48

805 42 3
                                    

Pov:Ana

Desde que eu conheço o Vn, nunca o vi chorar. Isso pode ter me comovido um pouco, mas não o suficiente para voltar atrás. Eu estava perdida; isso tudo estava acabando comigo. Eu queria que tudo fosse diferente; queria poder realmente acreditar em tudo o que ele dizia, mas é como se diz a frase, né? Ou muda, ou tudo voltará a se repetir. Minha cabeça estava cheia com tudo isso. Não sei o que vai ser daqui para frente. Não estou preparada para ver minha filha implorando para ver o pai; tenho medo de ela me odiar por isso, mas sei que, no futuro, ela vai entender a mãe dela.

Bom, esse é o momento perfeito para me mudar. Não quero ter que esbarrar com ele por aí e vou tentar ao máximo manter minha filha ocupada para que ela não lembre dele. Sei que vai ser meio impossível, mas vou me esforçar. Não sei o que vai ser daqui para frente; queria poder estar presente com Kaylane na gestação dela. Quero poder ver meu sobrinho crescer, mas preciso recomeçar.

Já estava farta de tanto pensar. Resolvi tomar um banho bem gelado e ir descansar; amanhã é outro dia.

A água gelada fez meu corpo tremer e, de certa forma, clareou meus pensamentos. Olhei para o espelho e me vi ali, meio perdida, mas determinada a seguir em frente. Estava cansada de toda aquela confusão emocional, de tantas incertezas. Eu sabia que precisava mudar, precisava recomeçar.

Quando fui para a cama, a casa estava silenciosa. Só o som suave da respiração da minha filha no quarto ao lado me fazia companhia. Fiquei me virando, tentando encontrar conforto e calma. A cabeça estava a mil, pensando no que seria de nós em um novo lugar, longe de tudo e de todos. Medo e esperança se misturavam dentro de mim, mas decidi que a esperança deveria prevalecer.

Pov:Vn

A dor que eu estava sentindo não estava escrita. Não sabia o que estava acontecendo comigo; eu realmente achei que ainda tinha chances de consertar tudo, voltar e me reconciliar com ela. Não era para ser assim. Não pensei que isso tudo ia acabar assim. Não sei o que vou fazer. Perder a minha filha de novo, isso não pode estar acontecendo. Não pode.

Como minha filha vai crescer sem o pai? Eu juro por tudo que, por mais erros meus e por mais escolhas erradas, eu queria ser um bom pai. Eu estava me esforçando; queria poder ser amado pela minha pequena, queria ser seu herói. Eu só queria poder ver o seu sorriso enorme toda vez que me visse. Não quero vê-la sofrer de modo algum. Eu só espero que a Ana arrume alguém muito melhor que possa me substituir logo. Deveria ser eu, apenas eu, mas eu tinha que errar; eu tinha que estragar tudo. Quero vê-las felizes, mesmo que não seja ao meu lado.

Eu não deveria ter entrado na vida dela. Não deveria, mas como eu ia saber que eu mesmo ia estragar tudo? Por quê?

Talvez seja melhor assim. Eu não seria capaz de ser um orgulho para ela, não seria capaz de proporcionar o que ela realmente merece. Essa é a vida que levo; sempre foi e sempre vai ser. Eu sei muito bem o meu destino; sei bem que dessa eu não saio vivo. A vida é feita de escolhas e cada escolha tem sua consequência, e essa está sendo a minha consequência: ficar longe das pessoas que mais amo. Eu entrei nisso para conseguir salvar a vida de quem amo e, mesmo assim, eu a perdi. Eu entrei nessa pensando que não seria capaz de conseguir algo melhor e, mesmo pensando no bem dos outros, só continuo perdendo e perdendo.

Essa desgraça de doença só sabe ferrar com a minha vida, estraga tudo. Não é possível. Como fui burro, idiota, em achar que um dia poderia respirar sem me preocupar com alguma coisa, em achar que poderia ser feliz. Eu perdi tudo o que tinha; eu a deixei ir sem hesitar, sem mesmo impedi-la.

Perdi minha mãe, minha mulher e minha filha. Realmente, eu fui um merda na vida passada, só pode - rio com meu próprio pensamento.

Quanto à minha mãe, entrei nessa ilusão por ela, para salvar a vida dela. Eu não tinha outra opção, muito menos ela. Eu tinha acabado de descobrir que ia ser pai, não trabalhava e não encontrava emprego. Mas, quando surgiu uma oportunidade no morro, não pensei duas vezes. A grana que eu ganhava era boa; conseguia pagar o tratamento da minha mãe e ainda sobrava para colocar comida dentro de casa. Mas, para variar, minha felicidade não durou muito tempo. Eu perdi minha mãe. Ela era uma mulher incrível, me criou sozinha por anos, deu tudo de si para me criar. Ela vivia falando que isso estava errado e que eu deveria procurar outra coisa, mas eu já estava muito envolvido com as coisas do morro; não tinha para onde correr.

Eu quis dar um tempo com a Ana na época, apenas para conseguir dinheiro e voltar para construir a minha família. Mas, com a morte da minha mãe, eu a deixei sozinha; eu simplesmente abandonei a minha responsabilidade. Como pude ser tão burro ao ponto de perder tudo sozinho? Isso tudo foi culpa minha, só minha. Ninguém decidiu nada por mim; foi apenas eu. Como pude ser tão idiota?

Agora já é tarde; não posso voltar atrás e consertar tudo. Vou cuidar do meu morro e tentar passar dos 30 - sorrio com meu próprio pensamento.

Agora tudo vai voltar a ser como antes, pelo menos eu espero. Cheguei em casa e não pensei duas vezes em bolar um; precisava esvaziar a mente e essa era a única solução. Da última vez, não deu muito certo, mas desta vez vou me certificar de não passar do limite.

_____________________________________

Gente me desculpem pelo cap pequeno, eu tinha esquecido de lançar ele.

Me aguardem que hoje ainda sai mais um

Beijos!💋

Desculpe pela demora rs

sobre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora