Capítulo 20 - Eu devo confiar em você?

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Eu andava pela praia, meus passos pesados na areia, o som das ondas me acompanhando.

A brisa fria arrepiava minha pele, e a tensão que eu sentia no peito não me deixava em paz.

Eu procurava por algo, sem saber exatamente o quê. Talvez uma resposta, uma direção, qualquer coisa que me ajudasse a entender o que estava acontecendo.

De repente, um grito de dor cortou o ar, tão alto e agudo que meu coração quase parou.

— Levi...!

O pânico tomou conta de mim, e eu comecei a correr, com o vento gelado batendo contra meu rosto.

O som do grito ainda ecoava na minha mente, me empurrando para frente, me dizendo que eu precisava chegar até ele.

Quando finalmente o vi, meu mundo desabou.

Levi estava caído na areia, com o corpo imóvel, e o sangue manchando sua pele.

Meu coração disparou, e as lágrimas inundaram meus olhos.

Eu me ajoelhei ao lado dele, minhas mãos tremendo enquanto tentava tocá-lo, sentir seu pulso.

Mas ele estava... ele estava frio.

— Levi? — Eu sussurrei, a palavra mal saindo dos meus lábios. — Levi, por favor, não... não me deixe.

O silêncio ao meu redor era ensurdecedor, como se o mundo inteiro tivesse parado naquele momento.

Meu peito doía tanto que parecia que eu não conseguia respirar.

As lágrimas caíam sem parar, misturando-se com a areia e a água salgada do mar.

Aquilo não podia estar acontecendo...!

Por favor! Que fosse mentira!

E então, no meio do meu desespero, ouvi algo que me congelou por completo. Uma risada.

— Lily... — A voz ecoou como se viesse do abismo. — Lily... Minha amada filha.

Uma risada cruel, sombria, que fazia o ar ao meu redor ficar mais denso, mais frio. Eu levantei a cabeça, e lá estava ele..

— Não... — sussurrei, o horror tomando conta de mim. — Não, isso não é real.

Mas era real.

Tão real quanto o corpo de Levi estendido na minha frente.

Meu pai estava lá, como uma sombra que nunca desaparecia.

Aquele homem... o homem que eu pensei que estava morto.

Mas ele nunca foi embora, não é?

Ele sempre esteve aqui, esperando o momento certo para me destruir de novo.

— Você... — minha voz falhou, meu corpo tremendo de raiva e medo. — Como... como você está aqui?

Ele riu de novo, um som tão distorcido e cheio de desprezo que fez minha pele arrepiar.

Ele deu um passo em minha direção, como se estivesse se deliciando com o meu sofrimento.

— Ah, minha doce Lily — ele disse, a voz escorrendo veneno. — Achou mesmo que eu iria desaparecer assim tão facilmente? Eu sou parte de você. Da sua vida. Da sua escuridão. Você nunca vai se livrar de mim.

Eu queria gritar, correr, fazer qualquer coisa para acabar com aquilo.

Mas meu corpo estava paralisado, o choque e o medo me segurando no lugar.

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora