Capítulo 33 - Mar Revolto e uma Serpente

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— MAS QUE PORRA É AQUELA?! — O barqueiro gritou de repente, alto o bastante para me tirar do meu turbilhão de pensamentos.

Meu coração deu um salto, e eu me virei rapidamente para ver o que tinha causado aquele alvoroço.

— Meu Deus... — ele murmurou, os olhos arregalados, apontando para o horizonte.

Eu segui seu olhar e vi, ao longe, a ilha Meia Lua.

Só que havia algo muito, muito maior se movendo em direção à ilha.

Uma criatura colossal, cortando as águas com fúria, uma serpente marinha gigante que parecia surgir das profundezas do oceano. Suas escamas brilhavam sob a luz do céu nublado, cada movimento dela fazia o mar rugir em resposta.

Era monstruosa, indescritível.

— Não pode ser...! — eu sussurrei, sentindo o gelo da água nos ossos, mesmo estando dentro do barco.

O gato, que até então estava acomodado de forma relaxada, apenas levantou uma orelha e comentou com um tom preguiçoso e irônico:

— Ah, a recepção está a caminho. A ilha deve estar tão animada para ver você de volta, Lily...

— Meu Deus... meu Deus... — o barqueiro balbuciava, os olhos arregalados como se ele estivesse vendo a própria morte se aproximar. — Eu avisei... maldição... maldição! — Ele cambaleava para trás, pálido, os lábios tremendo.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele se virou bruscamente para mim, mas seus olhos estavam fixos em outro ponto.

— O gato... o gato está... falando?!

Antes que eu pudesse responder, os olhos do homem reviraram, e ele caiu no chão com um baque surdo.

— Ah, ótimo! — Resmunguei, sentindo o desespero começar a subir em minha garganta.

O gato, sempre com aquela calma irritante, olhou para o corpo caído do barqueiro e, sem perder tempo, subiu em cima dele, como se estivesse simplesmente se divertindo.

Ele cutucou o peito do homem com uma das patas, depois se abaixou para ouvir seus batimentos.

— Bem, parece que nosso amigo desmaiou — o gato disse com uma voz seca, como se não fosse nada mais que uma inconveniência passageira.

— Ele está respirando?! — Perguntei, com meu coração batendo rápido enquanto olhava a criatura colossal avançar.

— Por enquanto, sim — o gato levantou os olhos para mim, como se nada estivesse fora do normal. — Mas, sinceramente, acho que você tem problemas mais urgentes.

Eu olhei ao redor, com o barco balançando violentamente com as ondas causadas pela aproximação da serpente.

Eu não sabia controlar um barco. E agora, com o barqueiro desmaiado, estávamos à mercê daquela criatura gigantesca.

Meu instinto gritava para que eu fizesse algo, qualquer coisa, para nos afastar dali, mas eu também sabia que aquele barco não era apenas a minha chance de escapar.

Ele era a única maneira que os moradores da ilha teriam para fugir, incluindo a minha tia.

Se eu fugisse com ele, os deixaria encurralados. Mas se eu ficasse, arriscaria nossas vidas.

— O que eu faço?! — Perguntei, sentindo o pânico apertar meu peito.

A serpente estava cada vez mais perto da ilha, com sua boca se abrindo, revelando dentes que pareciam poder cortar o barco em pedaços.

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora