Capítulo 51

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Igor narrando

Tenho tido febre há quatro meses, desde que me separei de Alanna. Vivo desmotivado.
Chegou outro final de semana e ela vai sair novamente, estou deixando de viver para cuidar dela. Tem horas que me sinto um tolo, mas o medo de acontecer algo ruim com ela é maior.
Quem sabe assim meus dias diminuem e eu parto logo, a deixando livre, estou adoecendo e tenho ciência disso.

Dirigi até a nova boate, hoje estou só eu. Os outros seguranças não tem nos acompanhado mais, não há necessidade.
Alanna está com uma roupa decotada, está chamando muita atenção, já vi que vou ter problemas.

Entrei e fiquei parado no canto a observando dançar. Veio alguns carinhas falar no ouvido dela e ela os recusou.
Estou morrendo de ciúmes, vontade de socar a cara desses mauricinhos.

Um homem, que parecia ter mais idade, se aproximou dela e falou em seu ouvido.
Ela falou que não com a cabeça e voltou a dançar. Ele a abraçou por trás e enfiou o rosto em seu pescoço.
Caminhei em sua direção e segurei seu braço, torcendo para trás.

- O senhor não sabe ouvir um não? Acho que a senhorita não quer nada com o senhor.

- Me solta! Quem você pensa que é? Gravei sua cara, você vai perder seu emprego. - Sorri para ele, com certeza eu era bem mais rico do que aquele homem na minha frente.

- Acho que estou fazendo bem minha função, por que seria demitido?

- Igor! - Alanna falou entre os dentes. Ela já conhecia aquele sorriso que estava estampado no meu rosto. - Ele não fez nada de mais. Se afaste! - Ela sabia que eu ia socar a cara dele a qualquer momento. Por isso falou que ele não tinha feito nada de mais.

- Escutou serviçal? Se afaste. - Ele virou e segurou o braço de Alanna. Ela puxou o braço de volta.

- Já falei para não encostar nela. - Virei o braço dele para trás e fui levando o cara para fora da boate.

- Igor, pare com isso. - Alanna veio atrás de mim. - Solte ele! Isso é uma ordem. - Gargalhei.

- Não recebo ordens de você, já falei. - Joguei o homem lá fora, que caiu na calçada.

- Você está querendo tomar uns tiros? - O cara falou limpando sua roupa.

- Se puder, seja certeiro por favor. Daí vamos economizar bastante sofrimento, já não aguento mais essa vida. - Alanna me olhou com um olhar diferente. Parecia ter entendido o que eu queria dizer.

- Vamos para casa Igor, você acabou com minha noite. - Ela andou em direção ao manobrista. Ficamos parados esperando o carro. Ela me olhava de solsaio e eu olhava para frente.

O tal carinha entrou no carro e acelerou. Passou por nós e parou um pouco, parecia que acontecia em câmera lenta, já sabia o que ia acontecer. Minha reação foi proteger Alanna.
Ele atirou de dentro do carro, puxei Alanna e a abracei, protegendo seu corpo com o meu. Ela se encolheu toda dentro do meu abraço e o cara acelerou.

- Você está bem? Heim? - Me afastei um pouco e olhei para seu corpo. Ela estava parada olhando meu rosto.

- Você está com febre? - Uma lágrima rolou em seu rosto.

- Isso é o de menos, você está bem? Reponde. - Ela estava me olhando. - Liguei para a polícia e passei o número da placa do infeliz. Falei alguns códigos que Alanna não entende para os polícias e desliguei.

- Senhor, aqui está seu carro. - O manobrista tocou no meu ombro, em cima onde o tiro pegou. Fiz uma cara de dor involuntária. Ele puxou a mão e estava ensanguentada. - Senhor, está tudo bem?

- Está sim. - Alanna me observava com os olhos arregalados.

- Mas o senhor está sangrando. O tiro pegou no senhor.

- Está tudo bem. Não vou morrer, ainda. - Sorri e peguei a chave da mão dele.

- Igor, você é maluco ou coisa do tipo? Como você leva um tiro e permanece como se nada tivesse acontecido? E se pega em um lugar letal? - Alanna começou a chorar.

- Só ia me fazer um favor e acelerar a minha morte. Você acha que o que estou vivendo é vida? Eu já fui atingido em um lugar letal, não reparou?
Só que está demorando muito para eu morrer. Vamos, vou te levar para sua casa, desculpe estragar sua noite. - Me virei para entrar no carro.

- Você não vai dirigir, vou pedir um carro para te levar para o hospital. - Ela segurou meu braço.

- Sua segurança em primeiro lugar. Os outros carros não são blindados, primeiro vou te deixar em casa.

- Você vai para o hospital, está perdendo muito sangue. - O segue começou a escorrer por meus dedos e a pingar no chão.

- Quanto mais você demorar, mais sangue vou perder.

- Igor. Por favor, me escute. - Ele chorava desesperadamente.

- Então vou passar em casa e fazer um curativo, pode ser?

- Sim. Sua casa é mais próxima daqui. Não tem outro jeito, né? Você não quer ir para um hospital.

Ela entrou no carro sem esperar eu abri a porta. Sentou no banco do carona do meu lado. Tirei o blazer antes de entrar no carro, minha camisa branca estava encharcada.

- Você pode pressionar aqui pra mim? - Dei o blazer na mão dela e indiquei o lugar onde era para ela pressionar. Alanna pressionou e eu dei uma gemida.

- Desculpa, desculpa. - Ela estava visivelmente nervosa.

Dirigi até minha casa, comecei a sentir dor. O sangue estava esfriando e a febre não estava ajudando.
Parei o carro no quintal de casa e desci do carro segurando o braço. Alanna fechou a porta do carro e correu na frente para abrir a porta da sala.

Entrei e fui direto para o banheiro do meu quarto. Tirei a roupa e entrei embaixo do chuveiro. Alanna pegou a caixa de primeiros socorros e entrou no banheiro com caixa em uma mão e a toalha em outra. Só tirei o excesso de sangue do meu corpo e higienizei o local, o braço não pararia de sangra enquanto não fechasse o buraco.

- Me dê a toalha e pode sair, não precisa ficar aqui. Obrigado.

- Eu vou ficar aqui. Você querendo ou não. - Ela tremia me olhando.

Pressionei o local com a toalha. Felizmente dava para eu ver o ferimento no ombro. Enfiei o dedo para ver se estava com a munição dentro, ainda estava lá.

- Alanna, preciso que você pegue a pinça para mim, essa maior. - Ela me deu e fez uma cara de dor.

Parei na frente do espelho e respirei fundo, enfiei a pinça no buraco e fiz uma cara de dor. Mexi a pinça de um lado para o outro, até conseguir pegar a munição. Tirei e joguei na pia, fiz assepsia, peguei a linha e a agulha, costurei o buraco a sangue frio.

Igor De La Cruz - Triologia Fake Love 2°Onde histórias criam vida. Descubra agora