Sarada
Ainda estava no meu horário de trabalho, quando senti uma dor repentina no peito, odeio sentir essas coisas, porque faz eu me lembrar do câncer, e de como essa dor era tão presente na época.
Não consegui parar de pensar no que a Himiko disse, eu não acho que ela mentiria, quer dizer, eu acho, mas a história dela e a do Boruto se batem, e eu espero muito que seja verdade.
Quando eu estava me preparando para ir embora, recebi uma ligação da Himawari. Sorri ao imaginar que podia ser o Boruto, e atendi a ligação.
- A sua ex esteve aqui mais cedo, ela me falou que... - falei ao atender, mas Himawari me interrompeu - SARADA - gritou e quase me deixou surda.
- Aí que foi? Porque está gritando?
- Vem pro hospital principal agora, o Boruto sofreu um acidente de carro - ela disse.
Eu parei onde estava e meu coração quase parou junto. Não acreditei no que tinha acabado de escutar, nem continuei a ligação, apenas desliguei e fui correndo até o hospital. Literalmente correndo, estava a pé.
Quase fui atropelada várias vezes, e quando cheguei no hospital, senti que ia desmaiar, meu pulmão já não funciona muito bem, não era mesmo uma boa ideia ter corrido daquele jeito.
Fui na recepção e fui recebida por Hima e a mãe dela, elas duas pareciam preocupadas.
- Como ele está? - foi a primeira coisa que perguntei.
- Ainda não sabemos, ele se machucou bastante no acidente, mas espero que não seja nada grave - Hinata disse.
Fico me perguntando o que se passa na cabeça dela nesse momento, até porque o último acidente de carro que aconteceu na família dela acabou levando o tio Naruto, e perder o Boruto do mesmo jeito a mataria com certeza.
Balancei a cabeça na tentativa de parar de pensar nesse tipo de coisa, não devia estar pensando nisso, o Boruto vai ficar bem, ele tem que ficar bem.
.......
Depois de alguns minutos de inquietação, um médico apareceu e perguntou quem eram os acompanhantes do Boruto, e nós fomos até ele.
- Você é a mãe dele? - ele perguntou e tia Hinata assentiu.
- Bom, ele se machucou bastante, mas não foi nada grave, ele teve sorte, porque em acidentes assim, normalmente é quase fatal, ainda mais na velocidade que o carro estava. Ele quebrou o braço e teve um corte na cabeça, mas ele vai ficar bem, podem ficar despreocupadas.
Não consigo descrever o alívio que senti quando ele terminou de falar, meu coração finalmente havia desacelerado e eu pude respirar com calma, mas sei que se tivesse passado mais cinco minutos sem resposta, e eu teria morrido.
- Ele está acordado se quiserem vê-lo, está no quarto doze, só não façam muito barulho.
Elas duas foram primeiro e eu fiquei esperando, só podia ir duas pessoas por vez. Enquanto elas estavam com ele, eu fiquei olhando ao redor, aquele era o maior hospital da cidade, era bem arrumado, nem parecia um hospital, parecia um shopping ou algo assim.
Um tempo depois, as duas voltaram do quarto que o Boruto estava.
- Eu não falei que você estava aqui, vai ser bom a surpresa, vai lá ver ele - tia Hina falou e eu fui.
Respirei fundo antes de entrar no quarto. Ele pareceu chocado ao me ver.
- Oi - falei meio tímida.
- Oi - respondeu na mesma entoação.
- Você assustou a gente - me sentei em uma cadeira perto da cama e ele continuava me encarando surpreso.
- Não sabia que você vinha - ele disse.
- O médico falou que seu carro estava em alta velocidade, onde estava indo? - perguntei a ele.
- Indo ver você.
Nós ficamos em silêncio por um tempo, eu não sabia o que responder depois disso. Ele quase se matou pra me ver, ele me ama a esse ponto?
- Se você tivesse morrido, eu não ia me perdoar nunca - falei quase como um sussuro.
- Me desculpa, por isso e por tudo - comecou a dizer - Eu não fiz aquilo, mamãe e Hima estão de prova - ele disse e eu assenti.
- Você sabe o quanto eu amo você, nunca na minha vida eu teria coragem de te trair.
- É, eu sei - eu disse - Você me ama, e eu não deveria ter duvidado do seu amor por mim, eu que peço desculpas - ele sorriu.
Apesar do rosto todo machucado, da faixa na cabeça e do braço quebrado, ele parecia muito feliz.
- Podemos voltar então? - ele perguntou e eu assenti sorrindo.
- Com certeza.
Me aproximei dele e dei um selinho, senti tanta falta disso.
Me sentei novamente e o observei se mexer na cama, mas logo vi a careta de dor tomar conta do seu rosto.
- Fica quieto aí, vai doer se você se mecher - disse tentando acalmá-lo.
Em resposta ele sorriu, mesmo que estivesse com dor. Isso é uma das coisas que eu mais amo nele.
- Eu estou bem, só queria ficar mais perto de você - ele murmurou.
Eu me sentei na beirada da cama com cuidado, para não causar nenhum desconforto nele. Boruto estendeu a mão que não estava machucada e tocou suavemente meu rosto, o gesto tão delicado que quase me fez chorar.
- Eu não sei o que faria se te perdesse - ele disse, a voz dele tão cheia de emoção que eu quase não consegui segurar as lágrimas. - Quando eu vi que o carro estava vindo em minha direção, meu coração doeu tanto, e eu pensei que nunca mais veria você, que não ia sentir mais o seu toque, que não ia mais estar aqui, achei que ia morrer - desabafou. A voz embargada, provavelmente ele queria chorar.
Engoli em seco tentando mandar embora o nó que se formava em minha garganta.
- Tá tudo bem, você está aqui, e eu também, é isso que importa agora- ele sorriu em resposta.
Por um momento, nós apenas ficamos ali, em silêncio, absorvendo o que estávamos sentindo. Eu me inclinei para frente e depositei um beijo suave na testa dele.
- Agora descansa um pouco, eu fico aqui com você.
Eu fiquei ali, observando ele dormir. O som de sua respiração me acalmava, me dava a certeza de que ele estava bem. Ainda havia muito para resolver, muitas conversas a serem feitas, mas naquele instante, tudo o que importava era que Boruto estava aqui, comigo, e que nós tínhamos uma nova chance.
Acariciei suavemente seu cabelo, e prometendo a mim mesma que nunca mais deixaria nada de ruim ficar em nosso caminho, porque a cada dia que passa, a cada segundo que passamos juntos, eu tenho a certeza de que o Boruto é o amor da minha vida. Mesmo que a gente tenha as nossas diferenças, e que constantemente o mundo pareça estar contra a gente, eu nunca mais ia deixar nada separar a gente.
Nunca mais.
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Laços inquebráveis - Borusara.
RomanceA vida não tem sido muito gentil comigo, e a prova disso foi a morte do meu pai. Durante uma viagem, ele sofreu um acidente de carro que acabou com sua vida. É realmente uma tragédia. Tudo tem piorado depois disso. E como se a minha vida já não esti...