Ana Clara, uma jovem de apenas 19 anos que enfrentou muitas dificuldades em sua vida e se tornou mãe cedo, se vê envolvida em uma situação inesperada ao se apaixonar pelo novo dono do morro para onde ela se mudou. Essa reviravolta traz consigo desaf...
Tava tranquilão, só observando minha cria brincar, enquanto a mãe dela tinha saído pra resolver uns bagulho. Aquele dia tava até de boa, mas de repente, percebo um movimento estranho na favela. Pensa num clima que mudou rápido, Caralho. Senti até um frio na espinha, alguma coisa tinha aí, na merma hora percebi o que tava rolando peguei Yara no colo e fui direto pra boca que não era muito longe dali, não queria levar minha filha pra lá nem fudendo, mas eu não tive escolha, sabia que ia rolar invasão, essas porra dos alemão chegam de mansinho, desgraçados.
Chamei uns fiéis que tavam ali na base, e a parada tava tensa. Nois não pode bobear não, colega, era invasão nesse caralho, principalmente quando o Morro do Alemão começa a dar sinal de vida. Na moral, já sabia que tava pra rolar treta.
-Caralho, Cadu, deixa minha filha lá com a tua muie, Ana Clara saiu e não tem com quem deixar ela-falei pra Cadu, com a voz meio tensa, porque já sabia que a fita ia complicar. Peguei Yara no colo, tranquilizei ela, porque ela é minha prioridade, e a gente tava no meio do fogo cruzado, Cadu pegou minha filha e levou pra casa dele aproveitei e reuni todo mundo ali, chamei os muleques e só passei a fita.
-Prepara as barricadas, fecha os becos, avisa todo mundo que a parada ficou séria. Hoje o bagulho vai ficar doido- eles saíram pra preparar os armamentos e eu aproveitei e fui recarregar minha arma, os tiroteios já tinham começado e de longe dava pra ouvir a gritaria e o desespero dos moradores, só espero que ninguém vire estampa de camisa.
O barulho de tiros tava ficando mais intenso, a adrenalina batendo mais forte, e eu tava preocupadão com minha filha mesmo ela estando em boas mãos. Era hora de mostrar quem manda nessa porra, quero ver alemão peitar. E não vai ser fácil, mas não é nada que eu já não tenha feito.
O calor tá de matar, não só pelo sol batendo forte, mas pela tensão que paira no ar. As vielas tão lotadas de irmãos de armas, todos prontos pra dar o sangue pelo nosso pedaço de chão.
Os caras do Alemão tão tentando nos encurralar, mas a gente conhece cada beco, cada esquina, cada esconderijo dessa favela como a palma da mão. Eles tão entrando num ninho de cobras, e a gente tá pronto pra dar o bote.
Os manos do Alemão tão avançando, tão tentando invadir nossas casas, nossos barracos, nosso lar. Mas aqui na Rocinha, a gente não abaixa a cabeça pra ninguém. Somos uma família, uma irmandade, unidos pelo mesmo ideal de justiça e respeito.
O tiroteio parece não ter fim, as balas zunindo pelos ares, cortando a quietude da favela. É uma sinfonia de caos e desespero, mas no meio dessa loucura, a gente mantém a cabeça erguida, lutando com todas as forças pra não virar saudade nessa porra.
No meio do tiroteio ensurdecedor, vejo Fael, um dos meus manos mais leais, caído no chão, o sangue se espalhando ao redor dele. Uma onda de desespero me atinge em cheio. Ele tava pálido pra caralho, os olhos semicerrados, lutando contra a dor. Me abaixo ao lado dele, tiro minha camisa pra tentar fazer com que prenda o sangue.
-Caralho, Fael, aguenta mais um pouco, parceiro, não vai deixar nois assim, irmão, não agora.
-Tranquilo, VN, tamo junto...sempre.- ele murmura com a voz fraca.
O ódio ferve dentro de mim, a raiva pulsando nas minhas veias. Quem fez isso com meu irmão vai pagar caro e bem caro. Sei que vivemos em uma monarquia e aqui funciona assim, mas esses alemão já tão muito tiradinhos pro meu gosto, essa guerra tá durando muito tempo, vou acabar com essa parada, fiote, nem que demore.
Sinto sua mão enfraquecendo na minha, seu olhar perdendo o brilho aos poucos. Seu sorriso se desfaz lentamente, como se a vida estivesse escapando dele a cada segundo que passa.
O desespero me consome, a sensação de impotência me sufoca. Fael não merecia partir assim, não merecia ter sua vida arrancada tão brutalmente. Mas a guerra não escolhe quem vai viver ou morrer, ela apenas ceifa vidas, deixa famílias destroçadas, corações dilacerados.
A cabeça tava a mil, ver um parceiro seu morrer não é fácil não, colega, mas é a vida, nois entrou no crime sabendo das consequências, tava putão, eles queriam guerra, era isso que eles iam ter.
A guerra continua, mas agora é pessoal. Cada tiro, cada explosão, cada grito de dor ecoa como um eco do sangue derramado por Fael. Não vamos parar até que os caras do Alemão paguem pelo que fizeram, até que sintam na pele o peso da nossa justiça.
Avançamos pelas vielas, quando eu quero eu consigo nesse caralho, determinados a expulsar os invasores do nosso território sagrado. Os tiros zunem, as granadas explodem, mas nada nos detém. Nois é cv, parceiro, um passo de cada vez. Não recuamos, não hesitamos, não damos trégua. É uma luta pela nossa sobrevivência, pela nossa honra, pela memória de Fael.
E finalmente, após horas de combate intenso, de sangue derramado e lágrimas derramadas, os caras do Alemão começam a recuar.
Vencemos.
Caio de joelhos no chão, exausto, mas vitorioso. Olho para o céu, agradecendo aos meus irmãos que caíram nesta batalha, incluindo Fael, cujo sacrifício não foi em vão. Ele será lembrado como um herói, um mártir da nossa luta.
E assim, com o sol se pondo sobre a Rocinha, celebramos nossa vitória com gritos de triunfo e lágrimas de alívio. A paz pode ter sido temporariamente restaurada, mas sabemos que a guerra nunca está longe. Estamos prontos para defender nosso lar, nossa família, nossa comunidade, custe o que custar. Porque na Rocinha, somos mais do que apenas moradores. Somos uma família.
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E aí, amorecos, me perdoem, não avisei que ia ter gatilho. Gostaram? Comente aí, né? Então, queridos, não sei se sou muito sensível, mas eu chorei, vey. 😭👍 Nervo.
Beijos, beijos até.
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