— Atchim!
Eu a observei ali, sentada no sofá, envolta até a cabeça em um cobertor, tremendo a cada espirro que rasgava o silêncio.Lily parecia tão frágil, com o corpo estremecendo, como se o frio implacável estivesse sugando sua força. O resfriado a havia dominado por completo.
Seus olhos estavam semicerrados, o nariz entupido, e o som abafado de sua respiração ecoava pela sala.
A cada novo espirro, parecia que ela perdia um pouco mais da batalha contra a febre.
Os lenços amassados estavam espalhados ao redor dela como pequenos soldados derrotados.
Era óbvio que ela estava sofrendo, mas, como sempre, teimava em não pedir ajuda.
— Maldita chuva... — ouvi sua voz baixa, quase um sussurro.
Ela se encolheu ainda mais debaixo do cobertor, puxando-o com força ao redor de seu corpo.
Meu coração apertou ao vê-la daquele jeito.
Parte de mim ainda se divertia com a ideia de vê-la tão vulnerável, mas outra parte, aquela que eu não gostava de reconhecer, odiava vê-la sofrer.
— Maldita chuva, hein? — comentei, com um tom sarcástico, sentando-me ao lado dela. — Quem diria que uma simples brisa fria e algumas gotas de água poderiam derrubar você assim.
Lily me lançou um olhar rápido, com seus olhos azuis agora sem o brilho usual, cansados e irritados.
Ela não respondeu, apenas se encolheu mais, deixando escapar um espirro forte que a fez gemer de dor logo em seguida.
Suspirei, sabendo que não era um bom momento para provocá-la, mas era divertido...
— Você está parecendo um passarinho molhado, sabia? — continuei, pegando o termômetro que estava na mesa e segurando seu pulso suavemente para medir sua temperatura. — Eu já vi demônios deitarem e aceitarem o fim com mais dignidade.
— ...tomanocu...
Ela resmungou algo quase inaudível, e eu senti um leve sorriso brincar em meus lábios.
Mas, quando olhei para ela, encolhida sob o cobertor, tossindo e espirrando, aquela culpa familiar voltou a me assombrar.
— Isso é por minha culpa, não é? — murmurei, mais para mim mesmo do que para ela, mas Lily sempre tinha aquela capacidade irritante de ouvir o que não deveria.
Ela me olhou, cansada, mas seus olhos ainda mantinham aquele brilho de desafio.
— Você não tem o poder de controlar o clima, tem? — Sua voz estava fraca, mas carregada de ironia, mesmo quando mal conseguia respirar direito.
Sorri.
— Na verdade eu tenho...
— Por isso digo que—VOCÊ O QUE?Ela bufou e depois começou a tossir, me fazendo erguer uma sobrancelha.
— De onde acha que vem tantas tempestades? — perguntei como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Espera... Você é o responsável por toda essa chuva?! — Ela ficou boquiaberta.
— Exato, onde eu estiver ela também estará. É como se fosse uma sombra minha, entende?
Lily o olhou de soslaio, ainda com o nariz entupido e aparentemente curiosa sobre o que eu havia acabado de dizer.
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O Demônio do Farol
Fanfiction★DARK ROMANCE★ +18!!! Lily sempre soube que sua vida não era fácil, mas nada a preparou para o dia em que sua tia a expulsou de casa após a trágica notícia da morte de seu pai. Em meio ao desamparo, uma revelação surpreendente chega através de um ad...