Quando finalmente cheguei, o que vi me fez parar em seco.
A casa, que uma vez fora cheia de lembranças amargas, agora estava reduzida a cinzas, como se o fogo houvesse consumido não apenas as paredes, mas também as memórias que ali estavam.
Charlene, irmã da minha mãe, sempre fora uma figura distante para mim.
Nunca nos demos bem, e as lembranças que tinha daquele lugar eram todas repletas de desentendimentos e da vez em que ela me expulsou de casa.
A raiva e a frustração que senti na época agora eram substituídas por uma estranha tristeza.
Olhei em volta, observando o que restava da casa, e um aperto se formou em meu peito.
Não havia alegria em ver aquele lugar assim, mas também não havia dor. O que eu sentia era uma mistura de alívio e perda.
Algo dentro de mim desejava que houvesse um jeito de me despedir, mas o destino havia sido implacável, reduzindo até mesmo as oportunidades de reconciliação a cinzas.
Uma vizinha idosa de minha tia parou ao meu lado, com sua expressão carregada de tristeza e preocupação.
Era uma mulher que sempre tinha uma palavra gentil quando eu passava por ali, mas agora seus olhos estavam embaçados.
— Lily! Há quanto tempo, não é? — ela disse, sua voz tremendo um pouco.
Eu limpei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, tentando absorver a realidade ao meu redor.
O calor das chamas ainda parecia ressoar no ar, como um eco distante de algo que uma vez foi familiar e seguro.
— O que aconteceu aqui? — perguntei, minha voz falhando, lutando para entender o que estava diante de mim. — E a minha tia? Onde está a Charlene?
A vizinha hesitou, como se as palavras que estavam prestes a sair de sua boca fossem um peso difícil de carregar.
Ela respirou fundo antes de responder, seu olhar fixo no chão coberto de cinzas.
— Ela... ela não está mais aqui, querida — disse a idosa, com a tristeza em sua voz.— Sua tia morreu no incêndio.
As palavras caíram sobre mim como uma pancada, fazendo meu mundo girar.
Morta? A tia que eu mal conhecia, que nunca havia sido carinhosa ou acolhedora, agora estava perdida para sempre.
A ideia de que eu nunca mais teria a chance de conhecê-la me deixou paralisada, uma onda de emoções me atingindo com força.
— Como isso aconteceu? — murmurei, a voz falhando enquanto tentava processar a informação. — Ninguém me contou nada.
— Foi um incêndio criminoso — a vizinha respondeu, seu olhar triste. — Acredita-se que foi causado por algo ligado ao tráfico. Não puderam fazer um enterro, o corpo ficou muito danificado.
As palavras dela cortaram como uma faca, e eu me senti sufocar. Não apenas a dor da perda, mas o peso de saber que minha tia havia morrido em circunstâncias tão trágicas e sem dignidade.
Eu nunca pensei que isso aconteceria, e agora era tarde demais para entender quem ela realmente era.
— Mas e os meus direitos? — perguntei, uma pitada de raiva começando a se formar. — Eu... eu deveria saber disso!
A vizinha olhou para mim com pena, mas não tinha respostas. O vazio dentro de mim só crescia, e eu queria gritar, chorar, fazer alguma coisa para liberar essa dor que me consumia. Minha tia não era perfeita, mas ela era minha família, e agora estava tudo acabado.
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O Demônio do Farol
Fanfic★DARK ROMANCE★ +18!!! Lily sempre soube que sua vida não era fácil, mas nada a preparou para o dia em que sua tia a expulsou de casa após a trágica notícia da morte de seu pai. Em meio ao desamparo, uma revelação surpreendente chega através de um ad...