Capítulo 31

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Igor narrando

Já se passaram quatro meses desde que voltei da Espanha. Esse final de semana volto para lá, vou casar com a minha Alanna.
Já fiz trinta e um anos, o ano já virou. Passei meu aniversário em missão, nem tive tempo para comemorar.
Estamos namorando há quatro meses, nos falamos todos os dias. A saudade está enorme, é doloroso ficar longe. Em pensar que tenho quase dois anos para ficar aqui ainda.
Estava arrumando minhas malas, quando Amauri chegou.

- Fala Igor. Beleza? - Amauri é o capitão do batalhão onde estou dando instruções.

- Oi senhor, bom dia. - Prestei continência e apertei sua mão.

- Vim te dar uma boa e má notícia. - Ele sorriu e coçou a cabeça.

- Pode falar. - Parei e olhei para ele.

- Bom, seu trabalho é excelente, aprimorou nossos soldados em menos tempo do que o previsto. Eles estão ótimos.

- Essa é a boa notícia? - Perguntei.

- Sim. - Ele sorriu. - A má é que vamos liberar você mais cedo que o esperado. Não vou ficar te prendendo aqui, mas vou pagar pelos anos de contrato.

- Isso não é um problema. Fico grato que pude ajudar. O ano e meses que ainda faltam, não precisa me pagar, está tudo bem. - Sorri para  ele. Eu tenho tanto dinheiro que poderia trabalhar de graça para eles por anos, pois eu gosto do que faço.

- Faço questão de te pagar. Vamos precisar de você no futuro, não quero que vá embora com uma ideia errada do Brasil.

- O senhor é quem sabe, sou grato por tudo. Com certeza voltarei, estou até pensando em morar aqui. Esse final de semana é meu casamento, minha noiva iria gostar muito daqui.

- Que legal! Se precisar de dicas, lugares, conte comigo.

- Se quiser viajar para a Espanha é só falar, pode ficar na minha casa.

- Pode deixar meu amigo. - Amauri é um bom amigo. Ele tem a mesma idade que eu, sua esposa está grávida. - Já fui lá uma vez, só que fui para um tratamento para minha esposa, tem uns três anos.

- Entendi. Não vamos perder o contato. Você é uma pessoa que vou levar para vida, é difícil achar pessoas honestas como você.

- Quando Noah nascer você será o padrinho. - Ele sorriu e me puxou para um abraço.

- Sério? Poxa, muito obrigado. Fico feliz por essa notícia. Se um dia eu tiver um filho, você será o padrinho também.

Amauri foi deixado em um orfanato quando bebê. Aos dezoito anos, foi mandado embora do orfanato, enquanto estava lá se dedicou aos estudos.
Morou por um tempo na rua, deu duro para conseguir fazer um curso preparatório. Ele limpava a escola, onde o curso era dado, em troca o dono da escola pagava seu curso.
Fez prova para sargento e passou em primeiro lugar.
No Exército fez vários outros cursos e faculdade.
Com vinte e cinco anos casou e desde então sua esposa tentava engravidar.
Seis anos depois ela conseguiu.

- Assim que der vou te visitar. A médica que tratou minha esposa é de lá. Mahelí James, talvez você conheça. Minha esposa teve dificuldades para engravidar, há três anos fui lá. Ela nos atendeu e desde então iniciamos os tratamentos, ela falou que levaria três anos para ela engravidar e aqui estamos nós, grávidos.

- Mahelí James? - Peguei meu celular em cima da mesinha. Abri a galeria e coloquei nas nossas últimas fotos em família, do jantar de despedida e do café da manhã. - Por acaso é essa aqui?

- Sim, é ela mesmo. Você a conhece?

- Sou médico graças a ela. Mahelí é minha segunda mãe e agora miga sogra. - Sorri. Contei toda a história para Amauri. Ele se emocionou.

- Sua mãe é uma pessoa iluminada. Somos pessoas com um passado tão triste, mas optamos por ter um futuro feliz.

- Sim. Ela já sofreu muito, você acredita que ela foi vendida?

- Vendida? Como assim?

- O pai devia muito, daí a levaram e a leiloaram. Graças a Deus que meu pai, Alix a comprou. Mas ela teve que ter muita paciência com ele. O cara não era fácil. - Contei a história.

- Nossa cara! Que história. Isso só aumenta minha admiração por você e sua família. Assim que der, vamos para a Espanha. Precisam agradecer sua mãe pessoalmente.

- Fico feliz por termos uma ligação. Desejo tudo de bom para você e sua esposa. Em breve conheceremos o Noah.

- Obrigado meu amigo. Bom casamento, desejo que você seja tão feliz quanto eu sou no meu casamento. Se precisar de mim, não hesitei em me chamar, você é um grande amigo.

- Obrigado irmão. - Abracei Amauri.

Acabei de arrumar minha coisas e caminhei em direção a saída. Um carro do exército me levou até ao aeroporto.
Eu estava livre para curtir a vida com Alanna, já não tinha compromisso no Brasil.

Entrei no avião e avisei a ela que chegaria pela manhã, do outro dia.
Meu coração está acelerado, estou ansioso para encontrar minha noiva amada. Estou morrendo de saudades dos meus pais também e de Raphael.

Cheguei na Espanha e papai estava me esperando no aeroporto. Corri em sua direção e o abracei, tirando seu corpo do chão.

- Você está mais forte do que quando foi. O que anda tomando? Tem que passar para seu velho pai. - Ele me abraçou pelo pescoço.

- Te amo, sabe disso? - O abracei pela cintura e o joguei no ombro. Sai correndo pelo aeroporto. Meu pai gargalhava.

- Sabe que seu pai fazia isso comigo? - Ele falou quando o coloquei no chão. Seus olhos ficaram rasos de lágrimas. - Parece que estou  vendo meu amigo aqui. - Ele me abraçou. - Obrigado por ser tão especial e permanecer em nossas vidas. Tantos filhos viram adultos e vão embora, obrigado por ter permanecido. Te amo, meu filho.

- Te amo, meu pai. - Choramos abraçados um no outro.

- Será que meus netos vão puxar a mim ou a De La Cruz? - Ele falou secando as lágrimas.

- Já está pensando nos netos? - Sorri.

- Claro, estou ficando velho. Alanna não vai querer filhos nem tão cedo, ela nunca nem quis casar. Derrepente com você é diferente. - Ele sorriu.

- Eu acho que ela vai querer sim. Já estava até dizendo que quer as crianças parecidas comigo.

- Crianças? Você é o cara mesmo. - Peguei as malas que deixei no chão e caminhamos em direção ao carro.

Durante o trajeto, contei para papai sobre Amauri.
Como esse mundo é pequeno e como é bom sermos pessoas de bem.

Igor De La Cruz - Triologia Fake Love 2°Onde histórias criam vida. Descubra agora