Capítulo 36

52 6 0
                                    

Igor narrando

Fomos no aeroporto e Raphael pegou a moto. Fomos para o hospital, meu pai passaria por uma cirurgia.
Mamãe estava sentada na recepção, parecia exausta.

- Igor, vai na frente, não vou conseguir olha-la. - Raphael bateu no meu ombro e entrou no banheiro.

Meus pés pareciam que tinham toneladas, nunca me senti tão covarde na vida, nunca caminhei tão lentamente. Ela me avisou entrando e me analisou, como esconder algo de alguém que te decifra? Mamãe levantou e correu em minha direção.

- Igor. - Ela me abraçou. - Está tudo bem? Que semblante é esse? - Eu a olhei nos olhos e não consegui falar uma palavra sequer. - Fala Igor, o que está acontecendo? - A puxei abracei apertado.

- Nós a perdemos. - Só consegui falar isso. - Se eu conseguisse chorar, sairia sangue.

- Mas você pode rastrea-la, não pode? Você a encontrou das outras vezes. Graças a Deus que você é bom nisso. Vai ficar tudo bem, vamos acha-la. - Ela me soltou e se afastou para olhar meu rosto.

- É mais complicado do que a senhora imagina, mamãe. - Respirei fundo e olhei para cima. Parecia que meu coração ia parar a qualquer momento.

- O que houve Igor? - Ela segurou meu rosto. Por que você está assim? Olhe para mim.

- O helicóptero que Alanna estava explodiu no ar. As três pessoas que estavam dentro morreram carbonizadas.

- O que você está falando, Igor? - As lágrimas escorreram no rosto da minha mãe. Isso é mentira. Não pode ser verdade. Você nunca mentiu para mim, meu filho. Isso não é hora de brincar com algo tão sério. - O desespero se instalou no rosto dela. - Fala que é mentira Igor!  - Ela me agarrou com desespero e suas pernas falharam. Segurei o corpo de minha mãe antes dela cair no chão.

- Me perdoe, não consegui protege-la. Eu falhei na minha promessa mamãe. Eu não consigo chorar, minha cabeça está um turbilhão. Parece que vou enlouquecer, eu não sei o que faço. Me perdoe.

- Igor, cadê Raphael? - Ela falou em meio as lágrimas. Tentando se acalmar. A sentei.

- Está no banheiro, ele não teve coragem de vir falar com a senhora.

- O que vamos fazer agora? Como vai ser, Igor? - Ela se abraçou enquanto chorava.

- O que vocês vão fazer eu não sei, mas sei o que vou fazer. Vou atrás desses desgraçados. Nunca quis as origens de um mafioso, apesar de amar meu pai De La Cruz e meu pai Alix. Agora eu aceito, vou em busca de vingança, nem que isso custe minha vida.

- Igor, por favor. Eu não vou aguentar perder mais ninguém. - Ela se levantou e me abraçou com força, se tremia toda em meio ao choro.

- Me desculpe mamãe. Dessa vez não posso te obedecer. Sem Alanna minha vida não tem mais sentido, não vou conseguir conviver com essa dor e a saudade, como o peso de saber que foi por minha causa. A senhora mais do que ninguém entende o que é perder alguém que se ama.  Não vou deixar esses desgraçados impunes. Vou atrás de Remo e ele vai ter que dar conta do irmão dele, do enteado e do filho. 

- Igor, essas pessoas são barra pesada. - Gargalhei, a minha sanidade tinha ido embora e só restou a dor.

- Eles não me conhecem, não sabem o mostro que tem aqui dentro de mim. Eles abriram a jaula, agora vou deixa-lo sair. Avise o papai que em breve eu volto. Vou achar o lugar onde eles então vou matar um por um. Te amo mamãe, diga para o pai que o amo.

- Não faz isso, Igor. Por favor. - Ela se agarrou em mim e começou a gritar. - Eu não vou suportar a dor de perder outro De La Cruz na minha vida. Igor!  Já está doendo perder sua irmã, não faz isso comigo. - Ela gritava agarrada em mim. Raphael entrou no corredor e a segurou.

- Eu sinto muito por não poder te obedecer hoje. Desculpe. - Sai e entrei no meu carro. Dirigi até minha casa, lá eu tenho equipamentos de ponta. Vou achar esses bastardos.

Meu celular tocou e não quis atender, fiquei o dia todo preso nas telas dos computadores. Não comi nada e não descansei, já era madrugada quando ouvi a porta da minha casa abrindo, não levantei para ver quem era.
Só podia ser alguém da minha família, meu pai e minha mãe tinham a chave.

- Igor, está tudo bem? - Raphael entrou no escritório.

- Estou bem, vou achar esses desgraçados Rapha.

- Papai acordou, está preocupado com você.

- Eu estou bem. Só vou ter meu luto quando encontrar esses animais. Avise-o para mim.

- O enterro vai ser amanhã pela manhã. - Ele sentou na poltrona ao meu lado e encostou a testa na mesa. Dava para ouvir o choro do meu irmão. - Ela estava tão feliz. Tirei uma foto dela quando estávamos saindo do hotel. - Ele colocou o celular em cima da mesa, a foto dela estava lá.

- Ela estava tão linda. - Peguei o celular e olhei aquele rosto sereno e feliz.

- Tem um vídeo. - Ele fungou. - Passe para o lado.

Oi, hoje é o grande dia. Minha maninha vai casar, coitado de Igor. - Raphael falou.

Está é com inveja que ninguém te quer. - Ela fez uma careta para ele.

Te amo, Alanna. Desejo que você seja feliz. Cuide bem do meu irmão, heim. - Ela o abraçou por trás e deu um beijo em seu rosto.

Te amo. Que você seja feliz um dia, tanto quanto eu sou. De La Cruz, estou chegando. Me aguarde. Obrigada por me fazer a mulher mais feliz do mundo. Te amo. 

- Obrigado por isso, mano. - Meu coração se encheu de alegria por alguns segundos. - Já estou cheio de saudades dela. - Devolvi o celular a ele e respirei fundo, sentindo a maldita dor.

- Alanna era uma tagarela, não é? - Ele chorou quietinho. - Ela sabia ser chata.

- Raphael, acho que estou ficando louco. Eu não aceito que aquela seja Alanna, eu a vi entrando no helicóptero, o vestido de noiva é o vestido do vídeo. Vi o helicóptero explodir no ar, mas não consigo acreditar que é ela.

- Se eu estou sofrendo, imagine você. - Ele limpou as lágrimas.

- Eu não posso aceitar que ela se foi e me deixou aqui, tão precocemente. Peguei uma mecha de cabelo dela no necrotério, vou fazer o teste de DNA. Não acredito nesse povo que trabalha em necrotério, aquele médico é  suspeito, ele falou meu nome sem ao menos eu me apresentar. O exame demora um pouco, vou fazer aqui em casa mesmo, tenho os aparelhos aqui. Não vou descansar até descobrir o que aconteceu.

Igor De La Cruz - Triologia Fake Love 2°Onde histórias criam vida. Descubra agora