O Grito

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Akari caminhava pelas ruas movimentadas da Aldeia da Folha, com a mente cheia de pensamentos e o coração acelerado. Desde que Madara Uchiha pedira sua mão em namoro para seu pai, Yoshito, sua vida havia se transformado em uma montanha-russa de emoções. A rotina, antes previsível, agora estava repleta de altos e baixos que ela nunca poderia ter previsto. Todo os dias, ela ia para a casa dos Senjus, onde passava horas pintando Hashirama, Madara e Tobirama. Estar na casa dos Senjus era, de certa forma, uma experiência agradável. Hashirama e Mito sempre a fazia se sentir bem-vinda, e suas conversas leves e descontraídas traziam um pouco de normalidade ao seu dia. Madara, por sua vez, a envolvia em um turbilhão de sentimentos. Seu amor era intenso e apaixonado, mas também possessivo e avassalador. Havia momentos de puro êxtase e outros de agonia. Mas ela repetia a si mesmo que aquilo era normal no primeiro amor.

Depois das sessões de pintura, Akari passava o resto do dia com Madara. Eles passeavam pela aldeia, compartilhavam refeições e conversavam sobre o futuro. Mas havia uma sombra constante em seus pensamentos: Tobirama. Ele estava sempre por perto, mas sua presença era fria e distante. Akari sentia que ele a evitava deliberadamente, e isso a deixava profundamente inquieta. Ele mal a olhava nos olhos, e quando o fazia, seu olhar era frio como o gelo. Ela sabia que seu relacionamento com Madara era a razão disso, pois estava se envolvendo com o pior inimigo dele.

Era um fim de tarde, e Madara e Akari voltavam para casa após um longo dia. A rua em que andavam estava deserta e silenciosa, com apenas o som de seus passos. Akari estava visivelmente cansada, seus olhos pesados e os ombros caídos. Madara, sempre atento a ela, a puxou para mais perto, envolvendo seu braço em torno de sua cintura.

— Fico feliz que Tobirama nem olhe para você. — disse Madara, a voz suave mas cheia de posse, beijando o topo da sua cabeça. — Porque você é só minha.

Akari suspirou, sentindo o cansaço aumentar com a constante necessidade de tranquilizá-lo.

— Isso é bobagem, Madara. — respondeu ela, tentando soar casual. — Você não precisa nem se preocupar com isso.

Madara parou e a virou de frente para ele, seus olhos vermelhos fixos nos dela.

— O que você acha dele? — perguntou ele, com uma intensidade que Akari achava desnecessária. Ela engoliu em seco, previndo que mais uma crise de cíumes e uma briga viria a tona.

Ela hesitou por um momento, escolhendo cuidadosamente suas palavras.

— Ele é uma pessoa normal, com seus defeitos e qualidades. — disse ela, tentando não provocar uma reação negativa.

Madara soltou uma risada amarga, balançando a cabeça.

— Não, Akari. — disse ele, com firmeza. — Tobirama é um desgraçado. 

Akari franziu a testa, sentindo uma onda de irritação crescer dentro dela.

— Você não deveria falar assim das pessoas. — retrucou, tentando manter a calma.

Ele a lançou um olhar mortal, seus olhos brilhando de raiva.

— Diz isso porque ele não matou o seu irmão.

Akari estava acostumada com esses momentos possessivos e de muita raiva. Desde que Madara conseguiu conquistá-la, ele tinha esses episódios de ciúme e controle. Ela sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A menção ao irmão de Madara era um tópico delicado, algo que ela sabia que ele raramente mencionava, especialmente com tanta amargura. Tentando manter a calma, ela respondeu com uma voz firme, mas suave.

— Madara, eu entendo sua dor e sua raiva, mas carregar esse ódio só vai te machucar mais. — disse ela, tocando o braço dele com um gesto tranquilizador.

Arte da Trégua  • tobirama senjuOnde histórias criam vida. Descubra agora