Capítulo 34 - A Maldição mais Cruel de Todas

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O som da madeira se partindo chegou até meus ouvidos com um estrondo ensurdecedor.

Eu senti o barco ser esmagado, com a água furiosa engolindo tudo.

O silêncio mortal que seguiu me fez acreditar que todos nós tínhamos morrido.

Meu corpo inteiro tremeu enquanto eu apertava os olhos com força, esperando o fim.

Mas o fim não veio.

Depois de alguns segundos, um som inesperado cortou o ar.

Você só me dá trabalho, criatura...

Minha respiração ficou presa no peito.

Aquela voz... arrogante, presunçosa. Abri os olhos devagar e, para minha surpresa, não estava mais no barco.

Eu estava em cima de um rochedo.

E nos braços de Levi.

Ele me segurava com um braço, enquanto o outro mantinha o barqueiro desacordado pela gola do casaco, como se o homem não pesasse nada.

A serpente colossal ainda se movia no horizonte, mas de alguma forma, Levi nos havia tirado dali antes do pior.

Eu pisquei, atordoada, tentando processar tudo.

O gato, encolhido em meu colo, olhou para mim com um sorriso esnobe.

— Sério, você precisa confiar mais em mim — ele disse, debochando.

Levi franziu o cenho, claramente irritado.

O que você está fazendo aqui, gato fudido? — Ele não parecia feliz em encontrar o gato ali, e a tensão entre os dois me deixou intrigada.

— Fudido é o seu rabo! — Disse o gato se acomodando em meu colo. — E onde você estava? Não sentiu a alma da coitada quase abandonando o corpo?!

O gato e Levi começaram a discutir, trocando farpas afiadas que cortavam o ar como se fossem lâminas.

Eu estava ocupado lidando com um problema no Oceano Antártico — Levi gritou. — Não sabia que tinha outro aqui no atlântico também.

— Você poderia ter feito isso depois, seu demônio de merda! — o gato retrucou, suas palavras rápidas e provocativas. — Veja Lily, como ele gosta de te deixar em segundo plano!

Gato do capeta...! — Levi respondeu, a irritação transparecendo em sua voz profunda e grave. — Já disse que eu não sabia que aquela serpente estava aqui!

Mas então, no meio daquela troca de insultos, algo dentro de mim quebrou. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, quentes e incessantes.

A luta entre os dois parou imediatamente.

O gato ficou em silêncio, e Levi olhou para mim, seu olhar agora suavizado pela preocupação.

Lily... — ele começou, mas eu não queria ouvir suas palavras.

Não importava o que ele dissesse naquele momento. Em vez disso, eu me lancei contra ele, envolvendo meus braços ao seu redor, buscando o conforto que só ele poderia oferecer.

O mundo ao nosso redor desapareceu.

Eu me lembrei daquela noite, da briga entre nós, da dor das palavras não ditas.

O abraço não era apenas pela vida que ele havia salvo. Era mais do que isso; era a necessidade de estar com ele, de sentir sua presença, de se reconectar após toda a confusão e desespero que nos cercavam.

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