Capítulo 37

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Igor narrando

Deitamos para descansar um pouco, daqui a pouco seria o enterro. Não consegui dormi, pela primeira na vida rolei para lá e para cá na cama e não consegui pregar os olhos.

Antes do dia clarear levantei e preparei o café para Raphael.
Sentei em frente ao meu notebook e fiquei passando as fotos e os vídeos de Alanna conosco. Ela estava tão feliz, sorri ao olhar o sorriso dela.
Eu vou atrás de vingança, por você. Passei a mão na tela do notebook.

Subi para meu quarto e vesti minha camisa preta, vesti meu terno preto e parei em frente ao espelho.
Meu coração batia lentamente, parecia que ia parar a qualquer momento.

- Alanna, você foi real ou foi tudo ficção da minha cabeça? Eu queria acordar desse pesadelo. Parece que isso tudo foi um sonho bom e do nada se tornou um sonho ruim, se foi um sonho não deixe que eu te esqueça. - Falava me encarando no espelho. - Tenho medo de estar enlouquecendo. Você prometeu que ia ficar ao meu lado, foi eu me distanciar um pouco que você foi embora, por quê? - Meu coração doía tanto, eu olhei a caixinha que ela me deu com o cordão. - Não me deixe, isso é uma covardia, sabe disso? - Fechei os olhos e respirei fundo. - Se você não estiver mais aqui entre nós, vem em forma de sonho. Não me deixe aqui nessa escuridão e nesse desespero sozinho. Pra que você foi falar que me amava de um jeito diferente? Por que me deu tanto amor nesses últimos dias? Era uma despedida? - Passei a mão no rosto. - Eu queria conseguir chorar, mas eu não consigo. Não aceito que seja você que se foi tão cedo. Não consigo lidar com a ideia de que não vou mais te ver. Por que tudo que eu amo se vai? Como sempre cumprimos nossas promessas, eu prometo que vou matar esses animais. E se você estiver viva, eu vou te encontrar. Amanhã sai o resultado do DNA, estou orando pra que eu não esteja enlouquecendo. Se for você eu vou me confortar e só vou ter meu luto depois que me vingar. Se não for você, se mantenha viva por favor, eu vou te encontrar.

- Igor. - Raphael bateu na porta do quarto.

- Entra mano. - Fui ao encontro dele.

- Você está bem? Não conseguiu dormir? Está falando com quem?  - Ele olhou em volta.

- Não consegui dormir. Eu só queria conseguir chorar, estou enlouquecendo e sentindo o peso da culpa. Agora eu entendo o que a mamãe passou quando meu pai De La Cruz morreu. Dói você não poder fazer nada.

- Não carregue um peso que não é seu. Não foi sua culpa. - O abracei.

- Você quer roupa? Pode escolher o que você quiser, tem umas que não dão em mim mais, vai dar certinho em você.

- Vou dar uma olhada. Obrigado.

- Ver aí no closet, vou descer e ver se na consegui rastrear esses infelizes.

- Está bem, vou tomar banho aqui mesmo. - Ele me puxou para um abraço. - Eu sei que você vai achar esses animais. Vamos ter nossa vingança.

- Tomara. - Retribui o abraço e em seguida sai do quarto.

Entrei no escritório e sentei na frente do notebook, os infelizes tinham pego um avião para a Turquia. Cauê não embarcou junto com eles, aí estava a minha oportunidade de vingança.
Sai e sentei na poltrona da sala, esperando Raphael. Deixei o notebook gravando tudo.

Tomamos o café da manhã e saímos, passamos no hospital para pegar meu pai e minha mãe. Meu pai nem conseguiu falar comigo direito, só sabia chorar.
Todos me olhavam com pesar, não porque eles não amavam Alanna, mas porque sabiam que eu era o que amou com mais intensidade, que mais cuidou e se dedicou. Abri mão da minha vida para ser presente na deles.

Chegamos no crematório, todos desceram do carro e eu continuei sentado atrás do volante. Queria sair correndo dali.
Raphael empurrou a cadeira de rodas com meu pai sentado e minha mãe deu a volta, para bater no vidro do carro, do lado que eu estava sentado.

- Filho. - Abaixei o vidro e continuei olhando para frente. - Vamos? Se preferir ficar aí, vamos entender. - Ela passou a mão no meu rosto.

- Eu não estou sabendo lidar com essa dor, parece que meu coração está sangrando. Estou desesperado por vingança. Que dor é essa mamãe?

- Você tem que pôr para fora a dor que está sentindo. Tem que aceitar o que está acontecendo, por mais doloroso que seja. - Ela falou em meio as lágrimas. - Se permita ter seu luto.

- Eu não vou aceitar, até eles me provarem que era Alanna quem estava naquele helicóptero. Talvez eu estava me sabotando ou enlouquecendo, mas eu quero ter a certeza que era ela. Por que não consegui protege-la?

- Antes de proteger alguém, se proteja. Não é isso que sempre digo para você? Não coloque sua vida em risco.

- Eu não consegui proteger quem eu queria. Falhei na minha promessa, não preciso me proteger mais. Se caso a senhora me perder também, cuide do Raphael por mim. Tudo que for meu, pode dar para ele, não deixe que ele saia de casa. Proíba se for preciso. Ele não vai precisar trabalhar pelo resto de sua vida.

- Eu vou ter que te prender em algum lugar, Igor? - Ela soluçou. - Você está proibido de se por em risco. - Ouvi-la dizer aquilo me causou mais dor. Eu tinha que me vingar.

- Não vou ficar de braços cruzados enquanto esses infelizes vão fazendo vítima por aí. Já sei por onde começar. - Olhei para minha mãe. - Vamos, temos um funeral para participar. - Abri a porta do carro e a abracei.

Caminhamos até a sala onde estava o caixão. Meu pai estava mais a frente com Raphael, minha mãe caminhou até eles e eu mantive a distância.
Após alguns minutos a esteira começou a puxar o caixão. Meu mundo girou.

Encostei na parede e fui caindo sentado, segurei a cabeça com as duas mãos. Meu coração acelerou de um jeito frenético, não consegui olhar aquele caixão entrando para ser cremado.
Tentei controlar a ansiedade, que sentimento ruim. Tentei respirar e faltou ar.  Lembrei de ter ensinando Alanna a contar até dez se abraçando, para mandar a ansiedade embora.
Lembrei de quando ela era pequena, seu sorriso tão puro e inocentes.
Seus passinhos ao aprender andar.
Quando aprendeu a andar de bicicleta.
Suas apresentações na escola. Seus aniversários, sempre ganhei o primeiro pedaço de bolo.

Respirei fundo, fazendo os exercícios. Tentei manter a tranquilidade e pensar em coisas boas.

Raphael veio em minha direção e me abraçou. Enquanto ele chorava eu tentava manter a calma, lembrando de coisas boas, principalmente do quanto fui amado por ela. Alanna passou por cima de tudo para ficar comigo.

Igor De La Cruz - Triologia Fake Love 2°Onde histórias criam vida. Descubra agora