Capítulo 23

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Alanna narrando

Igor voltou para o Brasil e eu fiquei aqui na Espanha.
Choro todos os dias com saudades dele, mas sempre digo que está tudo bem.
Tenho ficado depressiva e ansiosa, pensei que seria mais fácil ficar longe.
Todos os dias acordo com dor no peito, só melhoro quando falo com ele. Fico relembrando nossos beijos, o jeito que ele me segurou e me apertou contra seu corpo. Pensar nisso me traz paz e me deixa com mais saudade.

Com quatro meses que ele tinha partido, recebi uma ligação anônima, a pessoa do outro lado da linha queria me chantagear, mas não queria dinheiro.
Falou que tinha algumas fotos minha, que queria me encontrar.
Desliguei a ligação e fiquei pensativa.
Logo começaram chegar fotos minha, eu estava nua e com as mãos amarradas. Tinha foto com homem com a boca no meu seio, outra com a boca próxima a minha parte íntima, outra com a língua enfiada na minha boca. Tinha uma que eu estava de bruços e um homem pelado sentado em cima de mim.
Senti tanto ódio e tanta vergonha.

Junto tinha a foto de uns contratos, um dizia que as fotos poderiam circular livremente pela internet.
Meu corpo gelou ao ver minha assinatura.
Outro contrato dizia que eu tinha que trabalhar como acompanhante de luxo.
Outro dizia que eu tinha o prazo de dez meses para me entregar, eu seria leiloada.

Estou com tanto medo que nem consegui falar com Igor sobre isso. Não consigo ser a mesma com ele, mas não tenho coragem de falar.
Tem três meses que estou recebendo as ligações e as fotos, cada dia é uma foto em ângulo diferente.
Desde que assinei o contrato já se passaram sete meses. Se eu não for eles vão jogar as fotos na internet, se eu for vou virar escrava sexual ou leiloada.

Essa semana é meu aniversário, vou sair e ficar o dia todo fora. Não sei se Igor vem para a Espanha, tem estado muito ocupado.
Estou tão envergonhada, não consigo ser eu mesma com ele. Com os outros ainda estou sabendo lidar, eles não me conhecem só de olhar para mim.
Com Igor é diferente, ele vai ver que tem algo errado, se é buquê já não reparou. Eu não posso contar isso para ele, Igor vai querer ir atrás desses malditos, meu maior medo é buquê aconteça algo com o amor da minha vida.

E se eles jogarem as fotos antes de Igor conseguir pegá-los?
Se eles fizerem alguma coisa com Igor?
Se isso for uma emboscada para Igor e meu pai?

Não estou conseguindo dormir, nem me alimentar. Deito e levanto com esse desespero dentro de mim.
Só quero esquecer essa loucura, prefiro morrer do que ter minhas fotos circulando por aí.
Não sei o que faço.

Igor narrando

Estou indo para a Espanha. Amanhã é aniversário da minha Nanna e do Rapha, não sei se ele vai estar conosco. Talvez o batalhão não libere sua saída, ele está em treinamento.

Desci no aeroporto, já era às três da manhã. Liguei para meu pai, avisando que já estava aqui. Que ia para casa e esperaria o dia clarear para ir para a casa deles. Hoje já é aniversário dos meus irmãos.
Ele me avisou que Alanna tinha saído escondida, que ainda não tinha voltado.

Minha cabeça latejou, a última vez que ela saiu não acabou bem. Por que ela sairia escondida?
Alanna está escondendo algo e isso a tem perturbado. Será que é o tal contrato que ela teve que assinar?
Se ela não me contar, terei que quebrar o sigilo de seu celular.
Não quero ter que fazer isso, mas é melhor ela ficar com raiva de mim viva, do que eu não fazer nada e ela morrer.

Liguei o rastreador no meu celular e fui atrás de Alanna, a encontrei já era às quatro da manhã. Alanna estava sentada em uma boate, com algumas amigas, visivelmente bêbada.

Ver aquilo partiu meu coração, ela prometeu curtir com pessoas da mesma idade, mas eu não esperava por isso.
Fiquei a observando de longe, informei ao meu pai que estava com ela e contei a situação. Meu pai mandou um segurança com um carro, coloquei minhas coisas lá e permaneci a observando de longe.
As amigas aos poucos foram indo embora, Alanna logo estava sozinha.

Um homem chegou e sentou ao seu lado, parecia querer beija-la a força. Alanna o emperrou.
Ele ainda insistiu, ela o empurrou novamente.
Andei lentamente na direção deles, com as mãos enfiadas nos bolsos e mordendo o lábio inferior. Controlando a vontade de enfiar meu punho na boca do mauricinho.

- Com licença, eu acho que ela já deixou claro que não quer nada com você.

- E quem é você para falar alguma coisa? - O carinha se levantou do lado de Alanna e veio me encarar, eu conseguia ver por cima da cabeça dele.

- Olha só, quem eu sou ou deixo de ser não é da sua conta. Eu quero que você se retire agora, ou não respondo por mim. Sou muito calmo, mas quando eu perco a paciência as coisas ficam bem complicadas. Ver pessoas como você me lembra meu passado, cresci com um cara abusivo e lembrar isso não me faz bem. - Lembrei do meu avô que batia em minha avó, na minha mãe e em mim. Forçava minha avó a fazer coisas que ela não queria. Cerrei os punhos e meu olhar ficou sombrio.

- Acho que já está na minha hora. - O carinha olhou o relógio no pulso e passou por mim.

Sentei ao lado dela e levantei sua cabeça, que estava caída para frente, encostada na mesa.

- Alanna. - Levantei sua cabeça e segurei seu rosto com as duas mãos.

- Já falei que não quero nada com você, eu tenho namorado. - Ela me deu um tapa no rosto.

- É assim que está com saudades? Você está me esbofeteando? O que te fiz ? Quem é esse seu namorado que fez você não querer nada comigo? - Falei em um tom de brincadeira. Ela abriu os olhos lentamente e me olhou.

- Igor? - Ela tentou focar os olhos em mim.

- Vem, vou te levar para casa. Isso são horas de uma menina de dezoito anos estar na rua?

- Não preciso de sermões agora. Eu vou ficar aqui, não quero ir embora.

- Olha só, estou mega cansado. Cheguei na Espanha e vim direto para cá. Se você ficar aqui, terei que ficar com você. Tem uns carinhas te olhando, vou ter que arrumar briga com todos eles.

- Não inventa Igor. - Ela falou com a voz arrastada.

- Então vamos, vou te levar para minha casa, é mais próxima daqui do que a de nossos pais.

- Eu não quero ir. Vou ficar aqui. - Teimosa do jeito que é, não ia arredar o pé dali. Mas sou pior do que Alanna. A levantei e joguei no ombro.

- Vamos logo, estou com sono. - Dei um tapa em sua bunda.

- Me solta Igor! - Ela dava socos na altura da minha cintura. Isso me fez sorrir.

A coloquei no carro e pedi ao segurança para me deixar em casa.

Igor De La Cruz - Triologia Fake Love 2°Onde histórias criam vida. Descubra agora