Igor narrando
Peguei Alanna no colo e passei por meu pai.
- Vai com meu carro, eu vou com sua moto. Já chego no hospital. - Ele abriu o carro e eu coloquei ela. Dei a chave da moto para ele.
- O senhor vem logo?
- Depois que eu resolver as coisas por aqui. - Eu já sabia do que se tratava. Ela ia achar o culpado e mata-lo. Eu faria o mesmo, mas não posso me envolver, por causa da minha carreira.
- Cuidado. - Dei um abraço no meu pai.
- Obrigado por ter a encontrado. Você é incrível. Eu não sei o que vocês tem um com outro, é algo diferente. Obrigado por todo esse cuidado e amor. - Ele estava visivelmente emocionado. - Já chego no hospital.
- Te amo. - Entrei no carro e fui em direção ao hospital da nossa família.
- Igor... - Alanna tentava falar, com a voz arrastada.
- Fica calma, está bem? Estou te levando para o hospital.
- Eu preciso do seu abraço agora, eu estou com muito medo. - Ela deu uma crise de choro. - Igor, por favor.
Parei o carro em uma rua com algumas casas, sai do carro e a tirei do banco de trás.
Envolvi Alanna nos meus braços.- Eu estou aqui. Eu estou aqui. Vou te proteger, está bem?
- Igor. Eu não deixei que me estuprasse, mas eu não sei se conseguiram. Eu apaguei algumas vezes. - Ele chorava desesperadamente.
- Não pensa nisso agora, ok? O importante agora é que você está viva e que está aqui comigo. Vou cuidar de você. - A abracei forte e me permiti chorar. Sempre que via um homem maltratar uma mulher, lembrava do meu avô. Ouvi-la dizer que tentaram estupra-la me deu uma dor no peito.
Após ela se acalmar, a coloquei no carona novamente e voltei a dirigir.
Entrei com ela no colo, no hospital, já fui direto para a sala de medicamentos.
Fiz alguns exames de sangue e a coloquei no medicamento para limpar seu sangue. Tirei sua roupa e a vesti com camisola do hospital. Ela tinha uns hematomas no corpo que pareciam que iam sangrar a qualquer momento, inclusive chupões no pescoço e perto dos seios. Ver aquilo me deu um ódio tão grande. A vesti e a cobri.- Alanna. - Minha mãe entrou com o desespero nos olhos. - Como ela está?
- Agora está dormindo, vai ficar tudo bem mamãe. - Ela me abraçou e choramos juntos.
- O que fizeram com ela, Igor? Ela está machucada. - Ela se aproximou e passou a mão nos cabelos de Alanna.
- Agora que a senhora está aqui, vou voltar lá. Vou matar um por um. - Fechei as sobrancelhas.
- Igor, meu filho. - Minha mãe segurou meu rosto. - Sua carreira está em jogo Igor, você não pode fazer isso. Vai virar um mafioso depois disso? Depois de tanto estudar?
- Eu viro até assassino de aluguel. O que não vou deixar é esses desgraçados impune. - Respirei fundo e olhei para minha mãe. - Ela falou que tentaram estupra-la mamãe. - Respirei fundo e limpei o rosto com as costas das mãos. - Não tive coragem de examina-la. Mas sei que ela está com um arranhão dentro na coxa.
- O quê? - Minha mãe colocou as mãos na boca e chorou ainda mais. Limpei meus olhos com a mão.
- Vou deixa-la com a senhora, examine-a enquanto está sedada. Vou esperar lá fora.
- Igor, não vou ter coragem. - Ela segurou meu jaleco, antes de eu sair.
- Eu não posso fazer isso, mamãe. A senhora tem que ser forte. - A abracei. - Vou ficar ali fora. Graças a Deus minha mãe também era ginecologista obstetra.
Sai e fiquei no corredor, ansioso.
Alguns minutos depois, minha mãe saiu e me abraçou aos prantos. Eu congelei.- Está tudo bem, meu filho. Está tudo bem. - Ela chorava horrores.
- Graça a Deus. Obrigado meu Deus. - As lágrimas de alívio rolaram em meu rosto.
- Daqui a pouco ela acorda, converse com ela. Não a deixe sozinha, por favor. Vou contatar um psicólogo para atende-la. Vou ligar para Raphael e explicar o que aconteceu, antes que ele apareça aqui.
- Está bem. Liga para o papai. Diga que está tudo bem.
- Está bem. Você é um anjo, Igor. Cada vez mais vejo o seu pai em você. Ele era incrível, devo tanto a ele. Sou grata por Alanna ter você na vida dela, eu sei o que é se sentir indefesa e precisar de alguém para cuidar. Quando fui sequestrada e tive descolamento, seu pai permaneceu comigo todos os dias, mesmo sentindo dor do câncer na fase terminal. Ele engoliu sua dores para me ajudar com as minhas. Não sei se eu conseguiria sem ele. - Minha mãe secou as lágrimas.
- Acho que os De La Cruz tem um fraco por ruivas. Mamãe, não estou conseguindo ficar longe de Alanna. Dói só de pensar que algo ruim pode acontecer com ela. Tenho a olhado de um jeito diferente. Acho que estou apaixonado por ela.
- E isso é bom ou ruim para você?
- Eu não sei até onde é bom e até onde é ruim. Eu sou preconceituoso, sou muito mais velho do que ela, a vi crescer. Mas também eu não estou cometendo nenhum crime. Estou em uma luta interna.
- Isso tem que ser decidido por vocês dois. Ninguém mais. Seu pai e eu já estávamos desconfiados, deixe Alanna saber que você não é seu irmão biológico, ela vai te agarrar. - Minha mãe riu em meio as lágrimas.
- Por isso não quero contar. Ela tem que viver, conhecer pessoas. Não posso prende-la em mim logo de cara. Ela tem que ter escolhas.
- Não podendo te escolher, ela já escolheu você. Imagine ela podendo te escolher? Foi amor a primeira vista, filho. Você é apaixonante, não julgo Alanna. Espero que vocês sejam felizes, sem se machucarem. Não pense muito nos outros, lembra o que eu falei para você um dia? Antes de proteger alguém, se proteja. Não se machuque para cuidar de alguém, você também é importante.
- Tenho medo. - Olhei para baixo.
- Todos nós temos medo, só que o medo não pode ser maior do que você. Não vai saber se não se arriscar. Eu tive medo de perder seu pai De La Cruz, quando descobri que ele estava na fase terminal, eu queria que aquele diagnóstico fosse errado. Assim como seu pai Alix recebeu um diagnóstico errado, queria que o dele também fosse. Infelizmente não era, fizemos um acordo de vivermos um dia de cada vez, como se fosse o último. Tive medo do seu pai Alix nunca me perdoar por aquilo, mas era nossa chance, era chance de seu pai ser feliz. Me sacrifiquei por ele, no final não foi a doença que o matou, foi minha inconsequência, minha covardia, meu medo. Sai a noite enquanto Alix discutia com seu pai, me senti uma pessoa miserável por estar destruindo uma amizade tão bonita. Acabou que agravou o descolamento da minha placenta e fui seguida por umas pessoas, seu pai morreu me defendendo. Meu medo levou a isso. Então não espere perder coisas para ter coragem, a vida passa muito rápido, filho. Não sabemos se estaremos vivos amanhã.
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Igor De La Cruz - Triologia Fake Love 2°
Roman d'amourIgor De La Cruz, filho de mafioso e neto de um homem agressor de mulheres. Cresceu sabendo o que é sentir dor, perdeu as pessoas mais importantes de sua vida, mas ganhou outras que o ajudaram a ser tornar um grande homem. Amoroso, gentil, atencioso...