduro, ainda mostrava a suavidade da infância, mas também estava carregado com o peso da solidão e do tempo.

Os livros ao seu redor eram seus únicos companheiros, suas páginas rasgadas e cheias de marcas de uso eram o reflexo da longa espera e da constante busca por algo que parecia sempre fora de alcance. Amor.

O garoto passava as horas mergulhado na leitura, seu olhar vagando pelas palavras como se buscasse algo que pudesse preencher o vazio ao seu redor.

A única fonte de luz vinha de uma lâmpada fraca que balançava suavemente de um fio desgastado no teto, lançando um brilho pálido que mal iluminava o ambiente.

O som da tempestade lá fora, embora abafado, ocasionalmente penetrava o silêncio do porão, trazendo um lamento melancólico que parecia ressoar com o sentimento do garoto.

O porão estava em silêncio, exceto pelo sussurrar ocasional das páginas dos livros e o som distante da chuva.

A porta do porão rangeu ao ser aberta, interrompendo o silêncio melancólico que preenchia o espaço.

O som das dobradiças enferrujadas cortou o ambiente, mas o garoto continuou imperturbável, absorto em seu livro, como se nada tivesse mudado ao seu redor.

O homem, agora um pouco mais envelhecido e desgastado pelo tempo, entrou lentamente no porão.

Seus passos eram pesados e ritmados, ecoando no espaço estreito. Ele olhou ao redor, seu olhar frio e implacável encontrando o garoto em seu canto.

Ele olhou para o garoto, ainda absorto em seu livro, e fez uma pergunta inesperada:

Você já jantou?

O garoto levantou os olhos do livro, olhando para o homem com uma expressão calma e vazia.

Ele balançou a cabeça afirmativamente, um gesto simples que parecia indicar que, apesar de tudo, ele havia mantido uma rotina mínima.

O homem entrou completamente no porão, com seus olhos varrendo o ambiente.

As pilhas de livros chamaram sua atenção, criando uma paisagem de desordem controlada e tristeza silenciosa.

O espaço estava imerso em um misto de sombras e luz pálida, acentuado pelo brilho fraco da lâmpada balançante.

Você tem muitos livros aqui — comentou o homem, sua voz soando quase curiosa enquanto observava as estantes improvisadas e as pilhas que tomavam conta do espaço.

Ele tentou engatar uma conversa, buscando algo mais profundo no garoto.

Você leu todos esses?

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora