Pov:Vn
SábadoTava tudo ajeitado pro baile de hoje à noite, a galera do morro tá toda animada, e graças a Deus o morro tá tranquilo. Espero que não aconteça nada de ruim, mas, se acontecer, nós já estamos na atividade.
Saí da boca e fui direto pra casa. Tava numa larica do cão, mas, pra minha infelicidade, eu tinha esquecido de fazer compra. Tô comendo podrão a semana toda, mó preguiça de ir no mercado.
Mas vou me obrigar a ir lá, que saco. Peguei minha moto e fui em direção ao mercadinho. Só fui jogando um monte de besteira no carrinho, não tenho paciência pra fazer isso, tá maluco. Peguei um monte de besteira também, foda-se.
— Vinicius? — estranhei alguém me chamando pelo nome. Quase ninguém faz isso aqui. Me virei pra ver quem era. Era uma mulher, aparentava ter uns 50 anos, ou sei lá.
— Não tá lembrando de mim? — Oxe, quem é essa louca? Lembro não.
— Não — dei uma risada forçada.
— Deixa de ser burro, menino. — Que velha afrontosa.
— É sério, pô, conheço você não.
— Então, eu devo tá enganada. Achei que você era o cafajeste que deixou minha filha grávida e apareceu do nada pra acabar com a vida dela. — Mentira que é ela! O que essa mulher tá fazendo aqui?
— É tu mesma? Puta que pariu. Não, calma, desculpa, dona Jake. O que você tá fazendo aqui?
— Tô morando aqui agora. — Como assim? Não fiquei sabendo de nada.
— Quando que você se mudou pra cá?
— Hoje. Bom, vê se cuida direito da minha neta e não magoa de novo a minha filha, tá ouvindo? Se não, eu mesma acabo com você. — Só o que me faltava. Debochada ela, né? Tô lascado mesmo.
Paguei minhas compras e mandei entregar lá em casa. Não dá pra levar tudo isso na moto. Tava ansioso pra caralho pra hoje à noite, tem que dar tudo certo, aproveitar que o morro tá na tranquilidade há mó cota, e espero que continue assim. Mas, como se diz o ditado, né? Quando a esmola é demais, o santo desconfia.
Voltei pra boca só pra não ficar de marola em casa mesmo. Depois do baile, vou convocar geral pra uma reunião, até porque os cana tão quietos demais pra ser verdade. Alguma coisa esses tilte tão aprontando. Agora, com uns vapor novo, a segurança só aumentou. Quero deixar tudo organizado pra não me dar problema depois.
— E aí, patrão, vou brotar lá no barraco. Andressa tá enchendo a porra do meu saco — Cadu fala.
— Vai lá, antes que ela brote aqui com um fuzil pra fuzilar sua cara. Se bem que essa cena vai ser incrível.
— Coé, Vn, fiz nada pra tu, só em falar da maluca — ele pegou o celular e me mostrou o contato dela ligando.
— Se eu fosse você, eu atendia logo, hein. — Saí dali, o deixando sozinho. Daria tudo pra ver ele apanhando da mulher. Tá folgado demais pro meu gosto.
**Pov: Ana**
Minha mãe se mudou hoje lá pro morro. Falei com ela que ela podia morar comigo, mas a mesma é teimosa pra cacete. Hoje ia ter baile lá, mas eu não tava afim de aparecer, não. Mas é capaz das meninas acabarem com a minha vida, e isso não pode acontecer porque ainda tenho uma filha pra criar. Minha mãe pediu pra ficar com ela, e eu não vou negar, óbvio. Hoje eu iria mais cedo lá pro morro pra me arrumar com as meninas. Vamos todas pra casa da Kaylane e de lá vamos pro baile. Confesso que tô bem ansiosa. Puts, é o MC Kevin, né? Quando era mais nova, jurava que ia me casar com ele. Eu era muito fã, ainda sou, mas não obcecada como antes. Eu era louca por esse homem, o direct dele era meu diário, puta merda, não tô nem acreditando.

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sobre nós
FanfictionAna Clara, uma jovem de apenas 19 anos que enfrentou muitas dificuldades em sua vida e se tornou mãe cedo, se vê envolvida em uma situação inesperada ao se apaixonar pelo novo dono do morro para onde ela se mudou. Essa reviravolta traz consigo desaf...