Capítulo 50

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Igor narrando

Alanna foi se afastando até bater na parede, em seguida caiu sentada.
Eu não tinha forças para levantar e ampara-la.

- Por que você não me contou isso, Igor? Por quê? - Ele apoiou os braços nos joelhos e segurou a cabeça com as mãos.

- Não queria te causar essa dor. Sei o quanto isso dói.

- Igor,  não posso continuar com você. - Levantei os olhos e olhei para ela.

- Você está me punindo? Por que está fazendo isso comigo?

- Você não entende? Não sou mulher para você. Me sinto um lixo humano. Tenho nojo de mim mesma.

- Alanna, não faz isso comigo. Já não basta a dor de perder um filho, de quase perder você. Agora você quer me deixar? Eu mereço saber porque estou sendo punido?

- Você só não merece uma mulher igual a mim. - Ela olhava para o chão com os olhos arregalados.

- Alanna. - Levantei e fui até ela. - Não faça isso com a gente. Você não vai estar feliz, nem eu. Vamos nos machucar longe um do outro. - Passei a mão em seu cabelo.

- Se quiser casar ainda, saiba que em dois meses iremos nos separar. Se puder cancelar, eu agradeço. Agora vá embora, quero ficar sozinha.

- Se ponha no lugar de alguém, pelo menos uma vez na vida. Você não está vendo como estou sofrendo?

- Não posso ficar com você, VOCÊ NAO ENTENDE? - Ela gritou e olhou para mim.

- Não, eu não entendo. Vamos sofrer separados um do outro, você prefere ficar longe sofrendo e me vendo sofrer, do que enfrentarmos isso juntos?

- Vai embora Igor. Me deixa sozinha.

- Eu não vou te deixar, está escutando. Vou respeitar sua vontade e não vou invadir seu espaço, mas eu vou ficar do seu lado. Ao contrário de você, eu sei o que é ter empatia. Me importo com sua dor, não vou deixar você sozinha em uma fase tão ruim. Desculpe por tudo isso, se eu tivesse lembrando de usar o preservativo você não teria engravidado, se eu não tivesse te tirado de casa você não teria sido sequestrada. Se eu sufocasse o amor que sinto por você e me afastasse antes, não estaríamos aqui agora machucando um ao outro. Vou ficar lá embaixo esperando nossos pais chegar, depois vou para casa. Quando você for sair me avise para te acompanhar. - Tive medo dela tentar contra a própria vida. - Te amo. Fica bem.

Saí e bati a porta atrás de mim. Fui no banheiro e lavei o rosto.
Uma hora depois meus pais chegaram, contei o que tinha acontecido, expliquei que ia cancelar o casamento.
Minha mãe estava com os meus exames nas mãos, disse que tinha dado uma pequena alteração mas não era nada grave. Só tinha que evitar tristeza me alimentar bem. Como não ficar triste?

Dei um beijo neles e pedi para me avisarem se Alanna fosse sair, eu a acompanharia. Pedi para não contarem nada para ela, já estava com a cabeça muito cheia.

Entrei em casa me arrastando, deitei na cama e me permiti chorar. Vou sofrer pelo menos uma semana, depois vou atrás da cura para o útero de Alanna.
Que vida, que vida.

Minha mãe tem ficado em casa com Alanna, ela tem me informado sobre o dia dela. Passei confiança para eles, falei que estou bem. Mas não estou nada bem, até febre eu tive. Desde que vim da casa deles estou doente.
Tem quinze dias que não a vejo, tenho me alimentado pouco. A doméstica que vem de dois em dois dias, tem feito minha comida.

Criei uma fórmula para Alanna tomar, sei que ela vai recusar se souber que foi eu quem fiz.
Expliquei minha mãe que era só misturar no suco, não tem gosto.
Pedi para um segurança do meu pai vir buscar.

Ela tem bebido a fórmula que fiz há um mês, sem saber que está se tratando.

Minha mãe ligou dizendo que Alanna sairia hoje a noite. Vesti meu terno preto, para ficar padrão, peguei minha moto e fui para a casa dos meus pais.
Fiquei parado do lado de fora, perto do carro que ela sairia.
Às dezoito horas Alanna saiu, ela estava linda. Permaneci rígido, posicionado, olhando para frente. Ela levantou os olhos e olhou para mim, seus olhos ficaram rasos de lágrimas.

- Igor? - Ela falou surpresa.

- Boa noite senhorita Alanna. - Falei formalmente, como um profissional.

- Agora você vai ser meu segurança? E se eu não quiser que você me acompanhe? - Ela olhava para mim e eu olhava para frente, por cima de sua cabeça.

- Não trabalho para a senhorita, então não recebo suas ordens.

- Fala sério, Igor. Vamos logo, não quero me atrasar. - Ela falou contrariada. Abri a porta e ela entrou no carro, sentando no banco de trás.

Comecei a dirigir. O endereço dava em uma boate, o que Alanna estava aprontando?

Parei em frente a boate, abri a porta para ela descer e dei a chave para o manobrista.
Entrei com ela e o outro carro com seguranças ficaram do lado de fora. Eles me conheciam bem, sabiam que não precisava ficar agarrados em mim.

Alanna encontrou algumas colegas de escola, fiquei de longe observando. Alanna dançava e olhava para mim.
Todos que a observasse diria que ela está bem, mas eu sei que ela não está. Por isso veio para esse lugar, tentar preencher o vazio.

Alanna bebeu até não conseguir mais ficar de pé.
Ela sentou no sofá e não conseguia mais levantar a cabeça, a peguei e joguei no meu ombro.

Dirigi até na casa de meus pais, deitei Alanna na cama e tirei suas sandálias.
Triturei um remédio para ressaca e misturei na água, coloquei em uma seringa e dei em sua boca. Alanna estava desacordada. Cobri seu corpo e sai do quarto.
Desci, avisei meus pais que ela já estava medicada e fui para casa.

Tomei um banho relaxante e deitei para dormir. Rolei na cama a noite toda, não consegui descansar, a febre não dava trégua. Levantei com uma dor de cabeça terrível.
Tomei café da manhã e deitei novamente, tentei dormir novamente.
A febre passou um pouco e voltou pior, fiquei deitado o dia todo. A diarista trouxe minha comida no quarto, pedi para ela não falar que eu estava adoentado. Minha mãe poderia ligar para perguntar.

Faz dois meses que Alanna sai todo final de semana e eu vou fazer sua segurança.
Faz três meses que ela está tomando a fórmula.
Tem quatro meses que estou vivendo um verdadeiro inferno sem Alanna. Queria poder beija-la e sentir seu corpo.

Igor De La Cruz - Triologia Fake Love 2°Onde histórias criam vida. Descubra agora