Ana Clara, uma jovem de apenas 19 anos que enfrentou muitas dificuldades em sua vida e se tornou mãe cedo, se vê envolvida em uma situação inesperada ao se apaixonar pelo novo dono do morro para onde ela se mudou. Essa reviravolta traz consigo desaf...
Já faz três semanas que eu tô vindo aqui, e ele não tá tendo nenhuma reação ou algum tipo de melhora. Eu saio do trabalho e venho direto pra cá, não tô tendo nem tempo pra minha filha direito. Não consigo contar pra ela, e nem quero. Não faço a mínima ideia de como ela vai reagir, e isso vai ser um baque muito grande pra uma criança. Eu não quero perder as esperanças, mas confesso que alguma coisa dentro de mim diz que ele não vai acordar. Eu só queria que tudo fosse diferente, só queria isso...
Cheguei no hospital, me identifiquei na recepção e fui até a sala onde ele estava. Todo dia que eu vinha aqui e via ele desse jeito, me dava um aperto no coração e eu não conseguia segurar o choro. Era impossível evitar.
— Sabe... Ontem, a nossa filha ganhou a primeira estrelinha dela de melhor aluna — tirei a estrelinha da bolsa.
— Ela queria que você estivesse lá. Eu ainda não tive coragem de contar pra ela o que aconteceu, e como sempre, eu inventei uma desculpa horrorosa. Mas a nossa filha é muito esperta, ela não acredita mais em mim, sabia? Eu até acharia que era você que estava fazendo uma lavagem cerebral na menina pra ela não acreditar em mim, mas você insiste em ficar desacordado. Não sabia que a gente ia terminar assim, eu achava que você ia morrer com a facada que eu ia te dar caso olhasse pra outra mulher — dou um sorriso em meio ao choro.
— E outra, Amanda e o Perigo se resolveram. Fico feliz por eles, e eu espero que eles não terminem de novo. Eles combinam muito, e eu fiquei sabendo que a Amanda deu um cassete no Perigo porque ele foi no supermercado e sorriu pra atendente do caixa. Juro, ela é louca. Não julgo, faria igual, mas fiquei com dó do bichinho, apanhou à toa, coitado... À toa não né. Aí, olha, quem vê de longe pensa que eu sou louca. Eu espero que você esteja ouvindo pelo menos um terço do que eu tô falando. Não quero ser taxada de louca por sua causa. E se eu já não estou sendo, né? Aí, que ódio.
— Já deu minha hora. Vê se não demora muito pra acordar, tá? Tá meio complicado sem você. Nunca pensei que ia dizer isso, mas tô com saudade de você torrando a minha paciência. Eu te amo, meu amor — porra, eu tô muito sensível, tô chorando igual uma louca.
Antes que eu limpasse as lágrimas do meu rosto, de repente, os dedos dele se mexeram. Meu coração disparou. Apertei sua mão um pouco mais forte.
— Vinicius? — chamei, minha voz trêmula.
Ele abriu os olhos lentamente, como se estivesse despertando de um longo sono. Olhou ao redor, desorientado, até que seus olhos focaram em mim. Por um segundo, o silêncio se manteve, o alívio tomou conta de mim, e eu abri a boca para falar.
Mas, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a voz dele saiu, rouca e levemente arrastada:
— Porra, Ana Clara... você é muito feia chorando. — Que absurdo.
— Aí, meu Deus, seu desgraçado quer me matar do coração, vou chamar o médico — eu nem tava acreditando, mas ele estava ali, de volta. A adrenalina ainda corria pelo meu corpo, e eu me apressei em sair, os pés quase tropeçando no chão. "O médico... preciso chamar o médico!", repetia mentalmente, enquanto sentia as lágrimas ainda secando no meu rosto. A emoção de vê-lo abrir os olhos, de ouvir sua voz, ainda me inundava.
— Doutor, ele acordou — falei, e o médico me olhou surpreso.
— Acordou? — Ele pegou seus equipamentos e fomos para a sala onde o Vinicius estava.
— Vinicius? — chamou o médico com voz calma, mas firme, enquanto posicionava o estetoscópio no peito dele. — Preciso que você respire fundo.
Ele, ainda um pouco desorientado, obedeceu lentamente, respirando fundo como mandado. O médico ficou em silêncio por alguns segundos, ouvindo atentamente o som da respiração. Logo depois, tirou o estetoscópio, apalpou o abdômen de Vinicius com cuidado, verificou os reflexos nos olhos com uma pequena lanterna e, por fim, mediu a pressão arterial.
— Bom... — murmurou o médico, com um tom de surpresa.
— Seus sinais vitais estão estáveis. É um progresso melhor do que eu esperava. Agora, preciso saber: você está sentindo alguma dor ou tontura?
Ele apenas balançou a cabeça devagar.
— Só um pouco cansado, nada demais — ele respondeu, a voz rouca.
O médico assentiu, satisfeito.
— Isso é normal. Vamos continuar monitorando de perto, mas... parece que você deu a volta por cima.
Eu, que assistia a tudo com o coração na boca, soltei uma respiração que nem sabia que estava segurando. Olhei para o médico com olhos esperançosos, e ele me ofereceu um pequeno sorriso, como se dissesse que as chances de Vinicius estavam finalmente a nosso favor. Ele se retirou da sala, nos deixando sozinhos.
— Puta que pariu, você queria me matar do coração, né? Tava me desgraçando de chorar, sabe como eu tava morrendo de medo de te perder? Vê se não faz isso comigo de novo, por favor.
— Relaxa, morena. Vem cá — me aconcheguei nos braços dele, sentindo o calor do corpo dele contra o meu.
— E a nossa filha?
— Tá na babá. Eu já ia embora pra buscar ela, mas aí o malagrido resolveu finalmente acordar — sorri.
— Sou mais você mudar pra cá de volta, não vou aguentar ficar muito longe de você, não.
— Mas eu vou vir aqui direto, fica tranquilo.
— Mas eu quero ter você comigo o tempo todo, quero ficar perto da minha filha também, quero fazer tudo diferente, minha preta. Quero ser melhor pra vocês, não quero te perder. Te amo, Ana Clara, quero que tu seja só minha.
— Eu também te amo, Vinicius. Eu quero tentar de novo com você, mas eu só te peço sinceridade, por favor. Não me esconda nada, eu quero que dessa vez dê certo, e vamos fazer com que isso aconteça.
— Pode deixar, morena.
— Tenho que avisar o pessoal. Quer ver que daqui a pouco tá todo mundo aqui? — rimos.
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Demorei mesmo pra postar🐬🩷🦄
Nem sentiram minha falta né sirigaitas, um absurdo isso 💔💔💅
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Quero saber o que vocês estão achando, não me deixem no vácuo, se não, só posto capítulo no ano que vem.
Brincadeirinhaaa (ou talvez não).
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