Capítulo 11

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Igor narrando

Já era noite, Alanna acordou para jantar. Dei a janta em sua boca e escovei seus dentes, ela bebeu um pouco de água e se acomodou na cama.

- Igor, estou com muito sono, desculpe não ficar acordada com você.

- Descansa. Não se preocupe comigo. - Falei.

- Nem vi quando colocaram a cama. Deita e descansa também, por favor. - Ela bocejou. - Promete que vai descansar?

- Prometo. - Quando prometemos algo, cumprimos. Essa é a regra da família. Dei um beijo em sua testa. Ela não sabia, mas os remédios davam sono, um meio dela relaxar.

- Faz um carinho em mim? - Ela pediu manhosa.

- Está me explorando, né? - Sorri para ela.

- Estou aproveitando enquanto posso. Agora você só fica com esses papos de namorar. Vai que volta do Brasil casado. Deixa eu ficar maior de idade, vou atrás de você, ainda vou levar Raphael comigo.

- Então vou ter que comprar uma casa bem grande. - Ela sorriu baixinho e fechou os olhos, enquanto eu fazia cafuné em seus cabelos, logo ela pegou no sono.

Alanna passou a noite bem, fiquei a monitorando. Não deu febre mais não, mas gemeu um pouco, por conta da dor. Coloquei alguns medicamentos em seu soro.
Deitei, tentei dormir, mas não consegui. Só consegui pensar no infeliz do Cauê, como uma pessoa é ridícula a esse ponto?
Estava deitado de lado, a olhando, ela estava deitada de barriga para cima.

Alanna se mexeu um pouco e abriu os olhos vagarosamente, as lágrimas escorreram na lateral de seu rosto.

- Igor. Igor! - Ela estava chorando desesperadamente. Levantei em um pulo.

- Estou aqui. Fiquei calma. O que foi?

- Igor, estou sentindo meu coração explodindo. - A crise de choro ficou mais forte. - Não estou conseguindo respirar, me ajude.

- Olha aqui. Você está tendo uma crise de ansiedade. Eu estou aqui, foca em mim, está bem? - Olhei em seus olhos.

- Não estou conseguindo respirar. - Ela parecia que ia ter um treco.

- Respira o mais fundo que você puder e prende a respiração, vai doer por causa da costela, mas você tem que fazer. - Ela respirava e as lágrimas escorriam. - Vou levantar sua cama. - Sentei Alanna e a abracei. - Eu estou aqui, Nanna. - Seu braço estava na tipóia e o outro agarrado no meu pescoço.

- Estou sentindo um medo horrível, nunca senti isso antes. Parece que vou morrer.

- Isso é psicológico. Talvez o medicamento mexeu com algo que não era para mexer. Fica calma, está tudo bem. Lembra quando você tinha cinco anos e bateu na amiguinha na escola?

- Você me deu um sermão e logo em seguida me pegou no colo. Fez cafuné na minha cabeça, até eu me acalmar. Falou que ia embora se eu continuasse a bater nas pessoas. Eu tive tanto medo de você ir e me deixar.

- E eu fui? Estou aqui até hoje. - Passei a mão em seus cabelos. - Eu sempre estarei aqui para você, então não faça besteiras. Se você fizer eu vou embora. - Falei e sorri.

- Eu me tornei uma pessoa melhor depois disso, tive medo de você ir. Você sempre foi meu super herói. Cuidava dos meus machucados quando eu caía, brincava de boneca comigo, me ensinou a ler e escrever. Como eu viveria sem você? Até hoje não imagino minha vida sem você. O amor que sinto por você é diferente do que sinto por Raphael.

- Você me amou desde a primeira vez que me viu. E eu a você. - Sorri.

- Será que existe um Igor em outra parte do mundo? Só caso se a pessoa for idêntica a você. Será que eu acho um outro Igor? - Queria ter a coragem de falar que ela já achou.

- Você encontrará alguém melhor do que eu. 

- Impossível eu achar uma pessoa melhor que você. - Ela falou fechando os olhos. - Você me conhece melhor do que eu mesma. - Ela se acomodou no ombro. Sua crise passou.

- Vou te deitar, está bem?

- Deita comigo? - Ele segurava firme minha mão.

- Você não pode se virar, vai sentir dor, como vou ficar com você aí? Já viu meu tamanho? - Sorri.

- Fica comigo, então puxa sua cama para cá, encosta aqui. - Ela soltou minha mão.

- Está bem. - Empurrei a cama e encostei ao lado da dela.

- Estou melhor agora. Obrigada, você é meu anjo da guarda.

- Que bom ouvir isso, você me assustou.

- Igor, eu não quero que você vá para outro país, mas vou entender. Não posso controlar da vida, você é adulto e dono do seu nariz. Não ligue para sua irmã mimada e grudenta. Quero que você cresça e alcance tudo o que seu coração almejar. Você é uma pessoa muito boa, merece tudo de bom. Sou grata por ter você.

- Obrigado, Nanna. Estou vendo que você está amadurecendo.

- Sim. As vezes temos que amadurecer na marra. Estou pensando em sair do país. - Ela ficou encarando o teto. - Tenho uns conflitos internos, acho que são hormônios da puberdade.

- Vai estuda o quê? Já sabe?

- Não, ainda não sei. Só quero ficar longe de tudo. - Seu olhar ficou triste, uma lágrima escorreu no canto de seu rosto.

- Não gosto de te ver triste. - Ouvi-la dizer aquilo me fez pensar. Ela só podia estar tentando fugir dos seus sentimentos. Estava igual a mim.

- Vou ficar bem, tenho que amadurecer e liberar algumas coisas dentro de mim. - Ela ficou em silêncio e preferi deixa-la quieta.

Alanna dormiu novamente, fiquei deitado olhando para ela.
Não posso contar para ela que não temos o mesmo sangue, isso aumentaria ainda mais suas expectativas de ficar comigo.

Ao mesmo tempo que quero que esse sentimento cresça, quero afasta-lo. Sou muito velho para ela, eu mesmo tenho preconceito com isso.
Alanna não viveu nada da vida, merece curtir antes de arrumar compromisso com alguém.

Após dois dias em observação, fomos para casa, ela teve que ficar por mais um dia, pois deu febre.
Ainda bem que tenho minhas coisas na casa de meus pais.
Ajudei Alanna a subir para seu quarto e a deitar na cama.

- Vai querer minha ajuda para tomar banho? - Perguntei após separar a roupa dela e colocar em cima da cama.

- Vai me ensaboar? - Ela sorriu sem graça.

- Posso fazer isso. Não tem nada que eu já não tenha visto, sou médico, lembra?

- Mas eu sou sua irmã. Você me daria banho? - Ela perguntou surpresa.

- Se fosse necessário, sim. Mas sei que você vai ficar sem graça, posso te auxiliar. Eu também já te dei banho quando criança. - Sorri. - Mas não vou ultrapassar a linha do limite, não quero te constranger.

Igor De La Cruz - Triologia Fake Love 2°Onde histórias criam vida. Descubra agora