Separação

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Akari respirou fundo diante da porta do quarto no fim do corredor do hospital. Ela podia sentir o coração batendo forte no peito, misturado com uma determinação que crescia a cada passo.  Não tinha mais dúvidas sobre o que precisava fazer. Ao abrir a porta, viu Madara sentado na cama, conversando com uma das enfermeiras. A jovem ria de algo que ele sussurrara, corando levemente enquanto tentava manter o profissionalismo. O olhar de Madara encontrou o de Akari ao entrar, seus olhos mostrando surpresa momentânea seguida por uma expressão calculada.

— Com licença. — sua voz soou firme e decidida, sem espaço para discussão. A enfermeira lançou um olhar curioso entre eles antes de sair do quarto, fechando a porta atrás de si.

Madara a observou em silêncio enquanto ela se aproximava. Seu rosto mostrava uma mistura de emoções: determinação, mágoa e uma ponta de resignação.

— Akari, eu...

— Madara, acabou. — ela cortou, sua voz não deixando margem para mal-entendidos. Mantinha uma distância segura do homem. — Eu não posso continuar com isso. Não podemos continuar com isso.

Madara franziu o cenho, seu semblante se endurecendo.

— O que você está dizendo? — perguntou, como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo.— Vamos nos casar, Akari. Era o que seu pai ia querer que você fizesse...

— Estou dizendo que não quero mais. Não quero mais mentiras, não quero mais medo. — Akari falava com firmeza, cada palavra pesando como uma sentença final.

— Eu te amo.— disse, em uma tentativa de a fazer desistir.

— Você ama somente a si mesmo, e sabe muito bem disso.

— Nós podemos superar isso juntos, podemos...— ele arfou. — Já passamos por situações assim antes.

— Superamos até quinze dias depois, quando você volta a fazer tudo o que tinha feito antes. Ou até antes, se eu fizesse algo que você não gosta. — ela o interrompeu, sua voz agora mais calma, mas inflexível. — Eu decidi. Acabou. O meu pai gostaria que eu fosse feliz. Foi o que ele disse em suas últimas palavras.

Madara pareceu atordoado, como se não pudesse acreditar que estava perdendo o controle sobre ela. Ele olhou para Akari por um momento, seus olhos carregados de uma mistura de raiva e incredulidade.

— Se é isso que você quer, então que vá. — ele finalmente disse, sua voz soando fria e dura. — O que você é sem mim, Akari? Uma órfã agregada e fraca que ninguém se importa. — cuspiu, sem nenhuma piedade. — Você não sabe nada sobre como agradar um homem. Foi chorar para um Senju por ser fraca.

Akari olhou para ele, seus olhos refletindo uma tristeza profunda por aquelas palavras. Era isso que ele pensava todo o tempo; ela sabia.

— Já acabou?

Madara esboçou um sorriso irônico.

— Isso não vai ficar assim, Akari. Você vai se arrepender de ter me deixado. Eu era sua última chance. — ele avançou um passo na direção dela, e ela deu três passos para trás, se chocando contra a porta.— E o Tobirama? Você acha que ele vai proteger você? Você é uma Uchiha, não passa de uma escória para ele! — continuou, a apertando pelo punho. — Posso não matá-lo, mas farei questão de fazer você sentir uma dor três vezes pior do que sentiu ao perder Yoshito. Seja com ele ou contra pessoa. — disse, como se sentisse prazer em proferir aquelas palavras.

— Você é um sem alma. — sua voz saiu firme, carregada de desgosto e desafio, enquanto a moça se desvencilhava do toque com dificuldade.  — Tudo o que você faz é manipular e machucar as pessoas ao seu redor.

Arte da Trégua  • tobirama senjuOnde histórias criam vida. Descubra agora