Igor narrando
Engoli seco, as palavras não saiam da minha boca. Queria poder mentir para ela, mas tenho que ser transparente.
- Lembra que eu falei que o casamento é fundamentado em confiança? Não quero que você se case comigo e depois queira se separar. Tem algo que preciso te contar, da minha parte não vai mudar nada entre nós. Mas eu preciso saber da sua opinião.
- Fala o que é Igor. - As lágrimas escorreram em seu rosto. - Eu prometo que nunca vou te deixar, independente do que aconteça. Mas estou ficando nervosa. Você está doente?
- Você sabe que quando prometemos algo, temos que cumprir. Não sabe?
- Sei sim. Por isso já estou dizendo, prometo ficar com você até o fim de nossos dias. - Ela me olhava com os olhos arregalados. Como eu queria que isso fosse verdade.
- Me beija antes de eu falar? - Meus olhos estavam tão tristes. Que dor, que desespero, que medo. Alanna me beijou e eu aproveite cada segundo. A conheço muito bem, sei que ela vai me deixar depois de saber a verdade.
- Fala o que é, por favor. - Ela passou a mão no meu rosto.
- Nanna, você teve complicação que quase te levou a óbito. Você teve algumas paradas cardíacas, mamãe e eu chegamos a beira de surtar, tentando descobrir algo que pudesse eliminar a infeção no seu corpo. A infecção começou a parar seus órgãos, você tinha sete dias para viver ou morrer. Quando seu rim parou, mamãe optou por tirar o foco da infecção, que seria seu útero. - Respirei fundo.
- Mas ela não tirou, né? Tirou Igor? - Ela estava com os olhos arregalados. - Eu fiz exame esses dias, ele está lá. Não é isso?
- Sim. Ele está aí. Fiquei por três dias tentando descobrir uma fórmula que curasse a infecção, caso não conseguisse eu aprovaria a retirada do útero. Sua vida dependia disso. Não ia adiantar você ficar com o útero e eu te perder.
- Como você não me contou isso? - Ela colocou as duas mãos na boca.
- O medicamento foi eficaz. Agiu de uma forma melhor do que pensei. Só que a infecção causou um dano em seu útero. - Engoli seco e respirei.
- O que houve Igor? Fale logo. Eu estou correndo risco de perder o útero, é isso? - Ela começou a chorar.
- Não é isso. Você ficou estéril, Nanna. - Falei com pesar.
- O quê? Eu fique o quê? - Ela levantou e andou de um lado para o outro. - Por que você não me contou isso Igor? - Ela se derramou em lágrimas.
- Alanna, a medicina está avançada. Eu vou descobrir uma cura para você. Está bem?
- Eu não quero saber de mais nada Igor. Você não podia esconder isso de mim. É assim que devemos agir? Isso é confiança, transparência?
- Alanna, se acalme. Está bem? - Levantei e caminhei em direção a ela.
- Não chega perto de mim. Fique aí mesmo. Deixe eu digerir tudo isso.
- Não faz isso Nanna. - Parei e me permiti chorar, já sabia que isso ia acontecer.
- Você sabe como estou me sentindo? Não sou uma mulher completa para você Igor. - Ela estava muito nervosa.
- Claro que você é. Você acabou de dizer que se eu fosse estéril casaria comigo assim mesmo. Você me prometeu que casaria comigo, Alanna. - Meu coração parecia que ia explodir.
- É diferente Igor. Foi antes de saber disso tudo.
- Diferente como? Eu te amo na mesma proporção. Não dá pra você se por no meu lugar? Tente entender o quanto isso está doendo em mim também. Eu não quero ter que viver sem você, Alanna. Eu suporto viver sem ter filhos, o que eu não suporto é viver sem você. - Passei a mão no rosto e respirei fundo. - Deixa eu te abraçar? Você prometeu pra mim que não me deixaria.
- Eu não posso Igor. Me desculpe.
- Vou descobrir uma cura para isso. Eu juro que vou me dedicar e vou descobrir. Só não me deixe, por favor.
- Você não merece uma mulher incompleta.
- Eu falei que só te faria minha se você se casasse comigo. Eu prometi casar com você. - Falei nervoso.
- É por causa de uma promessa? Eu caso com você, mas depois de dois meses vou me separar. - Ela olhou para baixo. - Não quero ser um fardo em sua vida, já tenho te dado muitas dores de cabeça.
- Você não pode fazer isso comigo. - Eu queria abraça-la, mas tinha que respeitar seu espaço. Eu quero casar com você porque te amo, não enxergo minha vida longe de você. Não só por causa de uma promessa.
- Eu vou embora, não precisa me levar.
- Não vou deixar você sair sozinha, você sabe disso.
- Eu tenho que ficar sozinha, Igor.
- Mas eu não vou deixar você ir sozinha, goste você ou não. Você não sabe a dor que eu senti, Alanna. Não sabe o que é querer desmoronar e ter que se manter firme, pois o relógio estava correndo. Não tive tempo de ser fraco e me lamentar. Então não me proíba de cuidar de você.
- Então me leve embora. - Ela caminhou em direção a saída.
Entramos no carro e dirigi em silêncio até chegar na casa dos meus pais.
Alanna saiu do carro, entrou em casa e subiu as escadas, indo para seu quarto.
Subi lentamente e bati na porta, abri e entrei. Sentei do seu lado na cama, ela estava deitada de costas para mim.- Me perdoe. Só não esqueça que eu te amo e que abro mão de tudo por você.
- Igor, me responda uma coisa. - Um gelo correu na minha coluna. Já imaginava o que ela ia perguntar.
- O que você quer saber?
- Por que tive uma infecção no útero. - Me faltou até ar. - O que aconteceu de tão grave que fez meu útero infeccionar assim?
- Deixe para lá Alanna. - Me doía só de lembrar que ela tinha perdido um filho nosso. Eu queria que o chão se abrisse embaixo de mim.
- Me fala Igor. - Ela virou de frente para mim e se sentou ao meu lado.
- Eu não quero falar sobre isso, é muito doloroso. - Olhei para o alto.
- Então eu tenho que saber, é um direito meu. Eles me estupraram, é isso? - Engoli seco.
- Deixa isso pra lá Alanna, já resolvi esse problema. - Abaixei meus olhos.
- Então foi isso. Fui estuprada? - Ela deu uma crise de choro. - O que mais aconteceu? ME FALA IGOR. - Ela se levantou, segurou em meus braços e me sacudiu. - Me fala, o que aconteceu de tão grave que fez isso comigo? Tenho direito de saber. - Eu chorava olhando para o chão. - Me fala!
- É doloroso demais, Alanna. Se poupe, por favor.
- Eu quero saber. É um direito meu. - Respirei fundo.
- Você estava grávida. - Falar aquilo em voz alta fez meu coração acabar de partir.
- O quê? - Ela se afastou e tapou a boca com as mãos.
- Eles mataram nosso bebê Alanna. Eu sinto muito. - As lágrimas escorreram em meu rosto.
- Do que você está falando? - Ela parecia estar em estado de choque.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Igor De La Cruz - Triologia Fake Love 2°
RomanceIgor De La Cruz, filho de mafioso e neto de um homem agressor de mulheres. Cresceu sabendo o que é sentir dor, perdeu as pessoas mais importantes de sua vida, mas ganhou outras que o ajudaram a ser tornar um grande homem. Amoroso, gentil, atencioso...